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SÃO PAULO – O Ibovespa mostra pessimismo em meio às incertezas geradas pela maior crise do governo de Jair Bolsonaro e seu ministro Gustavo Bebianno. O dia ainda tem feriado nos Estados Unidos, o que reduz o volume de negócios por aqui.
Às 14h53 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 1,25%, a 96.306 pontos, após ter chegado na mínima de 96.238 pontos. O exercício de opções sobre ações movimentou R$ 7,68 bilhões no segmento Bovespa, sendo R$ 6,5 bilhões em opções de compra e R$ 1,2 bilhão em opções de venda.
O contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2019 tinha alta de 0,93%, cotado a R$ 3,738, e o dólar comercial avançava 0,95%, para R$ 3,737. No mercado de juros os ruídos políticos aumentam o prêmio por risco e os contratos futuros com vencimento em janeiro de 2021 subiam de 6,96% para 7,02%, e os contratos para janeiro de 2023 avançavam de 8,03% para 8,14%.
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Os atritos com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que ainda não teve sua exoneração confirmada, pesa sobre o humor dos investidores. No seu lugar, deve assumir general Floriano Peixoto, atual número dois da pasta.
“A fritura e a busca por sua vaga têm novamente os militares como protagonistas, na tentativa de isolar Onyx Lorenzoni, conhecido pelo seu ‘trato’ com as pessoas”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, em relatório enviado a clientes.
Os negócios neste início de semana são influenciados também pela expectativa da assinatura da proposta da reforma da Previdência e envio ao Congresso na quarta-feira (20), mesmo dia em que Bolsonaro fará uma coletiva para dar mais detalhes da proposta, que é mais dura que o anteriormente proposta por Michel Temer – o que agradou o mercado financeiro.
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Apesar de esse ainda ser ainda o primeiro passo, deve crescer o debate sobre a viabilidade da proposta e o apoio que o governo conseguirá, trazendo muita agitação para o mercado.
“À primeira vista, vemos a notícia como mais um dos ‘ruídos de curto prazo’ que devem agitar os mercados, por isso mantemos nosso viés bullish (otimista) para o longo prazo. No entanto, acompanharemos bem de perto estes desdobramentos para, se necessário, mudarmos rapidamente de opinião e de posição”, afirmam os analistas Matheus Soares e Thiago Salomão, da Rico Investimentos, em relatório enviado a clientes.
A saída do ministro, por si só, já demonstraria certa fragilidade no governo Bolsonaro, ressaltam os analistas da Rico, porque o presidente tinha em Bebianno um dos principais articuladores dentro do Congresso. Assim, os analistas monitoram se a crise desencadeada por Bebianno terá efeito positivo, negativo ou neutro no andamento da Reforma da Previdência.
Bebianno deu a entender, em entrevistas durante o fim de semana, que, se cair, levará mais gente com ele, o que pode aumentar a tensão política em Brasília.
Destaques da bolsa
As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
ELET6 | ELETROBRAS PNB | 38,30 | -2,92 | +35,96 | 22,55M |
BRDT3 | PETROBRAS BRON | 25,47 | -2,90 | -0,89 | 39,69M |
GOLL4 | GOL PN N2 | 28,18 | -2,53 | +12,27 | 20,32M |
SMLS3 | SMILES ON | 47,77 | -2,51 | +9,51 | 5,48M |
QUAL3 | QUALICORP ON | 15,24 | -2,43 | +18,23 | 12,94M |
As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
SUZB3 | SUZANO PAPELON | 46,09 | +0,90 | +21,03 | 32,23M |
ENBR3 | ENERGIAS BR ON | 19,14 | +0,84 | +36,46 | 7,61M |
WEGE3 | WEG ON | 18,95 | +0,26 | +8,04 | 11,86M |
CSNA3 | SID NACIONALON | 10,16 | +0,20 | +14,93 | 15,50M |
VVAR3 | VIAVAREJO ON | 5,29 | +0,19 | +20,50 | 13,47M |
* – Lote de mil ações 1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) |
Bolsas mundiais
As bolsas europeias operam em leve queda, em meio a novas complicações para o Brexit e à espera de avanços nas negociações comerciais de Estados Unidos e China.
Os índices estão pressionados por relatos de que um grupo de parlamentares do Partido Trabalhista britânico, de oposição, pretende renunciar em protesto à forma como o líder da legenda, Jeremy Corbyn, vem lidando com a questão do Brexit. O grupo, possivelmente formado por cinco legisladores, deverá fazer o anúncio ainda hoje, após semanas de pressão para que Corbyn mude de estratégia e inicie uma campanha para a realização de um segundo plebiscito sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia.
