A cilada dos grupamentos: ex-OGX juntará ações e sofre risco de cair forte na Bolsa

Dommo marcou para o dia 30 de abril uma Assembleia Geral Extraordinária para seus acionistas votarem se aceitam a mudança no valor dos papéis

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – Uma das mais clássicas leis do mercado é que quando uma “penny stock” (ação que vale centavos) faz um grupamento, ela se desvaloriza brutalmente no primeiro pregão depois de operar com suas ações agrupadas.

Em comunicado ao mercado nesta quinta-feira (25), a Dommo (DMMO3), ex-OGX, anunciou que propôs aos acionistas um grupamento de razão 10 para 1 que será decidido em Assembleia Geral Extraordinária prevista para o dia 30 de abril às 10h (horário de Brasília). 

Segundo a empresa, o grupamento tem por objetivo “mitigar o risco de volatilidade excessiva da cotação das ações” e adequar seus papéis ao regulamento da B3, que não permite mais a existência de “penny stocks” no mercado. 

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Para entender por que as ações costumam desabar depois de se agruparem, é preciso entender a natureza dessa operação. Em um grupamento de razão 10 (dez papéis se fundem em um), como o que a Dommo pretende realizar, o preço de cada ação se multiplica por 10, mas isso não significa que a companhia se valorizou. O valor de mercado da empresa se mantém o mesmo, só o número de ações em circulação é que se reduz. 

No caso da ex-OGX, suas 2,7 bilhões de ações se tornariam 270 milhões, o preço atual de cada ação, que atualmente é R$ 0,60 passaria a R$ 6,00, e o valor de mercado da empresa se manteria em R$ 1,62 bilhão. 

Por um lado, o grupamento permite que o acionista da Dommo negocie seus papéis, pois a liquidez de uma “penny stock” é muito baixa. Por outro, abre o espaço para que as ações caiam mais. Isso porque quando um papel vale centavos, sua margem de variação é muito baixa. Uma ação que vale dois centavos, por exemplo, ao cair para um centavo, causa uma perda de metade de todo o valor de mercado da empresa.  

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Quando uma ação se valoriza por mérito próprio, significa que os investidores acreditam mais no potencial daquela empresa de entregar lucros. Num grupamento, contudo, o preço sobe apenas porque o número de ações em circulação diminuiu, de modo que quem acredita que aquela empresa tem fundamentos ruins e possui pouco potencial de gerar riqueza ganha uma oportunidade para apostar contra a companhia e vender suas ações. 

Pode ser tanto um acionista que possui o papel atualmente e não consegue vendê-lo pela baixa liquidez quanto um especulador que queira vender a descoberto, alugando a ação de alguém que a possua para vender imediatamente e recomprar quando for confirmada a queda para entregar de volta ao locador. Esse é a principal maneira com a qual os investidores operam vendidos em ações.  

Regulamento

Em 2015, a B3 editou uma norma para acabar com as “penny stocks”. Pela regra, as empresas cujas ações estiverem operando há 30 pregões consecutivos com um valor unitário menor que R$ 1,00 são notificadas pela Bolsa e precisam informar essa “intimação” ao mercado via fato relevante. A partir daí, o prazo para divulgar o que será feito para resolver o problema é de 15 dias. 

Além disso, a partir da notificação, a companhia tem seis meses ou até a assembleia geral ordinária das demonstrações financeiras do ano em que se tornou “penny stock” para se adequar às novas regras. Se não o fizer, suas ações terão a negociação suspensa pela Bolsa e, se 30 dias depois desta suspensão a companhia ainda não conseguir voltar a valores superiores a R$ 1,00 por papel, a B3 determinará a exclusão do papel.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.