Vale e siderúrgicas caem com guerra comercial; Embraer cai 4% após ser “trocada” e Eletrobras dispara

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (11)

Lara Rizério

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Se na véspera a sessão foi de tranquilidade para o mercado brasileiro, o dia é de queda nesta quarta-feira (11) para a bolsa em meio ao novo capítulo da guerra comercial entre EUA e China. Já a Embraer tem baixa de mais de 2% após a companhia ser “trocada” pela Airbus em uma encomenda feita pela JetBlue. Confira os destaques do mercado no pregão:

Eletrobras (ELET6)
As ações da Eletrobras sobem forte, após abrirem em queda após a fala do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que praticamente enterrou a privatização da estatal. A virada aconteceu porque, segundo o Valor, os senadores estão tentando convencer o presidente do Senado, Eunicio Oliveira, a pôr em votação ainda hoje projeto de lei que permite a privatização de seis distribuidores de energia controladas pela estatal. Segundo os analistas da XP Investimentos, a partir do momento que a lei for aprovada, também é importante monitorar possíveis participantes do leilão como a Equatorial (EQTL3). 

Ainda sobre as estatais, Maia anunciou ontem à noite, logo após a aprovação do Projeto de Lei 10332/18 autorizando a venda das concessionárias de energia elétrica, considerado positivo para a estatal, que o projeto de privatização da Eletrobras não será mais votado neste ano. 

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Na semana passada, Maia havia se comprometido a pautar o projeto apenas após a definição das eleições presidenciais deste ano. Para Rodrigo Maia, a matéria deveria ser capitaneada ou não pelo futuro novo presidente da República. No entanto, após pressão de parlamentares da oposição, decidiu retirar a proposição da pauta de votações do segundo semestre.

“Informo que nosso acordo em relação à não votação do PL [projeto de lei] da Eletrobras está garantido e será conduzido dessa forma por esta presidência. Não votaremos o PL da Eletrobras neste ano”, afirmou Rodrigo Maia, ao responder o questionamento feito pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

A proposta estabelece que a privatização ocorrerá por meio do lançamento de novas ações no mercado até que esse número transforme a União em acionista minoritária. O projeto também prevê que, para preservar interesses estratégicos nacionais, os novos acionistas serão proibidos de acumular mais de 10% do capital da empresa.

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A privatização da Eletrobras foi anunciada pelo governo em agosto do ano passado. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o valor patrimonial da Eletrobras é de R$ 46,2 bilhões, e o total de ativos da empresa soma R$ 170,5 bilhões. O governo espera obter com a venda cerca de R$ 12 bilhões. A empresa é responsável por um terço da geração de energia do país.

Vale (VALE3) e siderúrgicas
A Vale registra um dia de queda em meio ao novo capítulo da guerra comercial entre EUA e China. Ontem, os EUA anunciaram tarifas adicionais sobre US$ 200 bilhões em produtos da China, abrangendo 6031 itens de produtos agrícolas, minerais e do setor de construção. Já a China declarou que a nova ameaça americana é totalmente inaceitável e que irá tomar providências sobre isso. Siderúrgicas como Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e (CSNA3) também têm queda. 

 

Petrobras (PETR4)
Em um dia de queda para o petróleo após a nova ameaça de Trump em promover mais tarifas com produtos chineses, a Petrobras abriu com perdas, mas logo virou para alta. O movimento foi intensificado após os dados de estoque de petróleo nos EUA, com queda de 12,36 milhões de barris na semana, ante expectativa de queda de 3,89 milhões. 

No radar da companhia, menos otimista, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, não incluiu a aprovação do projeto de cessão onerosa no Senado na lista de prioridades para o primeiro semestre deste ano. O governo queria aprovar a matéria na Casa antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de julho, porém não acredita mais nessa possibilidade.

Já no radar da companhia, a Petrobras mudou o preço da gasolina nas
refinarias de R$ 2,0369 o litro para R$ 2,0527 o litro, segundo
informações no website da empresa. Os preços antes de impostos são válidos a partir de 12 de julho. 

Ambev (ABEV3)
Um dos setores afetados pelo “Bolsa Caminhoneiro” do governo, as empresas produtoras de refrigerantes recuperaram benefício fiscal perdido durante a crise dos transportes de maio, que culminou em um anúncio de redução no preço do diesel. Nesta terça-feira (10), o Senado aprovou um projeto que restabelece condições especiais ao segmento, suspendendo trechos de um decreto editado pelo presidente Michel Temer. A medida deve promover impactos fiscais negativos ao governo, que esperava arrecadar R$ 740 milhões somente neste ano com a alteração.

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A proposta aprovada na casa legislativa foi sugerida pelos senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Omar Aziz (PSD-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM) e propõe a volta das condições para o setor antes do decreto aprovado no calor da paralisação dos caminhoneiros.

Com isso, as produtoras de refrigerantes voltam a ter crédito de 20% — e não mais 4% — no IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) dos “concentrados” para a bebida. Trata-se de um incentivo fiscal a indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus (AM), estado dos três parlamentares que articularam a aprovação do texto no Senado.

“A notícia é marginalmente positiva para Ambev, mas não deve trazer volatilidade e além disso, ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados”, destaca a XP Investimentos. 

