Ibovespa cai 1% com pressão de Vale e Petrobras; dólar sobe de olho na reforma

Destaque ainda para a cautela típica pré-feriado prolongado, já que a bolsa brasileira só reabrirá na quarta-feira, enquanto os mercados internacionais seguirão a todo vapor

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Apesar da tentativa inicial de se deixar “contaminar” pelo otimismo das bolsas globais, o principal índice da bolsa brasileira é pressionado pelas perdas das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3; PETR4).

Os papéis da mineradora chegaram a cair 5% – mas depois amenizaram – após autoridades brasileiras decidirem investigar a mineradora em um processo administrativo em que a Vale pode sofrer multa de até 20% do faturamento bruto de 2018, caso seja considerada culpada.

Neste contexto, às 15h36 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha queda de 1,11%, a 94.520 pontos. No mercado de câmbio e juros os investidores também seguem atentos à articulação política em torno da reforma da Previdência e sobem.

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O contrato de dólar futuro com vencimento em abril tinha alta de 0,75% a R$ 3,786, e o dólar comercial tinha alta de 0,72%, para R$ 3,782, na venda. No mercado de juros, o contrato futuro com vencimento em janeiro de 2021 subia de 7,15% para 7,17%, e o DI para janeiro de 2023 avançava de 8,25% para 8,31%.

Ainda estão no radar as declarações de Jair Bolsonaro, na véspera, que anteciparam a atenuação da proposta da Previdência antes mesmo das discussões no Congresso. “Nem de longe isso é uma novidade, mas deixar isso tão claro pode enfraquecer o governo na hora das negociações”, explicam os analistas da Rico Investimentos, Matheus Soares e Thiago Salomão.

Segundo os analistas, o fato de Bolsonaro ter escancarado essa estratégia pode ter alterado o “patamar de início de discussão” com os parlamentares. Em outras palavras, o governo perde quase todo poder de barganha ao negociar estes pontos citados pelo presidente. 

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Vale destacar ainda a cautela típica pré-feriado prolongado, já que a bolsa brasileira só reabrirá na quarta-feira, enquanto os mercados internacionais seguirão a todo vapor. “O investidor que quiser cair na folia talvez não tome posições muito ousadas nesta sexta- feira e aguarde a Quarta-feira de Cinzas para isso”, explicam os analistas da Rico.

Destaques da bolsa

Os papéis da Vale passaram por um susto na primeira hora do pregão desta sexta-feira. Oscilando entre leves altas e perdas no início do pregão, os ativos passaram a ter forte queda, de até 5,41%, por volta das 10h30 após a fala do secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal de Oliveira. Minutos depois, contudo, os papéis amenizaram as perdas.

Oliveira afirmou que as autoridades brasileiras decidiram investigar a Vale em um processo administrativo no qual a empresa pode sofrer multa de até 20% do faturamento bruto de 2018 caso seja considerada culpada.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET6 ELETROBRAS PNB 37,45 -3,90 +32,94 62,58M
 ELET3 ELETROBRAS ON 35,61 -3,70 +46,97 115,27M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,66 -3,31 +8,32 386,44M
 CCRO3 CCR SA ON 13,79 -3,09 +23,13 55,40M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 10,99 -2,92 +17,16 24,91M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 13,85 +5,89 +56,67 277,49M
 JBSS3 JBS ON 13,90 +3,50 +19,93 66,22M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 49,31 +1,99 +17,35 82,18M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 48,55 +1,87 +27,49 157,76M
 MRFG3 MARFRIG ON 5,59 +1,64 +2,38 16,07M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsas mundiais

As bolsas dos Estados Unidos operam em alta após uma sequência de indicadores econômicos da China acima do esperado. As tarifas do governo de Donald Trump sobre produtos chineses ainda não entraram em vigor – o prazo era hoje -, mas o mercado segue à espera de um acordo formal para colocar fim à guerra tarifária.Bolsas mundiais

O diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse à CNBC que as discussões
tiveram um progresso “formidável“ na semana passada.

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Os principais índices das bolsas asiáticas registraram fortes altas e impulsionam também os mercados europeus. Cabe o destaque para a decisão do provedor de índices MSCI de mais do que quadruplicar a contribuição de ações de empresas da China em seu influente índice de mercados emergentes em três etapas este ano, tornando papéis negociados nas Bolsas de Xangai e Shenzhen muito mais relevantes para investidores globais.

Já os últimos dados da IHS Markit e Caixin Media mostram tentativa de recuperação no setor manufatureiro da China. O chamado índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial chinês subiu de 48,3 em janeiro para 49,9 em fevereiro, superando projeção de analistas de alta para 49. De qualquer forma, a leitura abaixo de 50 marcou o terceiro mês de contração na manufatura.

“Esperamos uma aceleração do crescimento Chinês ao longo dos próximos meses”, afirma o time da XP Research em relatório enviado a clientes. 

No mercado de commodities, os preços do petróleo buscam a quarta alta consecutiva diante da Arábia Saudita desafiando a pressão de Donald Trump, que pediu por preços mais baixos. O minério de ferro salta 3,7% no mercado futuro de Dalian, na China.

Reforma da Previdência 

A líder do governo no Congresso, deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), disse ontem (28) que, a cada alteração feita por parlamentares na proposta de reforma da Previdência, o País “corre o risco de perder na economia”. Na avaliação da deputada, apesar de “o melhor texto” ser “este que foi apresentado pela equipe econômica”, o governo está disposto a dialogar com os parlamentares das duas Casas.

“Cabe agora a nós, liderança no Congresso, na Câmara, e à nossa base, fazer um trabalho de convencimento para que nossos parlamentares entendam que qualquer mexida extra é prejudicial no texto da Previdência. Ponto”, afirmou. Por outro lado, Joice ponderou que o presidente Jair Bolsonaro é “muito sensível” e entende que o Congresso tem autonomia para mexer na proposta. 

De acordo com a deputada, a articulação política e a negociação com parlamentares da base da oposição serão feitas por ela, pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e pela liderança do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Falando em articulação política, o Palácio do Planalto decidiu abrir o cofre para obter apoio suficiente para aprovar a reforma da Previdência. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a estratégia do governo foi feita sob medida para agradar a deputados e senadores de primeiro mandato com repasses individuais que podem ficar perto de R$ 5 milhões.

O valor ainda não está fechado, mas a Casa Civil negocia a concessão de uma espécie de bônus para os novatos, já que eles só terão direito às emendas parlamentares a partir de 2020.

Agenda econômica 

Os Estados Unidos divulgam o PMI Industrial ISM de fevereiro (11h45), os dados dos gastos e despesas pessoais de dezembro (10h30), índices de preços PCE de janeiro e o PMI Industrial Markit (11h45) de fevereiro.

No Brasil, destaque para os dados da balança comercial de fevereiro, às 15h. A estimativa mediana da Bloomberg aponta para resultado positivo em US$ 3 bilhões. Por volta de 11h30, a Fenabrave (Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores) divulga os números de vendas de veículos no país. 

Clique aqui e confira a agenda completa de indicadores e resultados.

Noticiário político

Após onda de ataques nas redes sociais e de pressão do próprio presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, revogou a nomeação da especialista em segurança pública Ilona Szabó de Carvalho como membro suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. 

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O episódio causou desconforto a Moro, nomeado ministro com o compromisso de carta branca do presidente, informa o jornal Folha de S. Paulo. Nas redes sociais, militantes passaram a atacar Moro ao apontar que as posições de Szabó são divergentes em relação ao governo em temas como armamento e política de drogas. Também criticaram o fato de que ela se posicionou contra a candidatura de Bolsonaro durante as eleições.