Vale cai quase 5% com reveses seguidos em operações; bancos desabam até 6% e só Suzano avança no Ibovespa

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (6)

Lara Rizério

(divulgação)

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SÃO PAULO – A sessão desta quarta-feira (6) foi de forte queda no mercado brasileiro, com o Ibovespa tendo baixa de 3,74% no pior pregão desde 28 de maio de 2018, quando caiu 4,49%. Isso ocorre em meio a uma combinação de frustração com a possível demora na tramitação da reforma da previdência com as notícias de que o governo apresentará uma nova PEC (Proposta de Emenda Constitucional) e de um noticiário corporativo com tom negativo, principalmente com a Vale, que perdeu a licença de mais uma de suas barragens.

O movimento de realização de lucros após expressivas altas também guiaram os papéis nesse pregão. Em meio a esse cenário, praticamente todas as ações do Ibovespa registraram queda: a exceção é a Suzano (SUZB3), empresa exportadora que se beneficia da alta do dólar, que avançou 1,04%. Contudo, a alta dos ativos SUZB3 foi discreta, de cerca de 1%. Enquanto isso, blue chips como a Petrobras (PETR3;PETR4) e bancos como o Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) caíram forte, com os papéis do banco estatal caindo mais de 6%. 

Papéis como os da Cielo (CIEL3)  e da Via Varejo (VVAR3), que subiram muito no começo do ano em meio à euforia da bolsa, fecharam em forte queda, uma vez que as companhias ainda enfrentam grandes desafios operacionais. Confira os destaques da B3 nesta sessão:

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Vale (VALE3) e Bradespar (BRAP4)

A Vale e a sua holding Bradespar registraram fortes perdas com a notícia de que  perdeu a autorização para operar a Barragem Laranjeiras, crucial para a produção da mina de Brucutu. A licença foi cancelada na véspera pela Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais). 

Com isso, os papéis tiveram as negociações suspensas na última hora do pregão pela iminência de fato relevante sobre o assunto. A companhia divulgou em seguida o fato relevante, confirmando a decisão da Semad e dizendo que tomará as medidas judiciais cabíveis. A mineradora também informou que a Semad suspendeu a licença da mina de Jangada. Com isso, o minério de ferro subiu para perto dos US$ 90 a tonelada com a declaração da Vale, o que eleva preocupações com a falta global do produto

Além disso, também nesta tarde, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) negou recurso no qual a mineradora pedia a retomada das operações da mina e da usina do empreendimento Onça Puma, no sul do Pará, e a suspensão dos depósitos mensais às comunidades indígenas xikrin e kayapó. A paralisação das atividades em Onça Puma foi determinada em novembro do ano passado por supostos danos ambientais e à saúde no sul paraense.

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Mais cedo, a companhia anunciou força maior  – instrumento invocado quando uma das partes não consegue cumprir um acordo por um evento imprevisto – em uma série de contratos de venda de minério de ferro e de pelotas correlatos, após a suspensão de produção na mina de Brucutu – que é a segunda maior mina da empresa -, anunciada na segunda-feira (4).

A Vale reiterou que não existe fundamento técnico ou avaliação de risco que justifique a decisão de suspender a operação e está adotando as medidas judiciais cabíveis para retomar suas operações o mais rápido possível.

Na segunda-feira, a mineradora informou que o impacto estimado da paralisação temporária da barragem de Laranjeiras na mina de Brucutu (complexo de Minas Centrais) é de aproximadamente 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

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A empresa ainda comunicou que tem planos de aumentar a parcela de produção a seco para 70% em 2023, com a redução gradativa da utilização de barragens nas operações. Paralelamente ao aumento da produção a seco, a Vale informou que planeja investir aproximadamente R$ 1,5 bilhão (cerca de US$ 390 milhões) na implementação de tecnologia de disposição de rejeito a seco (dry stacking).

Já o jornal O Globo informa que, após a tragédia em Brumadinho, o governo deve adiar a renovação antecipada do contrato de duas ferrovias administradas pela Vale. A intenção da equipe econômica é não “contaminar” o processo de renovação das concessões, que só vencem em 2027, com o desastre. A Vale opera hoje as ferrovias Estrada de Ferro Carajás e Estrada de Ferro Vitória-Minas, cujos contratos se encerram daqui oito anos. 

CSN (CSNA3)

 A CSN informou que o encerramento das operações da barragem Casa de Pedra, em Congonhas, no Estado de Minas Gerais, faz parte de medidas já adotadas pela sua controlada, a CSN Mineração, em andamento desde 2016, e que visam o processamento a seco do rejeito gerado no processo produtivo de sua mina de Casa de Pedra.

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“Atualmente, o tratamento de rejeitos a seco já cobre 40% do volume de seus rejeitos e, até o fim de 2019, a CSN Mineração estará processando 100% dos rejeitos a seco, descartando a utilização de barragens para disposição de rejeitos”, afirma a empresa.

Petrobras (PETR3;PETR4)

 A Petrobras registrou perdas em meio ao cenário de maior aversão ao risco doméstico, o que ofusca o dia de leve alta para os preços do petróleo em meio aos sinais de maior aperto na oferta. 

A companhia ainda comunicou ter firmado acordo “único e inédito” no Brasil com o Ministério Público Federal, em decorrência do acordo celebrado com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) e com o Departamento de Justiça nos EUA (DoJ, na sigla em inglês), no valor de US$ 682,6 milhões, que corresponde a 80% do valor da resolução celebrada com o DoJ e a SEC.

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De acordo com a Petrobras, 50% dos recursos serão revertidos a um fundo patrimonial a ser administrado por uma fundação independente (que será constituída e gerida pelo MPF), para o investimento social em projetos, iniciativas e desenvolvimento institucional de entidades idôneas, educativas ou não, que atuem na promoção da cidadania, ética pública, combate à corrupção, dentre outros temas socialmente relevantes.

