Ibovespa acelera perdas com Petrobras, Vale e Ambev; tensão geopolítica segue no radar

Bolsas internacionais são pressionadas pelo término abrupto da rodada de reuniões entre Trump e Kim Jong-Un sem que um acordo fosse fechado

Weruska Goeking

Bolsa em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O pessimismo toma conta do mercado doméstico, que é especialmente pressionado pelo desempenho das ações da Petrobras (PETR3; PETR4) e da Ambev (ABEV3) após as companhias divulgarem seus resultados. Os papéis da Vale (VALE3) também operam em queda. As bolsas internacionais são pressionadas pelo término abrupto da rodada de reuniões entre Donald Trump e Kim Jong-Un, presidente da Coreia do Norte, sem que um acordo fosse fechado. .

Neste contexto, às 12h22 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha queda de 1,56%, a 95.786 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em março tinha alta de 0,23%, a R$ 3,738, e dólar comercial tinha alta de 0,40%, para R$ 3,745. 

No mercado de juros, o contrato futuro com vencimento em janeiro de 2021 subia de 7,07% para 7,17%, e o DI para janeiro de 2023 avançava de 8,19% para 8,27%.

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O desempenho fraco da economia brasileira também desanima os investidores. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,1% no ano passado, praticamente em linha com a estimativa mediana do mercado, que era de 1,2%, segundo a Bloomberg. O problema é que houve revisão para baixo dos números do crescimento brasileiro dos trimestres anteriores. O desempenho do terceiro trimestre passou de alta de 0,8% para 0,5% e o segundo trimestre também enfraqueceu, passando de avanço de 0,02% para estagnação.

Para Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, a revisão dos números mostra que a economia anda em “câmera lenta” e o prognóstico não é animador. Tanto que o economista cortou sua projeção para o PIB de 2019 de 2,2% para 2%. O Bradesco BBI também revisou sua estimativa e espera um crescimento ainda menor, de 1,7%. 

Lá fora, o PIB dos Estados Unidos cresceu 2,6% no quarto trimestre do ano passado, resultado ligeiramente acima da expectativa de alta de 2,2% na base trimestral, de acordo com estimativa mediana feita pela Bloomberg. No ano, o crescimento foi de 2,9%, na maior expansão desde 2015. O crescimento vem em meio a incertezas sobre o ritmo de expansão das economias globais. 

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No âmbito corporativo, a Petrobras teve lucro líquido de R$ 25,78 bilhões, conseguindo assim seu primeiro resultado positivo anual desde 2013. Além disso, a petrolífera registrou um Ebitda recorde de R$ 114,9 bilhões em 2018, mas o resultado do quarto trimestre ficou abaixo das expectativas. 

A Ambev teve lucro líquido de R$ 3,36 bilhões entre outubro e dezembro e as vendas líquidas somaram R$ 16,02 bilhões, acima da maior estimativa compilada pela Bloomberg, de R$ 15,55 bilhões. O Ebitda ajustado ficou em R$ 7,48 bilhões, com margem de 46,7%.

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No cenário político, Brasília já está esvaziada de parlamentares que seguiram para suas cidades antes do feriado prolongado de Carnaval, mas a articulação política para obter a aprovação da reforma da Previdência no Congresso segue no radar dos investidores. Os parlamentares cobram as regras para a reforma dos militares e apoiadores da candidatura de Bolsonaro se mostram menos afeitos às novas regras de aposentadoria apresentadas e presidente pode perder sua maior fonte de apoio: a internet. 

Enquanto isso, Bolsonaro recebe Juan Guaidó, presidente autoproclamado da Venezuela, sem as pompas de uma autoridade, mas em um claro recado ao mundo de que está do lado contrário ao de Nicolás Maduro. 

Bolsas mundiais

As bolsas dos Estados Unidos apontam para uma abertura em queda após a rodada de reuniões entre o presidente Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-Un, no Vietnã, terminar antes do previsto e sem um acordo. Foi o segundo encontro histórico de Trump e Jong-un, ocorrerá em duas etapas. 

