Só a reforma da Previdência importa para a bolsa; o resto é desculpa, diz Mendonça de Barros

A economia brasileira está num "ponto favorável" do ciclo, com as contas externas arrumadas, os juros baixos e a inflação sob controle, afirmou o ex-ministro. Só não houve crescimento consistente ainda por conta das eleições e do problema da Previdência

Giuliana Napolitano

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Uma série de fatores pode influenciar o desempenho da bolsa brasileira: os desdobramentos da disputa comercial entre China e Estados Unidos, a evolução da economia desses dois países, o preço das commodities, a situação da Vale, os juros domésticos, as perspectivas para o PIB brasileiro.

Mas, atualmente, nenhum é tão importante quanto o andamento da reforma da Previdência, na opinião de Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro, ex-presidente do BNDES e hoje presidente do conselho da empresa chinesa de caminhões Foton no Brasil.

“É claro que Estados Unidos e China são importantes, mas a relevância da Previdência é muito maior hoje. É um problema gravíssimo que, por outro lado, se for resolvido, colocará o Brasil em outro patamar. Pode garantir de três a quatro anos de crescimento econômico, algo que outros países emergentes não têm no horizonte”, diz ele.

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Sem a reforma, a bolsa já subiu bastante, na opinião de Mendonça de Barros. E os investidores precisam de motivos para justificar compras e vendas, então citam o cenário externo e outros fatores. “Mas são desculpas, porque o que importa é a reforma”, afirmou.

Ele relembrou que a economia brasileira está num “ponto favorável” do ciclo, com as contas externas arrumadas, os juros baixos e a inflação sob controle. “Só não houve crescimento consistente ainda por conta das eleições e do problema da Previdência.”

1 trilhão na cabeça

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Quando a minuta de uma possível reforma da Previdência que seria apresentada pelo governo se tornou pública, na última segunda-feira (4), os investidores passaram a trabalhar com um número ideal, diz Mendonça de Barros: o de que a reforma poderia gerar uma economia de cerca de R$ 1 trilhão em dez anos. “Esse número se tornou a referência do mercado.”

Essa seria, segundo Mendonça de Barros, a reforma nota 10. Mas, para ele, a economia será menor, de cerca de R$ 700 bilhões, porque é esperado que haja concessões na negociação para aprovar o texto. Ou seja, ganharia uma nota 7. “Nota 7 parece bom, mas é preciso esperar para ver como os investidores vão reagir”, diz. “Os estrangeiros estão esperando essa definição para decidir se colocam dinheiro aqui.”

Até que haja alguma definição, o que deve levar meses, a bolsa deve continuar oscilando. “A questão é quando, e como, o mercado vai estabilizar. Acho que isso acontecerá quando analistas respeitados afirmarem que o total de economia que poderia vir com a reforma será suficiente para resolver o problema.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.