Quem é a executiva da Huawei que foi presa e por que isso está abalando o mercado

Prisão da chinesa Wanzhou Meng elevou os ânimos sobre a tensão comercial entre EUA e China

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Na noite de quarta-feira (5), uma notícia abalou o mundo e leva praticamente todos os mercados no mundo a caírem forte hoje. Wanzhou Meng, vice-presidente do conselho da chinesa Huawei, foi presa em Vancouver, no Canadá, a pedido da justiça dos Estados Unidos.

Ela foi detida no último sábado (1) no aeroporto ao fazer uma conexão e está sendo acusada pelo governo norte-americano de violar as sanções impostas ao Irã. Sua prisão aumenta a tensão entre EUA e China e pode levar a retaliações dos chineses.

Apesar de não ser tão grande no Brasil, a Huawei é a maior empresa de equipamentos de telecomunicações e a segunda maior fabricante de smartphones do mundo, atrás apenas da Samsung. Por isso, o impacto da notícia sobre a companhia pesa para as outras empresas do setor, que nesta quinta desabaram nas bolsas asiáticas.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A executiva, que também é conhecida como Sabrina Meng, é filha do fundador e CEO (Chief Executive Officer) da Huawei, Ren Zhengfei, e hoje acumula os cargos de CFO (Chief Financial Officer, na sigla em inglês) e vice-presidente do conselho da empresa.

A informação da prisão foi dada primeiro pelo jornal The Globe and Mail e segundo o porta-voz do Departamento de Justiça canadense, Ian McLeod, ela enfrenta um processo de extradição para os Estados Unidos e uma audiência foi marcada para esta sexta-feira. Segundo a Huawei, não foram dados mais detalhes sobre o caso.

Em 2017, a Forbes classificou Meng em oitavo lugar em sua lista de mulheres empresárias mais relevantes da China, enquanto a presidente do Conselho da Huawei, Sun Yafang, ficou em segundo lugar no ranking.

Continua depois da publicidade

Por que a prisão de Meng é importante?
A prisão da diretora da Huawei deve corroer as negociações comerciais entre Washington e Pequim, segundo análise da consultoria de risco Eurasia Group. “É provável que Pequim reaja com raiva a essa última prisão de um cidadão chinês em um terceiro país por violar leis dos EUA”, escreveram analistas.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

A Eurasia acredita que o incidente envolvendo a Huawei provavelmente vai ofuscar as negociações entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, apesar de ponderar que isso não deve acabar com as negociações. Em geral, o caso eleva a tensão sobre o futuro deste acordo, tirando qualquer clima de calmaria que reinou no início da semana após o anúncio da trégua no encontro do G-20.

Continua depois da publicidade

A Huawei é um dos “símbolos” da guerra comercial entre EUA e China. A companhia tem sido alvo do governo norte-americano desde 2016 e em agosto deste ano, Trump, alegando preocupações com a segurança nacional, assinou uma lei que proíbe agências do governo de usar produtos e serviços da Huawei e de sua concorrente chinesa ZTE.

Em fevereiro, altos funcionários da CIA, da NSA, do FBI e da Agência de Defesa disseram a um comitê do Senado que os smartphones dessas empresas representavam uma ameaça à segurança dos clientes americanos. Nas últimas semanas, a Nova Zelândia e a Austrália impediram as empresas de telecomunicações de usar o equipamento da Huawei para suas redes móveis de 5G.

A empresa de telecomunicações britânica BT disse na quarta-feira que não comprará equipamentos da empresa de tecnologia chinesa para o núcleo de sua rede sem fio de próxima geração. A empresa também disse que removerá a tecnologia existente da Huawei do coração de sua rede 4G dentro de dois anos.

Publicidade

Há uma sensação de perigo sobre a segurança dos aparelhos da Huawei, mas mais que a qualidade, a prisão de Meng reforça o clima tenso da disputa comercial entre EUA e China, mostrando que cada nação lutará para defender seus interesses e as conversas para um acordo ainda deve enfrentar muitas dificuldades.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Tópicos relacionados

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.