Uma declaração divulgada pela Casa Branca diz que “os dois líderes discutiram diversos meios para avançar a desnuclearização e conceitos econômicos. Nenhum acordo foi fechado desta vez, mas suas respectivas equipes esperam se encontrar no futuro.”

Em entrevista coletiva, Trump declarou que os norte-coreanos “queriam que as sanções fossem suspensas por completo, mas nós não poderíamos fazer isso. Portanto, precisávamos nos retirar” . “Mesmo sem acordo, Kim prometeu que não vai reiniciar os testes nucleares e de mísseis”, acrescentou o presidente dos Estados Unidos. Kim não falou com jornalistas. 

Os líderes vinham tentando uma reconciliação antes da desnuclearização da Península Coreana.

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A interrupção da rodada de encontros sem acordo impactada negativamente as bolsas europeias, que operam em queda. Os principais índices das bolsas asiáticas também fecharam no negativo.

No mercado de commodities, os preços do petróleo recuam após o recorde de produção nos Estados Unidos e o enfraquecimento das indústrias na China. O minério de ferro sobe quase 2% no mercado futuro de Dalian, na China.

Reforma da Previdência 

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, avaliou ontem (27) como “cláusula pétrea” e questão “inegociável” a obtenção de uma economia de no mínimo R$ 1 trilhão no período de 10 anos a partir da aprovação da proposta da reforma da Previdência. Segundo ele, não há condições de negociar este ponto com o Congresso Nacional. Cláusula pétrea é um dispositivo da Constituição que não pode ser alterado.

“Com isso, espaço para flexibilização sobre a proposta enviada seria de apenas R$ 150 bilhões – o que diverge muito do que é esperado por deputados e senadores durante a tramitação”, apontam os analistas da Rico Investimentos, Thiago Salomão e Matheus Soares. 

O caminho no Congresso, no entanto, segue tortuoso. A colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, conta que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tem feito pressão para que o governo alimente seus seguidores na internet com argumentos favoráveis às mudanças na reforma da Previdência. Ele defende que a mesma máquina de propaganda usada na eleição de Bolsonaro seja acionada agora. Veja mais sobre a batalha da comunicação para a Previdência clicando aqui. 

Mas a estratégia não é tão simples quanto parece. A equipe de Guedes já recebeu sinais, no entanto, de que grupos majoritariamente bolsonaristas, como policiais civis, militares, federais e rodoviários, resistem à reforma.

Há ainda a reforma dos militares no caminho. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo aponta que o aumento de salários para os militares das Forças Armadas e das gratificações para quem tem especializações são o ponto que trava o envio ao Congresso do projeto de lei que modifica as regras de aposentadoria da categoria. Deputados, por sua vez, condicionam a tramitação da reforma da Previdência ao envio do projeto dos militares.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que “tudo é negociável” nas discussões sobre o novo regime previdenciário das Forças Armadas. Ele, destacou, porém, a importância da integralidade e da paridade, afirmando que a categoria, além de ser mal remunerada se comparada a outras carreiras de Estado, também sofre com o “trauma” de uma medida provisória de 2001 (MP 2215/2001) que eliminou benefícios sem uma regra de transição.

Noticiário político

O presidente Jair Bolsonaro receberá Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, hoje, às 14h (de Brasília), no Palácio do Planalto. O encontro foi confirmado pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros. Apesar de o Brasil reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela, o encontro não será tratado como uma visita de Estado.

Enquanto o governo volta a se posicionar contra Nicolás Maduro, reportagem da Folha de S. Paulo destaca que o primeiro mês da nova legislatura do Congresso termina hoje sem que a gestão de Bolsonaro tenha conseguido formar base aliada e com um isolamento progressivo de seu partido.

Agora, Bolsonaro busca contornar a irritação de líderes do Legislativo com o Planalto para diminuir a incerteza em relação à reforma da Previdência, principal pauta econômica do início do governo, e ao pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, outra bandeira do mandato.

O presidente tenta conter uma articulação do Centrão, que passou recados ao governo de que poderia procrastinar a reforma da Previdência, destaca o jornal. Bolsonaro se comprometeu a tornar reuniões com líderes rotineiras, ainda que não tenha fixado periodicidade. 

(Com Agência Estado e Agência Brasil)

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