Ibovespa dispara 4% e renova máxima histórica com otimismo com governo Bolsonaro

A notícia do apoio a Maia tende a ser duplamente importante para o mercado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após abrir com leves perdas, o Ibovespa virou para o positivo e passou a ganhar força sem parar durante a tarde desta quarta-feira (2) de olho nas novidades do primeiro dia do governo de Jair Bolsonaro. Com isso, o índice se descola dos índices norte-americanos, que abriram com queda de 1% e mesmo ganhando força, não conseguiram virar para alta.

Às 14h57 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha ganhos de 4,04%, aos 91.437 pontos, renovando assim seu maior patamar histórico no intraday, que até então era de 91.242 pontos no dia 3 de dezembro. Entre as ações, destaque para a Eletrobras (ELET3), que dispara cerca de 20%.

Enquanto isso, o dólar comercial tem queda forte de 1,64%, cotado a R$ 3,8112 na venda, caminhando para fechar em seu menor patamar desde o fim de novembro. Já o dólar futuro com vencimento em fevereiro recua 1,99%, a R$ 3,816.

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Os juros futuros operam em queda refletindo a perspectiva de política monetária ancorada. A taxa com vencimento em janeiro de 2021 recua 16 pontos-base, para 7,21%, e os juros para janeiro de 2023 têm queda de 14 pontos, a 8,39%.

Ajuda a impulsionar a bolsa a notícia de que o PSL, que tem a segunda maior bancada da Câmara, irá apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados.

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A notícia do apoio a Maia tende a ser duplamente importante para o mercado. Por um lado, garante via mais larga para o avanço de uma agenda econômica mais liberal na Câmara. Por outro, libera tempo e energia para a ala política do governo focar na eleição para o Senado, onde o cenário ainda é nebuloso e a bancada do PSL não será tão volumosa.

Destaques de ações
As ações da Eletrobras disparam nesta quarta-feira com as falas do novo ministro de Minas e Energia, almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, que tomou posse hoje. Conforme apontou o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., o novo ministro de Minas e Energia segue priorizando a capitalização da empresa, cujo modelo ainda vai ser discutido.

“Temos um projeto que não foi aprovado no Congresso, pode ser aproveitado. Mas ainda vamos falar para ter essa definição”. Ferreira Jr. diz que permanecerá no comando da empresa após
ter conversado com ministro.

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Ainda no radar da companhia, a Eletrobras receberá R$ 161,9 milhões do acordo de leniência entre o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) e a Odebrecht. As empresas da Eletrobras beneficiadas pelo acordo receberão valores em 21 parcelas anuais, corrigidas pela Selic, a partir de outubro deste ano.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 28,98 +19,60 +19,60 326,43M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 31,86 +13,10 +13,10 179,70M
 CIEL3 CIELO ON EJ 9,59 +7,87 +7,87 79,36M
 SBSP3 SABESP ON 33,98 +7,87 +7,87 90,46M
 CSAN3 COSAN ON 35,96 +7,47 +7,47 30,20M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 16,99 -0,06 -0,06 93,87M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Ministros assumem
O primeiro dia do novo governo foi marcado pela posse dos novos ministros, com eventos que duraram toda a manhã. Na cerimônia de transmissão de cargo no Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, apelou por um “pacto político” entre governo e oposição “por amor ao Brasil” e respeitando as diferenças de ideológicas.

Segundo ele, o espaço para as disputas será preservado, mas é fundamental “garantir o futuro de cada brasileiro”. Ele citou a necessidade de levar adiante medidas estruturantes, como as reformas que serão negociadas com o Congresso.

“Não é possível que a oposição não possa compreender, assim como o governo, que nós temos em alguns movimentos que serão enfrentados dentro de alguns meses a capacidade de, primeiro, olhar para o Brasil, segundo, olhar para as famílias brasileiras, terceiro, olhar para o presente das pessoas”, disse Onyx. “O diálogo será a marca deste governo.”

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Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, fez um discurso firme e categórico, reiterando que suas prioridades são o combate à corrupção e violência. Segundo ele, um plano anti-corrupção está sendo finalizado para ser enviado ao Congresso e, paralelamente, deverá ser definida uma parceria de cooperação com os Estados para ampliar o sistema de segurança pública em todo país.

Moro afirmou que a população precisa ter confiança no governo e alertou que os desvios de recursos públicos atingem fortemente as camadas mais vulneráveis que dependem essencialmente dos serviços públicos. “Fazer a coisa certa, pelos motivos certos e do jeito certo será nosso lema.”

Segundo o ministro, é preciso avançar de forma coletiva para dar mais segurança a todos. “Não podemos nos achar impotentes. Avançamos muito até aqui, mas podemos avançar mais para que o brasileiro, seja qual for sua renda, tenha o direito de viver sem o medo da violência ou de ser vítima de um crime nos níveis epidêmicos atualmente existentes”, disse.

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Discurso de posse

Durante a posse no Congresso Nacional na terça-feira (1), Jair Bolsonaro fez seu primeiro discurso como presidente da República. A fala do novo presidente durou cerca de 10 minutos. Bolsonaro afirmou que foi montada a sua equipe de forma técnica, “sem viés político, que tornou o Estado ineficiente e corrupto”.

Na economia, Bolsonaro prometeu defender o livre mercado, fazer o governo “não gastar mais do que arrecada” e realizar “reformas estruturantes” que serão “essenciais para a saúde financeira” do país. “Precisamos abrir um círculo virtuoso que traga a confiança necessária, para abrir nosso mercado ao comércio internacional, estimulando a competição, produtividade e eficácia, sem o viés ideológico”, salientou.

Após a posse, Bolsonaro já tomou suas primeiras decisões como presidente e assinou decreto em que estabelece que o salário mínimo passará de R$ 954 para R$ 998 este ano.

Em medida provisória, o governo de Bolsonaro estabeleceu que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento passará a fazer a identificação, a delimitação e a demarcação de terras indígenas. Até então, o processo ficava a cargo da Funai (Fundação Nacional do Índio). A publicação também transfere do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para a pasta a responsabilidade pela regularização de terras quilombolas.

O jornal Folha de S. Paulo traz a informação de que a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, já redigiu e está prestes a lançar uma medida provisória que busca fazer uma ampla revisão das regras da Previdência.  A proposta do novo governo é dar um passo moralizador em relação à legislação, corrigindo imprecisões e distorções na lei que abrem margem para concessões irregulares de benefícios e mesmo para a corrupção. 

Cálculos preliminares indicam que essa reestruturação legal abriria espaço para fazer uma economia anual de ao menos R$ 50 bilhões ao longo de uma década.

“O mês de janeiro é o período de transição do antigo congresso e o novo, que toma posse somente no dia 1º de fevereiro. Deste modo, o foco da equipe econômica não pode ser em matérias que dependam de um trânsito muito intenso entre as casas neste primeiro mês, focando principalmente em medidas provisórias”, lembra Jason Vieira, da Infinity Asset.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.