Cesp salta 16% com privatização, Alpargatas dispara 14% com mudança de CEO; Smiles cai 27% e Gol sobe 20% na semana

Confira os destaques do mercado na sessão desta sexta-feira (19)

Lara Rizério

SÃO PAULO – Com quatro altas nos últimos cinco pregões, o Ibovespa voltou a subir nesta sexta-feira (19) com o mercado mais uma vez repercutindo pesquisas eleitorais apontando o favoritismo de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial contra Fernando Haddad (PT). O dia positivo em Wall Street ajudou na recuperação da bolsa após a queda de 2,24% na véspera.

Na semana, a alta do índice foi de 1,60%, tendo como destaque de alta a Gol (GOLL4), com ganhos de quase 20%, e como destaque de baixa a Smiles (SMLS3), com queda de 27%, em meio à não-renovação do acordo com a Smiles e a incorporação da companhia sendo positivas para a aérea e negativa para a empresa de fidelidade (veja mais clicando aqui).

Já nesta sessão, diversos papéis fora do índice registram forte alta, caso de Alpargatas (ALPA4) com mudança de CEO, Forjas Taurus (FTJA4) de olho no rali eleitoral, além de bancos médios como o Pine (PINE4) e o Indusval (IDVL4), estes dois últimos sem motivo aparente. No Ibovespa, Petrobras (PETR3;PETR4) teve leve alta, enquanto Vale (VALE3) ficou quase estável.  Veja mais destaques do mercado nesta sexta-feira (19):

Cemig (CMIG4) e Light (LIGT3)

De acordo com o Valor Pro, a Cemig deu partida em processo de oferta secundária para as ações da Light. Vale destacar que, no início do ano, os papéis da Light chegaram a subir forte com a estatal mineira estudando possíveis modelos para vender a empresa de energia até o fim do ano. 

Cesp (CESP6)

O consórcio São Paulo Energia, formado pelo fundo de pensão canadense CPPIB em parceria com a Votorantim Energia, arrematou nesta sexta-feira o controle acionário do governo paulista na Cesp (CESP6) nesta sexta. 

O consórcio foi o único interessado em comprar o controle da elétrica. As empresas aceitaram pagar R$ 1,7 bilhão por um lote de 116.450.297 ações oferecidas pelo governo do Estado de São Paulo, o que corresponde 40,56% do capital social da concessionária de geração de energia paulista. O preço final por ação foi de R$ 14,60, ágio de 2,09% sobre o valor mínimo de R$ 14,30 estipulado pelo governo. Agora, o comprador terá de lançar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA), podendo fazer com que o desembolso chegue a R$ 4,8 bilhões em caso de ser adquirida a totalidade das ações.

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Vale ressaltar que, hoje, o governo estadual conseguiu, junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF), uma decisão para suspender os efeitos de uma sentença proferida na quinta pela Justiça Federal de Presidente Prudente (SP), que suspendia o processo de renovação de contrato de concessão da hidrelétrica de Porto Primavera, principal ativo da Cesp. Tal liminar dificultava a realização do leilão de privatização da geradora estatal desta sexta. A entrega das propostas pela Cesp, inicialmente marcada para entre as 9 horas e as 10 horas foi adiada para entre as 12 horas e 13 horas.

A privatização permite a renovação da concessão, por 30 anos, de Porto Primavera, localizada no Rio Paraná, próximo à cidade de Rosana (SP), no Pontal do Paranapanema. A usina tem a barragem mais extensa do Brasil, com 1.540 megawatts (MW) de potência instalada.

Forjas Taurus (FJTA3;FJTA4)

Conforme desde matéria da Bloomberg desta sexta, impulsionados pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que está à frente nas pesquisas eleitorais para o 2º turno e é amplamente favorável ao uso de armas de fogo, deputados alinhados com o capitão reformado do Exército já se articulam para votar a revisão do Estatuto do Desarmamento. A mudança principal é passar a permitir a posse de armas por qualquer cidadão, o que é proibido no Brasil.

“Vamos votar o mais rápido possível a revisão do Estatuto do Desarmamento. O ponto central é simplificar a lei permitindo a posse de armas”, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), vice-líder do DEM e um dos mais influentes parlamentares da bancada evangélica na Câmara, em grande maioria apoiadora de Bolsonaro.

O projeto está pronto para ser votado no plenário da Câmara, depois de anos tramitando em comissões. O texto prevê o “direito de possuir e portar armas de fogo para legítima defesa ou proteção do próprio patrimônio”, reduz a idade mínima para a compra de armas de 25 para 21 anos, e as taxas pagas ao governo.

Apesar de o assunto ser polêmico, é relativamente fácil de ser aprovado, já que requer maioria simples de votos. Com a adesão suprapartidária a Bolsonaro entre os congressistas, ele teria apoios suficientes para mudar as regras. Em meio a essa expectativa, as ações da Forjas Taurus saltam em 2018: os papéis ON registram ganhos de mais de 740%, enquanto os ativos PN soltam 516%. 

São Martinho (SMTO3)

O BTG Pactual atualizou os números para a São Martinho e destacou ótimo momento para o papel, apontando os fortes preços de açúcar e etanol nos próximos meses, além de indenizações do governo, land value e 29% de crescimento de lucros. “Isso sem mencionar uma potencial melhora de dividendos, uma vez que a companhia tem um fluxo de caixa livre ajustado de 11% para esse ano e 14% para ano que vem”, afirmam os analistas. 

