Ibovespa sobe com exterior positivo, mas mantém apreensão com reunião do Fomc

Temores de que o Fed siga com sua política de aumento de juros em um cenário de desaceleração econômica seguem no radar 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa ganhou força e se fixou no campo positivo na tarde desta terça-feira (18), buscando recuperação após a forte queda da véspera com os investidores já de olho na reunião do Fomc (Federal Open Market Commitee) na próxima quarta. O índice acelerou a alta logo após a abertura do mercado nos Estados Unidos, onde o Dow Jones sobe cerca de 1%.

Com isso, às 13h23 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa registrava alta de 0,55%, aos 86.873 pontos, chegando a subir 0,81% na máxima do dia, atingida logo após a abertura de Wall Street. Enquanto isso, o dólar comercial tem alta de 0,21%, cotado a R$ 3,9025 na venda.

Contudo, os temores de que o Fed siga com sua política de aumento de juros em um cenário de desaceleração econômica que pressionaram os mercados na última sessão seguem no radar e, inclusive, abalam os mercados europeus e também os asiáticos, que se ajustam à baixa em Wall Street da última sessão.

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Nesse cenário, os investidores voltam seus olhos para o Fomc desta quarta: apesar da aposta em alta do juro de 0,25 ponto percentual nesta reunião, espera-se que o Fed, pressionado pelo presidente Donald Trump, sinalize pausa ou ritmo menor da alta em 2019.

Ontem, No Twitter, Trump afirmou ontem ser “incrível” que o Fed esteja considerando outro aumento de juros num momento de “dólar forte e praticamente nenhuma inflação”. 

No mercado de commodities, o petróleo cai cerca de 2,5% após dois dias seguidos de baixas superiores a 2% e chegou a ser cotado abaixo de US$ 49 esta manhã com alta da produção dos EUA ofuscando cortes da Opep.

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Em destaque na agenda econômica brasileira, a ata da última reunião do Copom repercute nos principais contratos de juros futuros, que registram leve alta após o documento do Comitê citar “cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária”.

Contudo, o movimento não devolve a queda vista após o comunicado do encontro, visto como “dovish” (brando) e a perspectiva do mercado segue de manutenção da Selic pelos próximos meses. O contrato com vencimento em janeiro de 2021 registra alta de 7 pontos-base, a 7,52%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 tem leve alta de 10 pontos-base, a 8,88%. 

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“À luz do cenário básico com o qual trabalhamos, sem novos choques que alterem o balanço de riscos prospectivo para a inflação, e da sinalização apontada pelo Copom, avaliamos que a Selic ficará estável ao longo de todo o primeiro semestre de 2019, com altas em ritmo gradual a partir do segundo semestre, alcançando 7,25% no final do próximo ano”, destaca a equipe econômica do Bradesco.

Altas e baixas

Em meio à forte queda do petróleo, as ações da Petrobras são o destaque de queda do dia, enquanto a baixa da commodity impulsiona os ativos da Gol, uma vez que essa tendência de baixa ajuda a diminuir os custos operacionais da aérea. A Estácio também registra avanço com a mudança de CEO: sai Pedro Thompson, entra Eduardo Parente, que vem da Vale, onde era diretor de projetos especiais.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 24,59 +3,80 +68,42 80,06M
 ELET3 ELETROBRAS ON 24,64 +2,80 +27,40 34,39M
 CVCB3 CVC BRASIL ON EJ 61,50 +2,76 +29,66 17,84M
 TIMP3 TIM PART S/AON 12,28 +2,59 -4,65 9,95M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 174,16 +2,40 +117,70 72,17M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 IGTA3 IGUATEMI ON 37,50 -1,83 -3,00 21,84M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 35,99 -1,59 +75,56 27,91M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,67 -1,23 +6,73 72,02M
 RADL3 RAIADROGASILON EJ 60,39 -0,84 -33,61 11,09M
 PETR4 PETROBRAS PN N2 22,68 -0,83 +42,07 591,14M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Reformas do novo governo no radar
As notícias sobre a reforma da previdência seguem no radar dos mercados neste final de ano. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu que o futuro governo de Jair Bolsonaro faça a reforma da Previdência de uma vez só, e não “fatiada” por setores, de forma a evitar perder seu capital político sem concluir a votação toda. A estratégia defendida por Maia vai na contramão do que Bolsonaro afirmou há duas semanas.

Vale destacar que, ontem, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender o sistema de capitalização como o melhor para a Previdência, mas admitiu que já não é possível fazer uma transição que inclua todos os trabalhadores. 

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Por isso, a saída é reformar o atual sistema de repartição, “geneticamente condenado”, deixando o sistema de capitalização para gerações futuras. Guedes não fez menção à atual proposta de reforma da Previdência que está no Congresso.

Enquanto isso, estudo de pesquisadores do Ipea, entre eles Adolfo Sachsida e Alexandre Ywata, que hoje compõe a equipe de Bolsonaro, propõe alterações na tributação de empresas, propondo inclusive o fim do Simples, conforme destaca a Folha

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Bolsas asiáticas
Além das preocupações sobre o Fomc, as bolsas asiáticas e a maioria dos metais recuam após fala do presidente chinês não trazer qualquer compromisso em abrir ou estimular a 2ª maior economia do mundo, que enfrenta sinais de desaceleração em meio à guerra comercial.  

Em discurso para comemorar o 40º aniversário das reformas econômicas chinesas, Xi Jinping disse nesta terça que o país vai se manter na trajetória atual de reformas e “jamais buscará a hegemonia”, numa tentativa de minimizar preocupações sobre sua excessiva influência econômica.

Xi também manifestou apoio ao sistema multilateral de comércio, mas não fez referências diretas às atuais tensões comerciais entre Pequim e Washington. Em tom desafiador, Xi disse que “ninguém está em condições de ditar ao povo chinês o que deve ou não ser feito”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.