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Corbyn diz que só manterá a opção de um segundo plebiscito “na mesa” se o governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, não conseguir garantir com Bruxelas um acordo de Brexit que possa ser aprovado no Parlamento. O prazo final para que o Brexit ocorra é 29 de março.
As bolsas asiáticas encerraram em alta de olho nas reuniões entre representantes do governo chinês e norte-americano com o intuito de colocar fim à guerra tarifária entre os países.
No mercado de commodities, os preços do petróleo sobem pelo quarto dia consecutivo.
Crise no governo
O mercado aguarda a confirmação da exoneração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Sua demissão não consta na publicação regular do Diário Oficial da União, mas a oficialização ainda pode acontecer por meio de uma edição extraordinária do documento ou ainda por comunicado do governo.
Bebianno era presidente do PSL durante a campanha de 2018 e o partido vem sendo questionado pelo uso de R$ 400 mil do fundo partidário em benefício de uma candidata pouco expressiva em Pernambuco. A interferência do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, teve efeito incandescente sobre a crise gerada pelas denúncias ao chamar Bebianno de mentiroso e negar que o ministro tivesse falado sobre o caso com Bolsonaro, que endossou a declaração de Carlos.
Enquanto isso, a cúpula do governo trabalha para tentar reverter a agenda negativa e encerrar a crise o quanto antes. A aposta será principalmente no envio do pacote anticorrupção e na reforma da Previdência ao Congresso , prometidos para os dias 19 e 20, respectivamente. “O assunto terminou. A crise acabou. Ninguém mais vai falar sobre isso”, disse uma fonte palaciana ao jornal Valor Econômico.
O vazamento da informação, ainda na sexta-feira (15), de que Bebianno seria demitido hoje serviu para engrossar o caldo da crise. Durante o fim de semana, Bebianno demonstrou estar magoado com Bolsonaro. “É um direito que ele tem exonerar quem ele quiser, é um governo dele”, afirmou ontem, acrescentando que não deve dar declarações logo após a confirmação de sua saída. “Agora é hora de esfriar a cabeça”, disse.
Embora a saída de Bebianno não tenha sido confirmada, a fila parece já ter andado. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro convidou o general da reserva Floriano Peixoto a assumir interinamente o Ministério da Secretaria-Geral.
Reforma da Previdência
A proposta de reforma da Previdência deve ser enviada ao Congresso na quarta–feira (20). Logo depois de assinar o texto, o presidente Jair Bolsonaro fará um pronunciamento. Ele explicará a necessidade de mudar as regras de aposentadoria e de que forma a proposta será discutida no Congresso.
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Somente na quarta-feira serão revelados detalhes como a proposta para aposentadorias especiais de professores, policiais, bombeiros, trabalhadores rurais e profissionais que trabalham em ambientes insalubres. Também serão informadas as propostas para regras como o acúmulo de pensões e de aposentadorias e possíveis mudanças nas renúncias fiscais para entidades filantrópicas.
Falta saber ainda como ficarão o fator previdenciário – usado para calcular o valor dos benefícios dos trabalhadores do setor privado com base na expectativa de vida – e o sistema de pontuação 86/96, soma dos anos de contribuição e idade, atualmente usado para definir o momento da aposentadoria para os trabalhadores do setor privado. Em relação aos servidores públicos, ainda não se sabe qual será a proposta para a regra de transição.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), confirmou ao Broadcast Político que o senador Tasso Jereissati (PSDB) deve ser o escolhido para comandar uma subcomissão do Senado dedicada a acompanhar os debates sobre a reforma na Câmara dos Deputados. A ideia é que o Senado forme um grupo de sete parlamentares, que funcionaria como um colegiado atrelado à Comissão de Constituição e Justiça da Casa, para fazer “sugestões” aos deputados durante a primeira etapa de tramitação do projeto no Congresso.
Na avaliação de Alcolumbre, esta subcomissão vai “queimar etapas” para que o texto chegue mais “arredondado” no Senado e, assim, seja apreciado com mais celeridade.
Também na quarta-feira (20), governadores de todos os estados voltam a se reunir, pela terceira vez, em Brasília, para discutir a agenda econômica do país. Os chefes dos executivos estaduais esperam conversar diretamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O Planalto não confirmou a presença do presidente Jair Bolsonaro.