Brexit sem acordo será ruim? Não para as ações dos frigoríficos brasileiros

Segundo relatório do Bradesco BBI, as companhias do setor de frigoríficos poderiam ter ganhos de receita neste cenário de Brexit sem acordo

Rodrigo Tolotti

Preço da carne bovina foi destaque de alta no mês

Publicidade

SÃO PAULO – Esta semana o Reino Unido terá um período decisivo de votações sobre o Brexit. E se por um lado as pessoas estão preocupadas caso a primeira-ministra Theresa May não consiga um acordo para a saída da União Europeia, um grupo de ações da bolsa brasileira pode ser beneficiada nesta situação.

Segundo relatório do Bradesco BBI, as companhias do setor de frigoríficos poderiam ter ganhos de receita neste cenário de Brexit sem acordo. Isso porque, se o Reino Unido deixar a UE desta forma, poderá passar a negociar com o bloco europeu sob as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio), pagando uma tarifa média por produtos de origem animal de 15% sobre as importações, em linha com outros países.

“Apesar de vermos muita incerteza em relação ao Brexit e às novas regras comerciais em potencial, acreditamos que as ações do setor poderiam se beneficiar de exportações potencialmente maiores para o Reino Unido em um cenário de um Brexit sem acordo”, explicam os analistas.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Em um cenário em que o Brasil substitui completamente a UE nas importações de proteína do Reino Unido, o que o Bradesco BBI considera improvável, os analistas estimam uma receita anual 4% maior para a BRF (BRFS3), 2% para a Marfrig (MRFG3) e 1% para a JBS (JBSS3). Esta análise não considera a abertura do mercado de frango da BRF, que hoje é fechado pela UE, o que poderia elevar este impacto na receita para 7%.

“Em nossa opinião, um Brexit sem acordo poderia ser uma oportunidade para o Reino Unido encontrar novos parceiros de proteína mais competitivos, como os EUA e o Brasil”, afirma o Bradesco. Hoje, os britânicos importam cerca de 90% de sua proteína fresca da UE, e ter que pagar 15% de taxa em caso de entrar nas regras da OMC tornaria este negócio menos atraente.

Os analistas lembram ainda que a UE tem controles sanitários rígidos e introduziu várias proibições, que podem ser aplicáveis no Reino Unido após o Brexit. “Nesse caso, o Brasil parece estar melhor posicionado para abastecer o Reino Unido, já que a UE baniu vários produtos dos EUA, como o frango lavado com cloro e carne bovina e suína alimentada com hormônio”, explicam.

Continua depois da publicidade

Por outro lado, eles ressaltam que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já disse que o país estaria tentando suspender essa proibição para exportar frango para o Reino Unido depois do Brexit.

Apesar de todo este cenário apontado, é importante destacar que a situação do Brexit segue bastante indefinida e que nesta semana pode ser definido o futuro da saída do Reino Unido da União Europeia. E vale lembrar que esta decisão pode ser a postergação do prazo, o que deixa esta análise para um futuro um pouco mais distante.

Quer investir melhor o seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.