Sem conseguir honrar dívida, Andrade tenta fechar novo acordo com credores

A construtora - que já foi a segunda maior do País - conta com a boa vontade dos credores para não ter outros pagamentos de dívidas antecipados

Estadão Conteúdo

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Dois meses após deixar de pagar uma dívida de US$ 345 milhões (R$ 1,35 bilhão), a empreiteira Andrade Gutierrez ainda não conseguiu fechar acordo para levantar dinheiro novo no mercado e honrar o compromisso. Envolvida na Operação Lava Jato e com R$ 508 milhões em bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a construtora – que já foi a segunda maior do País – conta com a boa vontade dos credores para não ter outros pagamentos de dívidas antecipados.

O Estado apurou que as conversas com a gestora de investimentos Pimco estão travadas por causa de garantias. E a gestora, que inicialmente negociava um empréstimo à construtora, agora tomou a frente das tratativas com credores para tentar criar as condições necessárias para o fechamento do acordo.

A ideia inicial era fazer uma nova emissão de títulos de US$ 540 milhões (R$ 2,1 bilhões) para rolar a dívida vencida e dar fôlego novo à empreiteira. Em maio, o conselho de administração da Andrade aprovou a emissão dos títulos no mercado internacional e deu garantia pessoal dos acionistas e garantias reais da companhia para tornar a operação viável.

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Mas, com a queda no preço das ações da CCR, principal ativo da Andrade usado como garantia para o novo empréstimo, o fundo passou a exigir mais da construtora, que não tem tanta margem para melhorar as condições.

Diante disso, a alternativa buscada pela Pimco é elevar a adesão dos credores para uma nova emissão, de forma a reduzir os riscos. Isso significa definir novo prazo e preço para os papéis, além de uma amortização mínima (mais ou menos 10%) dos títulos, em condições razoáveis para os credores.

Essa negociação, no entanto, também não tem sido fácil, já que envolve um número grande de investidores, afirmam fontes ligadas ao assunto. Procuradas, Pimco não respondeu e Andrade disse que não comentaria.

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Na semana passada, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating da construtora para C – a pior nota da escala. O rating reflete a situação da companhia, que não tem recurso em caixa suficiente para cobrir a dívida. Até setembro, último dado disponível, a empreiteira tinha R$ 665 milhões em caixa. A Moody’s calcula que, pelo menos, parte desse montante tenha sido consumido “devido ao fluxo de caixa negativo da empresa da ordem de R$ 250 milhões por trimestre”.

Ativos

A situação só não é pior porque a empresa conseguiu arrecadar R$ 750 milhões com a venda de ativos e fechou R$ 4,4 bilhões em novos contratos. Apesar disso, a carteira de obras caiu para R$ 18,3 bilhões em setembro de 2017, segundo a Moody’s. Em 2014, quando as construtoras foram envolvidas na Lava Jato, a empresa tinha portfólio de R$ 30 bilhões.

Com o escândalo de corrupção, além da dificuldade em conquistar novas obras, o grupo teve de queimar caixa, aportar capital e vender ativos para honrar compromissos. Um dos últimos negócios foi a venda de 12,69% na Cemig – o que pode ter gerado quase R$ 600 milhões para a empresa. Antes disso, a companhia já havia se desfeito de participações na Oi e na Sanepar, empresa de saneamento do Paraná.

Ainda estão à venda fatia no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, e uma participação indireta na Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira – em negociação com grupos chineses. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.