Dólar dispara para mais de R$ 4,11 e Ibovespa cai mais de 1% com mau humor externo e política

Índice acelera as perdas no início da tarde e perde a marca de 76 mil pontos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera as perdas na tarde desta quinta-feira (23) seguindo o clima volátil do mercado norte-americano, onde os índices voltam a operar no negativo de olho no discurso presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que ocorre amanhã no simpósio de Jackson Hole. Com isso, o dólar também volta a subir forte, superando a marca de R$ 4,11.

Às 15h15 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha queda de 1,51%, aos 75.740 pontos, após chegar a cair 1,78% na mínima do dia. O dólar comercial, por sua vez, salta 1,39%, cotado a R$ 4,1125 na venda, renovando sua máxima em mais de dois anos e meio, chegando assim a sua sétima valorização seguida.

“Hoje o movimento de alta no câmbio é global. Não há muito o que fazer além de esperar a fala de Jerome Powell”, afirma Pablo Spyer, diretor da Mirae Corretora. Os investidores buscam sinais do rumo da política monetária dos Estados Unidos. Por enquanto, o mercado segue com maior aposta de duas altas de juros neste ano e mais duas altas em 2019. A participação Powell marcará sua estreia no encontro de bancos centrais e a expectativa é de tom ameno. 

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Ainda no exterior, a ata do BCE (Banco Central Europeu) trouxe informações semelhantes à ata do Fomc (Federal Open Market Committee), demonstrando preocupação com os efeitos da guerra comercial na economia norte-americana. “Tensões podem gerar um declínio mais geral na confiança através da economia global, além de qualquer efeito direto da imposição de tarifas”, informa o documento.

As incertezas eleitorais também ajudam o dólar a sustentar o patamar de R$ 4 atingido após pesquisas nesta semana terem mostrado o ex-presidente Lula ampliando a liderança. 

Embora o pregão de hoje não traga grandes turbulências com o noticiário eleitoral, o mercado tem no radar a divulgação de nova pesquisa de intenção de voto. “É um momento difícil para comprar ou vender dólares devido a possibilidade da moeda testar a sua máxima anterior e atual objetivo: R$ 4,25. O Banco Central ainda não emitiu sinal de intervenção e, quanto mais alta a cotação, maior a possibilidade de atuação”, observa José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.

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Segundo ele, se houver uma intervenção do BC semelhante à última, em junho, a cotação pode recuar aproximadamente R$ 0,20, ou seja, poderia voltar a região de R$ 3,85. “Sem o BC, somente pesquisas indicando melhora de candidatos comprometidos com reformas podem derrubar a cotação.

Vale ressaltar que, nesta sexta-feira, será divulgada nova pesquisa presidencial XP/Ipespe. Na semana passada, o levantamento apontou a liderança do ex-presidente Lula, com 31% do votos, seguidos por Jair Bolsonaro (PSL), com 20%, cenário que foi confirmado por outras pesquisas divulgadas nos dias seguintes.

Contribuindo para o aumento da aversão ao risco do mercado, o TSE deu sete dias para que a defesa do petista conteste as ações que pedem a rejeição de sua candidatura. Isso pode levar a decisão sobre a candidatura de Lula para setembro, dando tempo para ele aparecer no programa eleitoral gratuito, que começa em 31 de agosto. 

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Com esse cenário no radar, o CDS (Credit Default Swap, considerado um seguro de risco contra o calote) de 5 anos do Brasil vai a 276 pontos e caminha para maior patamar de fechamento desde junho. As taxas dos principais contratos de juros futuros também sobem forte, com alta de 0,24 ponto percentual para o contrato com vencimento em 2021, a 9,8%, enquanto o com vencimento mais longo, em janeiro de 2023, tem alta de 0,23 ponto percentual, a 11,44%. 

Destaques do mercado

A alta do dólar beneficia as empresas exportadoras e as ações da Klabin tem novo dia de valorização. Do outro lado, estatais como Cemig e Copel registram as maiores perdas do dia.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 QUAL3 QUALICORP ON 16,05 -5,64 -46,34 40,05M
 GOLL4 GOL PN N2 10,80 -4,00 -26,03 57,44M
 RENT3 LOCALIZA ON 21,65 -3,95 -1,64 55,06M
 CMIG4 CEMIG PN 7,51 -3,84 +16,19 65,83M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 15,31 -3,77 -9,79 46,97M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 20,78 +4,16 +21,00 61,03M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 50,15 +4,00 +169,62 227,07M
 FIBR3 FIBRIA ON 80,91 +2,42 +70,23 144,94M
 RADL3 RAIADROGASILON 80,04 +2,09 -12,44 90,70M
 BRKM5 BRASKEM PNA 57,99 +1,72 +41,10 100,05M
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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.