Dia fraco? As 5 notícias que fizeram o mercado “pegar fogo” durante o feriado nos EUA

De nova pesquisa eleitoral a privatização da Eletrobras, o mercado brasileiro não teve tranquilidade mesmo sem a "referência" dos EUA

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Para quem acompanha o mercado financeiro, a expectativa era de uma quarta-feira (4) bem morna, sem muito volume na bolsa por conta do feriado de Independência dos Estados Unidos. Porém, o fluxo de notícias no Brasil agitou bastante os negócios, inclusive com o Ibovespa subindo 1,5% (veja mais clicando aqui).

Entre pesquisa eleitoral e novidades importantes envolvendo a Petrobras e Eletrobras, 5 notícias agitaram o dia, confira abaixo:

1) A novela da cessão onerosa
Segundo o Estadão, a revisão de regra do TCU tirou obstáculo para realizar leilão de excedente da cessão onerosa ao criar uma regra de transição em relação a envio de informações para leilões que só valeria a partir de 2019. A Petrobras não respondeu imediatamente a pedido de comentário do jornal.

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No fim de junho, o Tribunal passou a exigir do poder público o envio de um extrato com todas as informações relacionadas a qualquer licitação com antecedência mínima de 150 dias da data da publicação de um edital. Com isso, aumentariam as incertezas sobre o leilão da cessão onerosa, que dificilmente ocorreria este ano. Assim, com a revisão feita pelo TCU, os riscos políticos para o leilão diminuem consideravelmente. 

Além disso, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse em Plenário durante a tarde que pretende votar ainda hoje três propostas antes de iniciar a análise da medida provisória que trata do preço de frete dos caminhoneiros (MP 832/18). Dentre elas, a votação da proposta (PL 8939/17) que autoriza a Petrobras a ceder a outras empresas 70% da exploração de uma parte do pré-sal da Bacia de Campos cedido à estatal em 2010 por meio de cessão onerosa. Confira aqui uma análise e entenda como a notícia é positiva para a Petrobras.

2) Privatização da Eletrobras
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça a apreciação em regime de urgência do projeto de lei que abre caminho para privatização de distribuidoras de energia elétrica da Eletrobras. Durante a tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que pretende colocar em votação hoje a proposta. 

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O requerimento foi aprovado por 226 votos favoráveis e 48 contrários, além de 6 abstenções. A base do governo Temer apresentou o pedido de urgência à tarde, com 284 apoios.

O projeto de lei 10.332/2018 cria condições para venda de seis distribuidoras controladas pela estatal, mas que enfrentam problemas operacionais e dificuldades financeiras: Amazonas Energia, Centrais Elétricas de Rondônia, Companhia de Eletricidade do Acre, Companhia Energética de Alagoas, Companhia de Energia do Piauí e Boa Vista Energia, de Roraima.

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As distribuidoras estão sem contratos de concessão vigentes, e a Eletrobrás vai assumir as dívidas, para tornar o leilão mais interessante a empresas. O projeto é uma das prioridades do Palácio do Planalto, que deseja a aprovação antes do recesso parlamentar.

Mesmo com incertezas jurídicas, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski decidir que a venda de empresas estatais deve passar pelo Congresso e com indicadores financeiros ruins, as distribuidoras da Eletrobras representam uma grande oportunidade de negócios para os investidores, na avaliação de autoridades do setor elétrico.

“A notícia é positiva para a Eletrobras e para potenciais participantes de um eventual leilão das distribuidoras. No entanto, notamos que o calendário para a aprovação da proposta ainda é apertado, tendo em vista que o recesso do Congresso se inicia a partir de 18 de julho”, destaca a equipe de análise da XP Investimentos. 

Vale ressaltar que o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., afirmou  em entrevista à rádio CBN, que está otimista sobre a votação pela Câmara do projeto de lei que cria condições para venda de seis distribuidoras controladas pela estatal, antes do leilão, marcado para 26 de julho. “O projeto é muito curto e apenas dá de fato as condições necessárias para que todas as distribuidoras sejam colocadas nesse leilão”, afirmou.

3) Negócio entre Embraer e Boeing
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o governo deu aval para acordo com a Boeing. Segundo a publicação, as duas fabricantes de aviões formalizarão nos próximos dias um memorando com detalhes da criação de terceira empresa e o controle será 80% americano e 20% brasileiro; o conselho terá presença de brasileiro. O negócio ainda não está certo, no entanto, pois terá de ser informado ao governo, que realizará auditorias que podem durar quatro meses. 

Mais cedo, em comunicado em resposta à B3, a Embraer reafirmou que ela e a Boeing “continuam mantendo entendimentos, inclusive por meio do grupo de trabalho do qual o governo brasileiro participa, com vistas a avaliar possibilidades para potencial combinação de negócios, que poderá envolver a segregação das atividades de aviação comercial das demais atividades da Embraer (especialmente área de defesa e aviação executiva)”.

4) Fusão de shoppings
O Valor Pro informou, citando fontes, que a Aliansce e a Sonae Sierra estão em negociações para fusão. Segundo a publicação, as conversas estão em curso e as partes ainda precisam resolver presença da Sonae no conselho e na gestão.

Em comunicado divulgado durante o pregão, a Aliansce confirmou que iniciou tratativas preliminares para uma potencial combinação de suas operações. “Não obstante, até o momento, não existe nenhum acordo, oferta ou proposta vinculante acerca de eventual transação, nem mesmo qualquer definição sobre a estrutura da potencial operação ou aprovação pelos órgãos societários competentes das partes envolvidas. Dessa forma, até o momento, não há nenhuma garantia sobre a efetivação de qualquer negócio entre as partes”, informou na nota. 

A companhia disse que manterá seus acionistas e o mercado em geral informados e voltará a comentar o assunto, caso seja concretizado qualquer fato que deva ser divulgado.

5) Pesquisa eleitoral
pesquisa DataPoder360, publicada pelo site Poder360, mostrou que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) segue na dianteira nas pesquisas de intenção de voto em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de registrar variação negativa na comparação com o último levantamento, de maio. Enquanto isso, 5 candidatos aparecem embolados em segundo lugar, com leve vantagem para o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. 

Nas simulações de primeiro turno apenas com os 6 candidatos mais competitivos, que têm 5% ou mais de intenção de voto nos últimos meses, Bolsonaro tem 21%, ante 25% em maio. Já Ciro conta com 13% dos votos, ante 12% da pesquisa anterior. O pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, oscilou positivamente, passando de 6% das intenções de voto em maio para 7% no mês seguinte. O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cotado para ser o candidato do PT no lugar de Lula, tem 6% ante 8% em maio. Álvaro Dias (PODE-PR), oscilou negativamente de 6% em maio para 5% em junho.

No segundo turno, Bolsonaro venceria as quatro simulações feitas pelo instituto acima da margem de erro. Contra Ciro, o deputado conta com 36% das intenções de voto ante 26% do pré-candidato do PDT. Contra Marina, ele conta com os mesmos 36% ante 31% da ex-senadora. No embate com Alckmin, Bolsonaro tem 35% das intenções de voto ante 25% do tucano e, na disputa com Haddad, ele conta com 36% ante 23% do petista.

Vale destacar também que o maior percentual da pesquisa é a taxa de “não voto”, de 40% a 42%, a depender do cenário testado, que dizem que votarão em branco ou nulo ou que estão indecisos ou não respondem. Veja mais clicando aqui.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.