Índice de ADRs Brazil Titans sobe 2,4% em Wall Street com recuperação externa e afasta “pânico”

Em dia de feriado nacional, que manteve a B3 fechada sem negociações, papéis de empresas brasileiras negociados nos EUA mostraram recuperação após pregão negativo na véspera

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Com a B3 fechada em função do feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida nesta sexta-feira (12), as atenções dos investidores se voltaram às movimentações dos ADRs (American Depositary Receipt) de companhias brasileiras negociados em Wall Street, com sessão de recuperação para a maioria dos papéis, acompanhando movimento visto nas principais bolsas mundiais.

O índice Dow Jones Brazil Titans, que reúne 20 dos principais ativos brasileiros negociados na NYSE, encerrou em alta de 2,41%, a 21.970 pontos. Contribuíram para o bom desempenho do benchmark os papéis de empresas estatais, como a Petrobras (PETR4) e Eletrobras (ELET6), além do setor financeiro, a mineradora Vale (VALE3) e a Ambev (ABEV3). O desempenho dos ADRs em feriados são um indicador importante para os investidores para a reabertura da bolsa, já que podem antecipar o tom do início da próxima sessão.

Veja o desempenho dos principais ativos:

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Fonte: Google Finance
* Os preços estão em US$

A alta da maior parte dos ativos mostra uma recuperação após sessão negativa para boa parte do mercado acionário global, com investidores repercutindo a possibilidade de alta de juros nos Estados Unidos, o que naturalmente gerou movimento de reprecificação nos mercados acionários. Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 0,91% após chegar a subir 1,28% após nova rodada de pesquisas eleitorais. No dia anterior, o índice já havia caído 2,80%.

Neste pregão, os três principais índices acionários norte-americanos fecharam em terreno positivo: Dow Jones, com alta de 1,15%, a 25.339 pontos; S&P500, 1,42%, a 2.767; e Nasdaq, 2,29%, a 7,496. Movimento similar foi visto mais cedo nas bolsas asiáticas. Apenas na Europa verificou-se uma reversão dos ganhos do início do pregão e um fechamento levemente no vermelho.

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O movimento otimista após o “pânico” dos mercados na véspera ocorreu mesmo após fala de Charles Evans, presidente do Fed de Chicago, que indicou possibilidade de elevação nos juros com sinais de desempenho mais forte da economia norte-americana. Em entrevista ao canal CNBC, ele disse acreditar em uma taxa neutra de curto prazo entre 2,75% e 3%.

No mercado de commodities, o dia foi de alta para os barris de petróleo, com os barris do brent subindo 0,39%, cotados a US$ 80,56, e o WTI saltando 0,79%, a US$ 71,53.

Confira os destaques desta sexta-feira:

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Vaivém eleitoral

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) começou a apontar seus futuros ministros, caso eleito. Durante encontro de seu partido no Rio, o parlamentar indicou o economista Paulo Guedes como seu ministro da Fazenda e Planejamento, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) como ministro-chefe da Casa Civil e o general Augusto Heleno na Defesa. As ausências do vice na chapa, o general Hamilton Mourão (PRTB), e de Guedes foram notadas. A jornalistas, o candidato disse que seu partido adotará posição de neutralidade em ões para governos estaduais em que não estiver disputando.

Ausente no encontro de ontem, Guedes ventilou a colaboradores da campanha e empresários a ideia de criar um conselho econômico para a definição de políticas econômicas em um futuro governo, nos moldes do que é o Conselho Nacional Econômico (The National Economic Council) nos Estados Unidos. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, contudo, conta que, nos bastidores, a proposta gerou ruído. Há quem veja como uma sinalização de que o “posto Ipiranga” acabaria declinando o posto de chefe da economia de Bolsonaro para assumir o papel de “superassessor”. Oficialmente, ele nega a intenção.

