Hora da pausa: Morgan Stanley revê cenário e está mais cético com mercados emergentes

Após um desempenho expressivo nos últimos três meses, a palavra de ordem agora é cautela, com os investidores passando a olhar mais para os riscos a partir de agora 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – É hora de uma pausa. Com essas palavras, os estrategistas do Morgan Stanley apontaram que não há mais um cenário de tantos ganhos para os mercados emergentes após um rali de 8% dos índices nos últimos três meses e de 5,2% no acumulado do ano. Com relação ao crédito soberano, os retornos são de 5% em três meses e de 4,4% no acumulado do ano.

Assim, ao avaliar que o retorno tem sido muito forte, os estrategistas do banco avaliam que é prudente reduzir um pouco a exposição ao risco. 

O Morgan Stanley ressalta a realização de alguns catalisadores que ajudaram a suportar o desempenho dos mercados emergentes: um Federal Reserve mais “dovish” (ou seja, sinalizando que não seria com a sua política de alta na taxa de juros), além de estímulos na China e os progressos nas negociações comerciais. 

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Baseando-se em conversas com agentes de mercado, o que se vê é que a maioria deles está esperando uma solução para as  questões comerciais entre EUA e China e os efeitos dos estímulos chineses para ajudar a estabilizar a economia. De um modo geral, a visão para os emergentes é positiva após a reunião de política monetária do Federal Reserve tanto no “sell side (profissionais que “vendem” relatórios sobre mercado e empresas) quanto no “buy side” (nome dado àqueles que colocam o dinheiro no mercado, como os gestores de fundos), o que levou a uma entrada significativa de capital no mercado. 

Contudo, há riscos no radar e, para o Morgan, os investidores passarão a se atentar mais para eles a partir de agora. No caso do Brasil, as expectativas são altas sobre Reforma da Previdência. Contudo, os economistas do banco acreditam que a tramitação do projeto terá vários percalços e que, com o Congresso agora voltando aos trabalhos, o foco será sobre as negociações e implementação.

Vale destacar que, na véspera, o Ibovespa registrou queda de 3,74%, na maior baixa desde maio de 2018, em meio aos temores de que uma nova proposta de reforma da previdência a ser entregue por Jair Bolsonaro (sem aproveitar a que estava em tramitação durante o governo Michel Temer), levasse a uma demora na aprovação da mesma. 

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Com relação a outros países, na África do Sul, país cujo mercado registra o melhor desempenho no acumulado do ano entre os emergentes, há importantes eventos de risco à frente, incluindo o Orçamento, uma revisão da agência de classificação de risco Moody’s e eleições nacionais em maio com o governo sob pressão em meio a crescentes alegações de corrupção. Já na Ucrânia, as eleições estão se aproximando e há riscos para o programa do FMI (Fundo Monetário Internacional) acordado com o país.

Assim, considerando as maiores posições, os estrategistas duvidam que os emergentes mostrem a mesma resiliência a qualquer correção nos ativos de risco dos países desenvolvidos como a testemunhada em dezembro. Desta forma, uma correção do S&P500 poderia fazer com que os emergentes sofram. 

“Se isso aumentar as expectativas de uma retórica mais branda do Fed ou de policy markers em outros lugares, nós nos inclinaríamos para comprar caso ocorresse um mergulho. No entanto, recomendamos reduzir o risco por enquanto”, avaliam. 

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Os estrategistas ainda ressaltam que há duas questões que podem ser positivas para os emergentes. Em primeiro lugar, apesar da exposição em emergentes ter claramente aumentado, ainda há um caminho para percorrer de forma a zerar as saídas do ano anterior. Sobre isso, eles apontam que as entradas contínuas poderiam apoiar o mercado mas, “como os fluxos tendem a seguir os retornos, a falta de catalisadores para ganhos contínuos a curto prazo retardarão os fluxos nas próximas semanas”.

O segundo ponto que poderia ser positivo é o efeito das medidas de estímulo do governo da China. No entanto, o estímulo dado pelas autoridades ajudou na recuperação dos emergentes e esse fator já pode estar embutido nos preços. Assim, pelo menos até o momento, o cenário é de cautela para os emergentes.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.