Even (EVEN3)

A Even divulgou sua prévia operacional do segundo trimestre de 2018, as vendas líquidas no período somaram R$ 329 milhões. Foi lançado um empreendimento no 2º trimestre, com VGV (Valor Geral de Vendas de R$ 257 milhões), diz a Even em comunicado. O land bank encerrou o 2º trimestre com R$ 6,7 bilhões em VGV potencial.

Segundo o BTG, os números operacionais do trimestre mostraram que as vendas melhoraram um pouco apesar do baixo volume de lançamentos no trimestre. Os analistas do banco reiteraram recomendação de compra por  valuation. 

Direcional (DIRR3)

A Direcional também divulgou prévia operacional, com lançamentos atingindo R$ 848 milhões no primeiro semestre de 2018, crescimento de 69% na base de comparação anual. No período, as vendas líquidas atingiram R$ 704 milhões, crescimento de 57% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Construtoras

Ainda sobre construtoras, a proposta dos distratos foi rejeitada ontem na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Agora, o projeto segue para o plenário, porém com indicação de rejeição da proposta.

Segundo a equipe de análise política da XP Investimentos, o tamanho da derrota (14 a 6), além de 2 votos contrários do próprio PSDB, demonstram que dificilmente o governo conseguirá reverter esse quadro no plenário no curto prazo.

Em outra frente, a líder do MDB, Simone Tebet (MDB-MS), que capitaneou o movimento para derrubar a proposta, articula a aprovação de outro projeto referente aos distratos, considerado menos benéfico às incorporadoras do que o anterior, por separar a multa em dois casos: (1) incapacidade laborativa ou perda da relação de emprego, a multa seria de apenas 13%; (2) desistência imotivada, que sofreria uma multa de 36%. No projeto recentemente rejeitado no CAE, piso da multa era de 25%, podendo chegar a 50% em alguns casos.

Embraer (EMBR3)

O Bradesco BBI destaca em relatório um efeito colateral do acordo entre Embraer e Boeing: o menor poder de negociação para Embraer com pedido da companhia aérea americana JetBlue. 

A JetBlue anunciou a encomenda de 60 jatos comerciais da Airbus (anteriormente chamado de CSeries, Bombardier), que substituirão a frota existente de 60 aviões E190, da Embraer, com os jatos deixando de operar a partir de 2020. Hoje a Embraer tem 24 pedidos firmes de E190 para a JetBlue na carteira de pedidos firmes (56% do total de pedidos de E190), e o comunicado da JetBlue não fala explicitamente sobre esse pedido.

O pedido da JetBlue para a Airbus indica que a companhia está conseguindo convencer clientes que também operam aeronaves da Embraer a migrar para a Bombardier, destacam os analistas do banco. 

 

 

Braskem (BRKM5)
A companhia informou que ainda não concluiu tratativas com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União e a Advocacia Geral da União sobre seu acordo de leniência relacionado aos fatos revelados pela Operação Lava Jato.

BRF (BRFS3)

Segundo a Coluna do Broad, a BRF segue com seu processo para a contratação dos bancos de investimento que ficarão à frente da venda de ativos, conforme o plano de reestruturação anunciado pela processadora de alimentos.

A empresa não fará, entretanto, um processo formal, com o envio dos chamados RFPs (request for proposals, em inglês), ou solicitação de propostas. Ela está pedindo às instituições financeiras propostas comerciais para a venda de ativos específicos. Alguns enviarão sugestões para a venda de ativos na Europa, outros para Argentina e outros para Tailândia.

Desta forma, diz a publicação, espera-se que três bancos de investimento sejam contratados para assessorarem os desinvestimentos e a seleção deve ser finalizada em breve. A BRF tem como meta levantar, com esse programa, R$ 5 bilhões, baixando a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 4,35 vezes até o fim deste ano – no fim do primeiro trimestre, estava em 4,44 vezes.

Restoque (LLIS3)

A Restoque,  dona das marcas Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John, Rosa Chá e Dudalina, teve as estimativas atualizadas pelo BTG Pactual, reiterando BUY, com novo preço-alvo de R$ 44.

Conforme ressaltam os analistas, os últimos trimestres foram marcados por um turnaround expressivo, após uma queda da produtividade das lojas, alavancagem alta e a integração conturbada da Dudalina em 2014.

“Esse turnaround se deu com fechamento de lojas com baixo desempenho, redução de headcount (com 280 demissões no primeiro semestre em áreas administrativas) e maior assertividade de coleções”, afirmam os analistas.

Já no segundo semestre, a empresa concentrou-se na redução do estoque de coleções antigas, na incorporação da Dudalina (que deverá amortizar ágio nos próximos anos) e no início da operação da fábrica da Dudalina em Goiás (que trouxe benefícios fiscais).

De acordo com os analistas do banco, o papel segue com liquidez baixa (free float de cerca de 4%), mas o risco/retorno parece muito atrativo nesses níveis (com a empresa negociando a 10 vezes o preço sobre lucro de 2018). 

BR Malls (BRML3)
A empresa teve seus papéis elevados de recomendação de “manutenção” para “compra” pelo Santander, com preço-alvo de R$ 13,30.

(com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.