Já o candidato Fernando Haddad (PT), que ainda não indicou nomes para ministérios, esteve ontem com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Nos bastidores, fontes do partido dizem que foi feito um convite para o ex-magistrado participar da campanha do ex-prefeito paulistano, sobretudo na área de organização do Estado. Neste segundo turno, Haddad recebeu apoio formal do PSB, partido de Barbosa, exceto nos casos de candidatos a governos estaduais do partido, que foram liberado a adotarem suas posições. Existe uma leitura entre aliados do candidato de que um possível anúncio do ex-magistrado como ministro ajude a arrefecer o clima antipetista entre o eleitorado.

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O petista também é cobrado para apontar um nome para seu ministério da Fazenda. Em entrevista à rádio CBN, Haddad foi questionado sobre a possibilidade de o empresário Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar, ocupar o posto. O petista elogiou o nome ventilado, dizendo ter “todas as condições, perfil e sensibilidade social”, e reforçou que seu ministro para a área não será banqueiro, virá do setor produtivo.

No campo econômico, conforme noticia o jornal Folha de S.Paulo, assessores de Haddad estimam que a taxação dos chamados “super-ricos” (contribuintes com renda entre 40 e 60 salários mínimos), proposta pela campanha do petista, renderia R$ 80 bilhões. O candidato diz que a medida não visa elevar a carga tributária, mas compensar a proposta de isenção de pagamento de imposto de renda àqueles que ganham até cinco salários mínimos.

O jornal O Estado de S.Paulo destacou a preocupação do empresariado com o que se entende como propostas vagas, sem explicações de como as medidas serão tomadas, sinalizações controversas e falta de clareza nos programas econômicos de ambos os candidatos, o que pode afetar a retomada da confiança e a recuperação econômica brasileira. A CNI (Confederação Nacional da Indústria), por exemplo, reviu ontem sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no ano de 1,6% para 1,3%. Segundo informe da instituição, incertezas quando ao ajuste fiscal frearam decisões de ampliação da produção, do emprego e do investimento. Outro fator que preocupa alguns analistas é a renovação do Congresso, com a inexperiência de novos parlamentares podendo dificultar na viabilização de projetos mais ousados.

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Indicadores econômicos

O superávit comercial total da China cresceu de U$ 27,91 bilhões em agosto a US$ 31,69 bilhões em setembro, de acordo com os dados oficiais do país. O resultado superou a previsão de US$ 18 bilhões dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal.

As exportações tiveram um fortalecimento inesperado, apesar da piora na disputa comercial com os Estados Unidos. O indicador cresceu 14,5% em setembro, na comparação com igual mês do ano passado, após uma alta anual de 9,8% em agosto. Economistas projetavam avanço de 8,8%. Já as importações tiveram alta de 14,3% em setembro na comparação anual, desacelerando da alta de 20% do mês anterior. Analistas previam avanço de 16% nas importações.

O superávit comercial da China com os EUA cresceu a US$ 34,1 bilhões em setembro, de US$ 31,1 bilhões em agosto, segundo cálculos do Wall Street Journal a partir dos números oficiais. O resultado representa um novo recorde.

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Na Alemanha, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,4% em setembro na comparação com o mês anterior, segundo a leitura oficial final divulgada nesta sexta-feira. O número vem em linha com a previsão dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Na comparação anual, o CPI subiu 2,3%, também conforme esperado pelos economistas. O CPI harmonizado teve alta de 0,4% no mês e de 2,2% na comparação anual em setembro.

A produção industrial da zona do euro avançou 1,0% em agosto, na comparação com o mês anterior, com melhoras na Itália e na Holanda compensando a fraqueza na Alemanha. O resultado superou a previsão de alta de 0,2% dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Na comparação anual, a produção da indústria da região cresceu 0,9% em agosto, enquanto analistas projetavam queda de 0,5%.

O avanço é o primeiro desde maio. O resultado dos próximos meses, porém, tende a ser mais fraco, já que a produção na Alemanha é contida por atrasos em testes nos automóveis para o cumprimento de novas regras de controle de emissão de poluentes.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.