Ibovespa acentua queda no fim e fecha abaixo de 78 mil pontos; dólar sobe para R$ 3,78

Em dia de noticiário doméstico fraco, índice registrou um desempenho bem abaixo do visto no exterior

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Diante do clima de tensão no exterior, o Ibovespa voltou a recuar nesta segunda-feira (23) em sua segunda queda nos últimos oito pregões. O dia foi marcado pela ameaça do presidente Donald Trump ao Irã, além dos alertas dos líderes do G-20 sobre o impacto negativo do protecionismo para o crescimento econômico.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com perdas de 0,73%, aos 77.996 pontos, com o volume financeiro atingindo R$ 7,028 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, amenizou os ganhos durante a tarde, encerrando com leve alta de 0,24%, cotado a R$ 3,7831 na venda, após chegar a atingir os R$ 3,7991 na máxima do dia.

As bolsas em todo o mundo seguem pressionadas por disputas políticas e comerciais protagonizadas pelos Estados Unidos, reagindo ainda a novas divulgações de resultados corporativos. Também ressoam nos mercados as ameaças de Trump à China. Em entrevista para a CNBC, o republicano demonstrou estar preparado para aplicar mais de U$S 500 bilhões em tarifas sobre todas as importações do país asiático. O Dow Jones e o S&P 500 ficaram praticamente estáveis.

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A reunião dos países do G-20 na Argentina, neste final de semana, parece não ter contribuído muito para acalmar os ânimos. O documento final do encontro, realizado entre ministros de finanças e presidentes dos Bancos Centrais, pede por mais diálogo e comércio entre as nações. No entanto, lideranças mundiais reiteraram suas condições à negociação, com o secretário do Tesouro americano afirmando que as ameaças de Trump à China são “definitivamente uma possibilidade realística”.

O presidente dos EUA ainda voltou ao Twitter nesta segunda com uma mensagem acalorada ao presidente do Irã, escrevendo em maiúsculas: “Nunca ameace os Estados Unidos de novo ou você sofrerá consequências de dimensões que poucos na história já sofreram antes”. O tuíte veio em resposta a uma manifestação do iraniano Hassan Rouhani, que alertou os americanos quanto à ideia de aplicar medidas hostis contra Tehran, capital do país: “a guerra com o Irã é a mãe de todas as guerras”.

Destaques do mercado

Do lado negativo, as ações da Ultrapar recuaram após o Credit Suisse rebaixar a empresa para “underperform”, enquanto os papéis da Suzano recuperaram-se depois da queda da última semana acompanhando a alta do dólar com os temores sobre os impactos do protecionismo na economia global.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 TIMP3 TIM PART S/AON 12,65 -3,80 -2,51 77,62M
 CSAN3 COSAN ON 38,01 -3,77 -5,78 52,74M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 29,70 -3,51 +44,88 34,06M
 LREN3 LOJAS RENNERON 30,68 -3,46 -13,18 42,26M
 SMLS3 SMILES ON 53,00 -3,43 -26,51 27,58M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CCRO3 CCR SA ON 11,26 +4,36 -29,13 120,45M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 41,11 +3,27 +121,02 180,78M
 BRAP4 BRADESPAR PN 29,38 +1,91 +6,04 23,05M
 VALE3 VALE ON 49,60 +1,81 +24,60 419,56M
 WEGE3 WEG ON ED 18,84 +1,47 +2,88 40,12M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 19,26 -0,16 676,99M 1,10B 39.138 
 VALE3 VALE ON 49,60 +1,81 419,56M 640,80M 17.235 
 BBDC4 BRADESCO PN 30,35 -1,14 389,55M 388,20M 25.336 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 45,39 -1,92 367,53M 497,33M 16.493 
 ITSA4 ITAUSA PN 10,60 -2,48 208,77M 170,04M 22.470 
 B3SA3 B3 ON 22,99 -1,12 189,09M 231,84M 16.917 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 41,11 +3,27 180,78M n/d 16.058 
 BBAS3 BRASIL ON 32,78 -0,67 176,89M 361,04M 11.196 
 CCRO3 CCR SA ON 11,26 +4,36 120,45M 54,82M 22.458 
 BBDC3 BRADESCO ON 27,35 -0,55 114,35M 49,74M 9.641 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Agenda econômica da semana
Entre os indicadores, a agenda doméstica está mais tranquila nos próximos dias, com atenção para a Nota do Setor Externo do mês de junho, divulgada pelo Banco Central na quinta-feira (26). A GO Associados projeta saldo negativo de US$ 250 milhões na balança de transações correntes no mês, o equivalente a um déficit de US$ 12,5 bilhões (-0,6% do PIB) nos últimos 12 meses.

Nos EUA, os investidores acompanharão os dados do setor imobiliário na segunda (23) e quarta-feira (25), a sondagem PMI da indústria e do setor dos serviços na terça-feira (24), e o dado mais relevante da semana, a primeira prévia do resultado do PIB do segundo trimestre, que sai na sexta-feira (28). 

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A expectativa do mercado é que a economia norte-americana tenha mantido um bom ritmo de crescimento no período, com projeções rodando de crescimento anualizado acima de 3%. A confirmação da força do ciclo econômico nos EUA, associado a uma taxa de inflação anual acima da meta do Fed, podem ajudar a consolidar a projeção de 4 altas de juros este ano, apesar das recentes falas de Trump deixarem o cenário mais nebuloso.

Na Europa ocorre a reunião do BCE (Banco Central Europeu) na quinta-feira (26). O mercado não espera grandes novidades e o presidente da autoridade, Mario Draghi, deve confirmar seu discurso de junho, quando anunciou a possibilidade de um aumento na taxa de juros apenas no verão europeu de 2019. Para conferir a agenda completa de indicadores e resultados, clique aqui.

Notícias do dia

As convenções partidárias, que tiveram o seu pontapé inicial na última sexta-feira (20), foram o destaque do noticiário. No primeiro fim de semana de convenções nacionais, os partidos políticos confirmaram cinco candidatos a presidente da República: Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Rabello de Castro (PSC) e Vera Lúcia (PSTU). As convenções têm de ser realizadas até 5 de agosto, e o prazo para pedir o registro das candidaturas na Justiça Eleitoral encerra-se em 15 de agosto.

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Bolsonaro foi chancelado como candidato do PSL em convenção no último domingo, com um discurso crítico ao chamado “Centrão”, que fechou acordo com Geraldo Alckmin, mas sem poupar críticas aos governos anteriores do PT. Enquanto isso, dirigentes do PSL dizem que Janaína Paschoal, que esteve na convenção, alegou entraves familiares para não ser vice de Bolsonaro, segundo a Coluna Painel, da Folha de S. Paulo. Os jornais também destacam apaziguamento de divergências de Paulinho (SD) com Alckmin após o tucano prometer alternativa ao imposto sindical, a plataforma do candidato com abertura comercial gradual e a tentativa do PSB de recolocar ex-juiz Joaquim Barbosa na corrida presidencial (o que dificilmente deve acontecer). 

Leia mais: 

– Bolsonaro lança candidatura e diz: “sou patinho feio dessa história, mas seremos bonitos brevemente”
– O “patinho feio fardado”: a estratégia de Jair Bolsonaro após o isolamento

Já o Valor destaca que a retomada da cobrança de Imposto de Renda sobre dividendos é praticamente consenso entre economistas dos principais pré-candidatos à Presidência da República, ganhando defensores entre candidatos da centro-direita depois da reforma tributária americana, promovida pelo governo de Donald Trump no fim do ano passado. 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.