Ibovespa se recupera com exterior e tem terceira alta seguida; dólar sobe 0,9% com ausência do BC

Apesar de ganhar força, índice ainda é pressionado pelo exterior com o temor de uma guerra comercial nos Estados Unidos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa zerou as perdas nesta segunda-feira (2) após chegar a cair 1,14% na mínima do dia acompanhando os índices em Wall Street, que também foram se recuperando ao longo do pregão, mas ainda pressionados pelos temores de uma guerra comercial nos EUA e também com o fraco desempenho da produção industrial chinesa. O dólar, por sua vez, seguiu em forte alta também puxado pelo exterior e ainda pela falta de atuação do Banco Central.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,11%, aos 72.839 pontos, chegando assim a sua terceira alta consecutiva. O volume financeiro, por sua vez, ficou em R$ 6,669 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial voltou a superar a marca de R$ 3,90, fechando com ganhos de 0,87%, cotado a R$ 3,9111 na venda.

Entre as ações, o grande destaque ficou para a BRF (BRFS3), que saltou mais de 12% em meio à reestruturação bilionária anunciada na sexta-feira (confira mais clicando aqui). Já os juros futuros encerraram o dia com forte queda, com o contrato para janeiro de 2019 recuando 5 pontos-base, a 6,79%, enquanto os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíram 6 pontos-base, para 9,25%.

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No radar internacional, em entrevista ao canal de televisão norte-americano Fox News, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou atacar a UE (União Europeia) e os acordos comerciais feitos até então com o bloco. Segundo o presidente, a UE é “possivelmente tão má como a China” na sua relação comercial com os Estados Unidos, mais uma vez chamando atenção para o setor automobilístico: “veja o exemplo dos carros. Eles mandam os Mercedes deles para cá e nós não podemos mandar para lá os nossos carros”, criticou.

Ainda na entrevista, Trump acusou a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de manipular o mercado, em linha com as críticas feitas no próprio sábado (30), quando postou através de sua conta oficial do Twitter que o rei da Arábia Saudita, Salman, concordou com seu pedido para aumentar a produção de petróleo em “talvez até 2 milhões barris” para compensar a produção do Irã e da Venezuela. Essa declaração faz com que a commodity recue cerca de 0,6% em NY e Londres.

Para contribuir ao clima de maior aversão ao risco, os últimos dados de atividade industrial da China mostraram que a expansão do setor perdeu força no mês passado, levando a um recuo das commodities metálicas. O PMI (Purchasing Managers Index) oficial da indústria chinesa caiu de 51,9 para 51,5 na passagem de maio para junho, enquanto medida similar da IHS Markit e da Caixin Media recuou de 51,1 para 51 no mesmo período. Apesar da queda, os números ficaram praticamente em linha com o esperado pelo mercado.

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Destaques do mercado

Entre os destaques negativos, além das ações ligadas as commodities, os papéis da Localiza e CVC corrigem os ganhos da última semana, enquanto do lado positivo as atenções ficam por conta dos ativos da BRF, que disparam com o plano de reestruturação anunciado na última sexta-feira (29). Confira os principais destaques de ações clicando aqui.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 20,21 +12,28 -44,78 490,03M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 14,68 +8,34 -35,33 47,05M
 ELET3 ELETROBRAS ON 13,06 +7,14 -32,47 60,31M
 KROT3 KROTON ON 9,73 +4,40 -46,24 49,09M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 58,50 +3,03 -9,34 46,01M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VVAR11 VIAVAREJO UNT N2 17,88 -3,92 -26,84 30,22M
 CCRO3 CCR SA ON 9,75 -3,66 -38,63 34,93M
 WEGE3 WEG ON EJ 15,66 -3,43 -14,87 25,19M
 MULT3 MULTIPLAN ON EJ N2 55,31 -2,96 -21,22 83,44M
 GOLL4 GOL PN N2 10,12 -2,88 -30,68 18,27M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 17,47 +1,63 932,21M 1,33B 46.529 
 BRFS3 BRF SA ON 20,21 +12,28 490,03M 173,45M 46.757 
 VALE3 VALE ON 48,76 -1,67 368,92M 983,32M 17.363 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 40,35 +0,06 303,69M 675,07M 16.802 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 19,68 +1,34 296,47M 309,60M 8.930 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 26,55 -0,71 259,15M 452,45M 20.202 
 BBAS3 BRASIL ON 29,39 +2,58 233,98M 411,78M 22.225 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,28 +1,09 179,14M 262,40M 18.585 
 RAIL3 RUMO S.A. ON 13,86 -1,70 139,75M 110,58M 6.783 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,14 +0,89 131,44M 336,08M 14.604 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

