Ibovespa Futuro repercute ataques de Trump ao Fed e abre em queda na volta do Natal

Preocupações com próximos passos do Federal Reserve e ataques de Donald Trump ao comando da instituição levaram Wall Street a estado de bear market na véspera do Natal

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após dois dias sem negociações em função do feriado de Natal, o Ibovespa Futuro retoma as atividades nesta quarta-feira (26) repercutindo a queda observada nas principais bolsas mundiais nas últimas sessões, ainda que em tom bem mais ameno. Às 9h07 (horário de Brasília), os contratos do índice com vencimento em fevereiro de 2019 recuavam 0,72%, a 85.380 pontos, movimento antecipado pelo desempenho dos ADRs na última segunda-feira em Wall Street. No radar dos investidores, os próximos passos da política monetária norte-americana e os atritos entre o presidente Donald Trump e o Federal Reserve geram preocupação, assim como o shutdown no país.

Os contratos de juros futuros operam com volatilidade nos primeiros minutos de pregão. Os papéis com vencimento em janeiro de 2020 operam em alta de 1 ponto-base, a 6,60%, ao passo que os papéis com vencimento em janeiro de 2022 avançavam 2 pontos-base, a 8,12%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em janeiro de 2019 operavam com variação negativa de 0,15%, a R$ 3,895.

Confira os destaques do pregão:

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Bolsas mundiais

O mercado viveu seu pior pregão natalino da história na última segunda-feira (24) nos Estados Unidos e contaminou as principais bolsas mundiais, com os investidores demonstrando preocupação com os caminhos a serem seguidos pelo Federal Reserve em sua política monetária e os atritos com o presidente Donald Trump. O índice Dow Jones Industrial Average mergulhou 653 pontos em um dia volátil, enquanto o S&P 500 recuou 2,7% e entrou tecnicamente em bear market — mercado de baixa, considerando uma queda acumulada de ao menos 20% em relação às recentes altas.

O movimento dos mercados se deu em resposta ao noticiário de Washington no fim de semana. Diversas reportagens noticiaram que o presidente dos Estados Unidos estaria discutindo sobre a possibilidade de como remover Jerome Powell da posição de chairman do Fed. Em resposta aos boatos, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, chegou a organizar calls com os seis maiores bancos do país no fim de semana, com o objetivo de acalmar os ânimos. Mas Trump reiniciou os ataques à autoridade monetária na segunda-feira pelo Twitter. “O único problema que nossa economia tem é o Fed. Eles não têm consideração pelo mercado”, publicou o presidente.

Com o dia negativo no mercado, todos os 11 setores representados no S&P 500 agora amargam perdas em dezembro, no quarto trimestre e no acumulado do ano. Além dos atritos alimentados por Trump e as incertezas quanto à institucionalidade e o nível de autonomia do BC no país oriundas do episódio, os investidores também se preparam para os próximos passos do Fed, que promete reduzir seu balanço e mantém no radar duas altas de juros para o ano que vem, a despeito do ambiente mais desafiador da economia mundial.

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Nesta quarta-feira, o clima é de cautela, em leve recuperação para alguns dos principais índices acionários globais. O movimento não é suficiente para compensar as perdas da véspera do Natal, mas ao menos colocam um freio temporário no tom baixista dos mercados.

ADRs no feriado

Os papéis das principais empresas brasileiras negociados no mercado norte-americano tiveram uma sessão negativa na segunda-feira, acompanhando o mau humor dos investidores em meio aos ataques de Donald Trump ao Federal Reserve. O índice Brazil Titans 20, que reúne 20 ADRs (American Depositary Receipt) brasileiros, caiu 1,56%, fechando a 21.057 pontos, ao passo que o índice EWZ recuou 1,37%, a US$ 36,63. Os papéis da mineradora Vale foram um dos destaques negativos da sessão, ao fecharem em queda de 2,33%, a US$ 12,60.

Agenda econômica

Na agenda de indicadores, no plano doméstico, destaque para os números do IPC-S, os dados do fluxo cambial semanal e da balança comercial. Nos Estados Unidos, os investidores devem monitorar o resultado do S&P/Case-Shiller Home Price de outubro, que indica a trajetória dos preços das casas no país, oferecendo dados relevantes sobre o desempenho do mercado imobiliário local.

Noticiário político

Às vésperas da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, o otimismo do brasileiro com a economia bate recordes, mostra a pesquisa do Datafolha. Segundo o instituto, 65% dos entrevistados acreditam que a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses, contra 23% na pesquisa passada. É o maior índice da série histórica, que teve início em 1997.

Radar corporativo

No noticiário das empresas, a suspensão do acordo entre Embraer e Boeing foi revogada pela Justiça pela segunda vez. O Grupo Pão de Açúcar afirma que pretende vender suas ações da Via Varejo em Bolsa até o fim de 2019 e a Eletrobras quer investir até R$ 30,2 bilhões entre 2019 e 2023.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.