Reformas não trarão “bull market” se exterior não ajudar, alerta diretor da Schroder

Pablo Riveroll, diretor da América Latina da Schroders, que administra US$ 600 bilhões em ativos, é o entrevistado do InfoMoney

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Os investidores da bolsa brasileira criaram grandes expectativas com a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas urnas e houve previsões até de que o Ibovespa ultrapassaria os 100 mil pontos. Porém, desde que o índice cravou topo histórico, de 89.598 pontos em 6 de novembro, a queda acumulada é de 5%.

Para o diretor da América Latina da Schroders, Pablo Riveroll, a explicação para isso é que o mercado antecipou a maior parte do otimismo com a eleição de Bolsonaro à Presidência na medida que as pesquisas eleitorais começaram a mostrar uma direção mais clara do resultado nas urnas. Riveroll foi entrevistado pelo editor-chefe do InfoMoney, Thiago Salomão. 

O cenário apontado por Riveroll é confirmado na oscilação dos investimentos de estrangeiros, que têm 50% de participação na Bolsa. Segundo os dados fornecidos pela B3, o fluxo estrangeiro encerrou outubro negativo em R$ 6,2 bilhões e em novembro (até o dia 22) as vendas superam as compras em R$ 3,59 bilhões. 

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Para se ter uma ideia da influência dos estrangeiros no mercado, no dia de 6, quando o Ibovespa marcou topo histórico em 89.598 pontos e interrompeu sua sequência de 4 altas consecutivas, os estrangeiros encerraram com saldo negativo de R$ 646,5 milhões. Em 2018, as vendas superam as compras em R$ 9,5 bilhões.

Passada a euforia das eleições, Riveroll disse que investidor está agora conhecendo qual será a nova política adotada pelo governo Bolsonaro.

Ponderando que trabalha principalmente com modelos quantitativos de investimentos, Riveroll conta que sua avaliação é de que o Brasil era um dos países da América Latina mais atrativos para investir antes das eleições.

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“Sem considerar o resultado das eleições, nós achamos que o Brasil está em uma recuperação cíclica e que o governo – quem ganhasse – teria que fazer reformas estruturais importantes e que ao final de 2019 o Brasil estaria em um lugar melhor”, explicou. 

De olho nisso, a Schroders ampliou suas posições no mercado brasileiro, em “empresas de boa qualidade”, durante a volatilidade das eleições. Apesar da queda recente do Ibovespa, Riveroll afirma que o Brasil continua sendo um dos melhores países para investir entre os mercados emergentes.

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O maior catalizador até aqui foram as eleições e o mercado encarou com otimismo as indicações feitas pelo governo Bolsonaro. O próximo passo será a reforma da Previdência. 

Enquanto isso, o cenário internacional vem se deteriorando e pode jogar contra o mercado brasileiro. Assim, dificilmente o mercado brasileiro conseguirá obter um bom desempenho em meio a um cenário negativo lá fora. 

“É um país que depende muito do exterior, é um país produtor de commodities e, historicamente, está ligado ao desempenho dos mercados emergentes. Precisa de um ambiente mais ou menos estável para ter uma performance boa. Se as coias se estabilizam no exterior, pode se sair bem. Se deteriorar de maneira significativa, pode ficar difícil”, explicou.

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Confira a entrevista, na íntegra, no vídeo abaixo: