Impeachment de Trump? Entenda por que o mercado não se abalou com os escândalos contra o presidente

Assim como ocorreu nas crises do caso Watergate e no impeachment de Bill Clinton, mercado não se deixa abalar com a situação

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na última terça-feira (21), o presidente Donald Trump recebeu duas grandes “bombas”, que voltam a criar um clima de tensão em seu governo e reascendem o debate sobre um possível pedido de impeachment. Mas o que se viu no mercado foi um “desprezo” por estas notícias, com os índices norte-americanos seguindo seu movimento positivo.

Tanto o S&P 500 quanto o Dow Jones encerraram o último pregão com uma pequena queda, enquanto nesta quinta eles oscilam entre perdas e ganhos. O que se vê, são investidores muito mais atentos aos rumos da economia e à recente temporada de resultados corporativos.

Na terça Michael Cohen, seu ex-advogado, se declarou culpado de várias acusações e disse que agiu a pedido de Trump para fazer pagamentos a duas mulheres em violação das leis de financiamento de campanha. No mesmo dia, um júri federal condenou Paul Manafort, ex-chefe da campanha do presidente, por acusações de fraude fiscal e bancária.

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Em uma entrevista para o canal Fox News, Trump afirmou nesta manhã que o mercado de ações teria um “crash” se ele fosse impeachado. “Eu acho que todo mundo ficaria muito pobre, porque sem esse pensamento, você veria números que você não acreditaria, ao contrário”, disse ele.

Segundo dados do PredictIt.Org, o mercado vê uma chance de 90% de Trump ainda ser o presidente no fim deste ano, enquanto para dezembro de 2019 as perspectivas caem para 67%. Sobre as chances de um impeachment, as chances chegaram a 45% na quarta-feira, pouco acima dos 40% vistos uma semana antes.

Greg Valliere, estrategista-chefe global da Horizon Investments, disse em relatório que apesar destas últimas notícias aumentarem a chance de um impeachment do presidente, o mercado segue focado em uma economia que cresce em torno de 4%, com uma taxa de desemprego abaixo de 4%.

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“Se as guerras comerciais esfriarem um pouco neste outono, ainda achamos que as ações podem subir mais”, disse ele. “Não é uma imagem bonita aqui em Washington, mas enquanto Trump não sair totalmente dos trilhos, os investidores podem compartimentalizar”, completou. O mercado não tem se abalado com estes escândalos do presidente, sendo que desde que Robert Mueller se tornou consultor especial para apurar uma possível intervenção russa nas eleições, em maio de 2007, a bolsa dos EUA já subiu 20%.

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Diferente do que se vê no Brasil, Oliver Jones, economista da Capital Economics, diz não acreditar que a política tenha tanta influência nos preços do mercado. “Nossa previsão de que o S&P 500 cairá drasticamente até o final do próximo ano está, ao contrário, enraizada em nossa avaliação pessimista das perspectivas para a economia dos EUA e os ganhos das empresas”, explica.

Ele lembra de casos históricos nos EUA, como o escândalo de Watergate com Richard Nixon, em 1974, e o impachment de Bill Clinton em 1998. No primeiro caso, o mercado sofreu um grande abalo, mas segundo Jones, muito mais por conta da crise do petróleo, que levou os EUA à recessão. Já o caso Clinton praticamente não teve efeito na bolsa, com o S&P 500 subindo 30% nos 13 meses entre o início do escândalo e o julgamento de impeachment no Senado.

Em geral, a visão dos mercados internacionais é que a maior preocupação é diretamente o impacto econômico, e, por enquanto, não há grandes riscos de mudança com um possível processo de impeachment contra Trump. Analista acreditam que um abalo no curto prazo até é provável, mas realmente os temores são outros.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.