A hora é dos ursos: dois pilares dos mercados acabam de virar motivos para vender

A mudança de tom do Fed fez o S&P cair 0,8% na quarta-feira - a maior queda em seis semanas

Bloomberg

Publicidade

(Bloomberg) — A visão consolidada de que o próximo passo do Federal Reserva seria de corte de juros e que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China terminaria acaba de ser abalada.

Índices de ações caíram de patamares recordes desde que o presidente do Fed, Jerome Powell, recuou da perspectiva de redução das taxas e o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou elevar as tarifas sobre produtos chineses.

Esses catalisadores provocaram uma sensação de déjà vu: em 2018, os mercados dos Estados Unidos atingiram um pico pouco antes de Trump aplicar tarifas em US$ 200 bilhões de importações chinesas e Powell comentar sobre como as taxas precisariam subir.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Esses novos desenvolvimentos – particularmente no comércio – pegaram os investidores no contrapé, pois eles estavam convencidos de que um acordo comercial com a China era inevitável e cada vez mais confiantes de que o Fed reduziria os juros.

“Manchetes cada vez mais frequentes sugerindo que um acordo estava próximo se refletiram em uma ação de preço positiva a ponto de termos percebido que o mercado estava precificado para a perfeição”, escreve o estrategista-chefe de ações do Morgan Stanley, Michael Wilson. Segundo ele, tal condição significa que “surpresas negativas podem ter um impacto maior sobre os preços do que os fundamentos podem ditar”.

A mudança de tom do Fed fez o S&P cair 0,8% na quarta-feira – a maior queda em seis semanas – enquanto os tuítes de Trump provocaram perdas nesta segunda-feira. Se não fosse pelos outros pilares do mercado – a economia e os lucros – o impacto poderia ter sido pior.

Continua depois da publicidade

Se a guerra comercial continuar a escalar, provavelmente afetará os lucros das empresas dos EUA e, por sua vez, pesaria ainda mais sobre as ações. No entanto, os investidores não estão levando a ameaça de Trump muito a sério, disse Mandy Xu, chefe da estratégia de derivativos de ações do Credit Suisse

Enquanto o Fed está longe de ser um inimigo para os investidores, sua postura não está ficando mais amistosa. Os investidores podem ter subestimado o lado hawkish do banco central no final do ano passado, mas agora estão superestimando sua condição dovish.

Powell jogou água fria na possibilidade de corte das taxas unicamente por causa da inflação lenta, considerando que a recente queda nas pressões de preços deve-se a fatores temporários.

Continua depois da publicidade

“Consistente com a reação negativa dos investidores em outubro de 2018 ao comentário de que a taxa de juros estava longe de ser neutra, o uso da palavra transitória deixou muitos preocupados que, mais uma vez, o Fed estivesse atrás da curva”, disse a diretora de investimentos da Northern Trust Wealth Management, Katie Nixon.

Mesmo após as perdas nos mercados, os futuros de fed funds implicam menores probabilidades de um corte de taxa em 2019 do que antes da recente decisão.

“Discutir até mesmo a possibilidade de um aumento da taxa este ano pode parecer prematuro, mas não podemos mais descartá-lo: um aumento da taxa é um risco”, escreve o economista-chefe do UBS nos EUA, Seth Carpenter. “O Fomc pode ficar mais hawkish antes do previsto.”

Publicidade

O Fed “vai lervar o mercado para yields mais altos, o que, acredito, será acompanhado por mercados acionários mais fracos”, escreve Peter Tchir, chefe de estratégia macro na Academy Securities.