Outras ações do setor registram fortes ganhos, com destaque para a Biosev (BSEV3). 

Linx (LINX3)

A empresa de tecnologia de varejo Linx segue a disparada da véspera após anunciar o lançamento de uma subcredenciadora própria, a Linx Pay. A novidade foi criada dentro do laboratório de inovação da companhia e vem competir em um mercado cada vez mais povoado de pequenos players.

Sem maquininha própria – por enquanto -, a Linx Pay tem soluções para o varejo incluindo captura, gerenciamento e liquidação de transações, além de emissão de cupons fiscais, gateway de pagamentos, entre outros. As transações serão realizadas nos terminais da Rede, que já era parceira da empresa. O público-alvo inicial são varejistas pequenas e médias, com faturamento a partir de R$ 30 mil por mês. 

IGB Eletrônica (IGBR3)

As ações da IGB subiram 5% após saltar 96% na véspera, sem nenhuma notícia que motivasse tamanho movimento dos papéis. A companhia divulgou comunicado ao mercado em que apontou não ter conhecimento para o motivo de tamanha alta. 

Em setembro, as ações da companhia chegaram a disparar em meio à proximidade do julgamento da ação no STJ sobre o uso da marca iPhone no Brasil em meio a uma disputa com a Apple. Porém, oi tribunal afirmou que a Apple poderia usar a marca iPhone no Brasil sem indenizar Gradiente, o que levou a uma forte queda das ações. 

Triunfo (TPIS3)

Segundo o Valor Econômico, a Triunfo abriu negociações com ao menos duas empresas para a venda de sua fatia de 50,1% em Tijoá, concessionária responsável pela usina Três Irmãos, maior hidrelétrica do rio Tietê.

Gafisa (GFSA3)

A Gafisa suspendeu ontem o pagamento a fornecedores de produtos e serviços, incluindo vencimentos referentes a terrenos. “Esta decisão faz parte da reestruturação da empresa para melhoria de processos e fluxo de pagamentos”, informou a empresa.

Segundo o Valor Econômico, a suspensão dos pagamentos já se reflete nas atividades de construção da empresa, o que pode prejudicar o cronograma de obras. A Gafisa, porém, nega que a medida possa afetar qualquer agenda da companhia.

Direcional (DIRR3) e MRV (MRVE3)

A equipe de análise do Bradesco BBI elevou a recomendação de Direcional para “Outperform” (performance acima da média do mercado), por acreditar no potencial dos resultados que estão por vir. “[A companhia] tem conseguido limpar o balanço, além de acelerar a geração de caixa e a distribuição de dividendos”, escrevem os analistas.

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O banco também rebaixou para “neutra” as ações de MRV Engenharia por ver “os planos de crescimento ficarem mais difíceis de serem atingidos”. Para a equipe de análise, a desvalorização das ações em relação ao Ibovespa deve-se ao fluxo constante de notícias negativas sobre o orçamento do Minha Casa Minha Vida. Além disso, a empresa é a que mais precisa crescer no segmento para bater a sua meta de lançamentos até 2020.

Eletrobras (ELET6)

A Eletrobras deve fechar sua distribuidora do Amazonas se não encontrar um comprador para a companhia no leilão marcado para o próximo dia 25. Para o presidente da estatal, Wilson Ferreira, a liquidação é o caminho natural em caso de fracasso na privatização.

Mesmo com a rejeição pelo Senado na última terça-feira do projeto de lei que resolvia pendências da Amazonas Energia, o governo decidiu manter o leilão da empresa. A aprovação da proposta era considerada fundamental para atrair investidores privados, já que a lei flexibilizava perdas da empresa com roubos de energia – mais conhecidos como “gatos”.

JBS (JBSS3)

A JBS anunciou a precificação das notas sêniores emitidas por meio da subsidiária integral JBS Investments II GmbH, garantidas pela companhia. As notas possuem vencimento em janeiro de 2026 com cupom de 7,0% e yield de 7,125%, no valor de US$ 500 milhões. A emissão teve uma sobredemanda de mais de 5 vezes o valor captado.

Como parte de uma operação de liability management, a JBS pretende utilizar os recursos da transação, juntamente com recursos disponíveis em caixa, para recomprar as notas da companhia com vencimento em 2020 e remuneração de 7,750%, no montante de US$1 bilhão.

Além disso, a JBS USA anunciou uma oferta de recompra em espécie para pré-pagar um total de US$ 500 milhões de suas notas com vencimento em 2021, que possuem cupom de 7,25% e montante total de US$ 1,15 bilhão. O objetivo é reduzir o saldo remanescente para US$ 650 milhões.

Cremer (CREM3)

A CM Hospitalar passou a deter 99,79% do capital da Cremer após OPA (Oferta Pública de Aquisição).

Os acionistas que optaram pelo “preço alternativo” receberão na data de liquidação R$ 15,06/ação. Por outro lado, os acionistas que optaram pelo “preço da oferta” receberão R$ 12,67/ação – podendo receber no futuro um montante de até R$ 5,61 por ação, equivalente ao saldo da parcela do preço de aquisição retida.

Alpargatas (ALPA4)

A Alpargatas aprovou a proposta para sucessão presidencial da companhia, que terá início imediato e será finalizado no começo do 1º trimestre de 2019.

Foi indicado para o cargo de diretor presidente, Roberto Funari, atual membro do Conselho de Administração da Companhia, que assumirá a posição após o período de transição.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.