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Agenda econômica da semana

Após a alta de 2,4% do dólar na semana passada, o Banco Central anunciou na sexta-feira plano de rolar integralmente os US$ 14 bilhões de swaps que vencem em 1 de agosto e de fazer leilões de swap cambial e de linha nas próximas semanas, sempre que necessário. Nesta segunda, o BC faz leilão de até 14.000 contratos de swap de 1 de agosto; a autoridade monetária reafirma que não vê restrições para que o estoque de swaps cambiais exceda consideravelmente os volumes máximos atingidos no passado.

Já entre os indicadores, destaque na quarta-feira (4), para o resultado da produção industrial, divulgado pelo IBGE. A GO Associados projeta queda de 16,6% ante o mês de abril, que caso se confirme, será a maior queda na série histórica do setor, sendo reflexo da greve dos caminhoneiros. Segundo os economistas, os indicadores antecedentes do setor mostraram números bastante negativos, corroborando para a projeção pessimista do setor no mês.

Já na sexta-feira (6), o evento mais importante da semana: o IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) de junho. A expectativa da GO é de alta de 1,02%, levando o indicador para 4,14% no acumulado de 12 meses. A inflação deve seguir pressionada em função da greve dos caminhoneiros e do acionamento da bandeira vermelha nível 2 nas contas de energia elétrica. “Em termos prospectivos, a inflação deve seguir abaixo do centro da meta neste ano. Parte dos efeitos da greve devem ser devolvidos ao longo dos próximos meses. No entanto, a desvalorização cambial deve levar a uma inflação mais elevada no ano”, afirma a GO Associados.

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Agenda externa da semana

Nos EUA, atenção para terça-feira (3) e quarta-feira (4). No primeiro dia, o mercado fechará mais cedo, às 13h, por conta do feriado no dia seguinte, de Dia da Independência do país. Além disso, a semana terá atenção especial para a guerra comercial entre os EUA e seus parceiros comerciais.

Nesse cenário de indefinição, o mercado ficará de olho aos dados de atividade relativos aos meses de maio e junho, que serão publicados durante a semana: o PMI industrial de junho sai nesta segunda-feira (2), as encomendas à indústria de maio saem na terça-feira (3), e o PMI composto e de serviços de junho será divulgado na quinta-feira (5).

Por fim, o dado mais importante da semana sai na sexta-feira (6), com o relatório de emprego, que será importante para calibrar o ritmo da inflação no país. Dados acima do esperado devem reforçar o fortalecimento da retomada nos EUA e elevar a probabilidade do cenário com 4 altas de juros em 2018.

Noticiário político

Em meio ao clima de Copa do Mundo, a política ganha menos destaque nas páginas dos jornais. Mas, mesmo assim, importantes desdobramentos que podem ter implicação inclusive nas eleições continuam sendo destaque. Na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu  arquivar a reclamação apresentada pela defesa do petista de que um recurso pela liberdade de Lula fosse analisado pela Segunda Turma, e não pelo plenário da Corte, conforme determinado pelo ministro Edson Fachin. Com isso, o caso do petista só deverá ser analisado pelo plenário da Corte em agosto, já que o Supremo entrou em recesso. 

Na última sessão do STF antes do recesso, o ministro Edson Fachin afirmou que vai analisar inicialmente se a questão da inelegibilidade do ex- presidente será enfrentada ou não pelo plenário do tribunal, antes de discutir a questão da prisão, segundo reportagem do site Jota. Fachin deu cinco dias de prazo para que a defesa de Lula esclareça se quer ou não tratar da elegibilidade. Na prática, se o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir que Lula está inelegível, o ex-presidente não terá outra instância para recorrer.

As movimentações para alianças eleitorais também chamam a atenção. Segundo a Folha de S. Paulo, com dificuldade para fechar alianças consistentes, o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, cedeu à pressão e acenou ao PSB com a vaga de vice em sua chapa ao Planalto. Em troca, porém, quer que o partido anuncie apoio a sua candidatura nas próximas duas semanas.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.