Os outros 50% serão utilizados pela Petrobras para atender eventuais condenações da companhia em demandas de investidores ou para pagamento de possíveis acordos. O prazo é de três anos, contados a partir de sua homologação.

Sanepar (SAPR11)

A estatal paranaense de saneamento Sanepar teve um lucro líquido de R$ 320 milhões no quarto trimestre de 2018, 107,5% frente ao mesmo período de 2017, enquanto a receita subiu 7,1%, para R$ 1,1 bilhão, em relação aos três últimos meses de 2017.  O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve alta de 23,9% no último trimestre do ano, para R$ 475,7 milhões. 

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O lucro líquido da Sanepar subiu 30,1% em 2018, atingindo R$ 892,5 milhões. A receita foi de R$ 4,16 bilhões, com alta de 7,6%.

O ano acabou com a Sanepar totalizando 3,14 milhões de ligações de água, alta de 1,6%, enquanto as ligações de esgoto subiram 4,9%, para 2,14 milhões.

“A Sanepar reportou resultado acima do que esperávamos, com receita crescendo 7,1% na base anual, dado o melhor mix de vendas e reversão de provisões. O resultado financeiro também veio melhor do que o esperado dada menor variação cambial. A gestão ainda propôs dividendos adicionais que devem ser votados na próxima reunião. Mantemos nossa visão de que o principal catalisador para o papel é o pass-through da revisão tarifaria e que a recente mudança do management por conta das eleições pode ajudar na tese de investimento”, avaliam os analsitas. 

ABC Brasil (ABCB4)

O ABC Brasil registrou lucro líquido recorrente de R$ 457,8 milhões em 2018, 5,7% acima na comparação anual, quando lucrou R$ 433 milhões. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 121,4 milhões, alta de 9,8% na base de comparação com os três últimos meses de 2017.

Os ativos totais tiveram alta de 13,8% na comparação anual, para R$ 32,72 bilhões.

CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3)

As ações da CCR e da Ecorodovias registraram queda expressiva, em um movimento de realização de lucros após a alta recente com a decisão do governo paulista de renovar o contrato das rodovias.  Pelo menos quatro concessões vencem até 2022, das quais duas a CCR é acionista. A ViaOeste, sistema Castello Branco/Raposo, correspondeu por cerca de 14% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da companhia nos primeiros nove meses de 2018, e a Renovias por cerca de 2%.

B3 (B3SA3)

O Itaú BBA aumentou o preço-alvo de R$ 30 para R$ 37,50 para as ações da B3, mantendo recomendação de compra para o papel. 

“Em suma, os dados operacionais dos últimos meses têm sido encorajadores e sugerem uma sólida dinâmica de lucros à frente. Vemos o lucro por ação recorrente expandindo quase 30% na base anual em 2019, seguido por um crescimento de 16% em 2020, devido a maiores volumes e margens. Além disso, esperamos um ano bastante ativo no que diz respeito as ofertas no mercado primário, o que deve impulsionar a negociação de ações. Por fim, o modelo foi ajustado para incorporar nosso último cenário macro, incluindo uma taxa de desconto menor”, ressaltam os analistas. 

Outras recomendações

A B2W (BTOW3) teve a recomendação reduzida para neutra pelo JPMorgan, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 35 para R$ 46. Já a Oi (OIBR3) foi elevada a outperform pelo Bradesco BBI, com preço-alvo de R$ 1,80, o que implica um potencial de alta de 26% em relação ao fechamento de terça-feira. 

O Bradesco BBI cita a conclusão do aumento de capital da empresa e a eleição de um governo focado em reformas para basear a recomendação, vendo o papel com um risco-retorno atrativo, de acordo com os analistas Fred Mendes e Guilherme Haguiara. “A aprovação da lei de telecomunicações no Congresso é o principal trigger para a ação adiante, pois permitiria grandes reduções de despesas, uma estrutura corporativa simplificada e possível venda de ativos”, afirmam os analsitas do banco. 

Duratex (DTEX3)

A Duratex informou nesta terça-feira que deve fazer ajustes contábeis que farão seus resultados do quarto trimestre terem efeitos negativos extraordinários.

Os ajustes terão impactos aproximados de R$ 314 milhões no Ebitda e de R$ 296 milhões no lucro líquido. As alterações ainda precisam de aprovação do conselho de administração da empresa.

Os efeitos virão de medidas como paralisação temporária das operações de painéis de madeira em Botucatu (SP), o encerramento da operação produção de chuveiros elétricos em Tubarão (SC), e o ajuste contábil de ativos intangíveis.

“Esses ajustes terão efeito caixa de aproximadamente R$ 30 milhões no quarto trimestre, com impacto anual positivo estimado em R$ 40 milhões no Ebitda recorrente da companhia, a partir de 2019”, informou a fabricante de painéis de madeira e louças sanitárias.

Gafisa (GFSA3)

A Gafisa está sendo acusada de querer receber por créditos imobiliários que já havia securitizado (transferido para outro credor) segundo informa o portal Seu Dinheiro. A denúncia foi feita pela Polo Capital Securitizadora, que detém créditos de 20 séries da primeira emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) da Gafisa.

Saraiva (SLED4)

Conforme informa o Valor, a Saraiva fechou mais três lojas em um mês e somou, em janeiro, um total de 82 pontos em operação, segundo relatório mensal da empresa. Desse total, 30 estão com ações de despejo. De acordo com o plano de recuperação judicial da varejista, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite de segunda-feira, sua dívida total é de R$ 675 milhões. A rede de livrarias pretende terminar suas dívidas em 2034. 

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.