Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta sexta-feira

Confira os principais eventos deste pregão

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Após uma sessão de pânico no mercado brasileiro na véspera, com o Ibovespa mergulhando 2,98%, o dólar comercial saltando para R$ 3,2958 e os contratos de juros futuros sinalizando precificação de uma alta de 50 pontos-base na Selic ainda neste mês, os investidores devem reagir nesta sessão aos esforços do Banco Central em acalmar os ânimos, às movimentações no xadrez eleitoral e aos números da inflação oficial de maio. Confira ao que se atentar antes de operar nesta sexta-feira (8):

1. Bolsas mundiais

O dia é negativo para os principais índices acionários globais, com as ações europeias e os futuros norte-americanos recuando na sequência de baixas no mercado asiático em meio ao crescente receio com mercados emergentes. Também há preocupação entre os investidores com o ambiente mais tenso para as relações comerciais mundiais, com o mercado na expectativa dos desdobramentos da reunião da cúpula G7 no Canadá, que ocorrerá neste fim de semana.

Às 8h (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,48%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,53%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,98%

Continua depois da publicidade

*DAX (Alemanha) -0,74%

*FTSE (Reino Unido) -0,38%

*CAC-40 (França) -0,22%

Continua depois da publicidade

*FTSE MIB (Itália) -1,55%

*Hang Seng (Hong Kong) -1,76% (fechado)

*Xangai (China) -1,76% (fechado)

Publicidade

*Nikkei (Japão) -0,56% (fechado)

*Petróleo WTI -0,55%, a US$ 65,59 o barril

*Petróleo brent -0,91%, a US$ 76,62 o barril

Continua depois da publicidade

*Bitcoin US$ 7.573
R$ 29.550 -1,76% (nas últimas 24 horas)

2. Noticias do dia

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, anunciou, na noite de ontem, maior intervenção no mercado cambial para conter o dólar, que fechou o pregão em alta de 2,3%, cotado a R$ 3,926 — o maior valor desde 1º de março de 2016. Até o final da semana que vem, serão realizados leilões adicionais de contrato de swap cambial, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, no valor total de US$ 20 bilhões.

Goldfajn atribuiu a desvalorização do real ao cenário externo “mais difícil”, em que a elevação da taxa de juros dos Estados Unidos reverte o fluxo de capital das economias emergentes para os países avançados. Ele garantiu que a atuação do BC será coordenada com o Tesouro Nacional para prover liquidez ao mercado. “O BC e o Tesouro vão continuar oferecendo, de forma coordenada, liquidez continuada, seja ao mercado de câmbio, seja no mercado de juros, enquanto for necessário”, afirmou.

Publicidade

Por meio das operações de swap cambial, o Banco Central vende contratos de venda futura da moeda norte-americana, mas sem transferir o recurso de fato. Ao fim do contrato, o BC garante ao investidor o pagamento da variação do dólar no período e o investidor restitui a variação da taxa de juros no período. Se a taxa de juros for superior, o investidor embolsa os rendimentos. Se a moeda subir mais do que os juros no período, é o BC que sai ganhando. Esse contrato faz com que os investidores diminuam o apetite pela moeda norte-americana e o seu valor frente ao real seja reduzido no mercado de câmbio.

O presidente do BC não descartou adotar outras medidas de intervenção no câmbio, como o uso das reservas internacionais de US$ 380 bilhões do país para injetar dólar no mercado, ou a venda dos chamados contratos de linha. “Não temos nenhum preconceito em usar qualquer instrumento. Estou me referindo a swaps, reservas ou leilões de linha. Até hoje, vimos necessidade apenas na parte de swaps“.

Goldfajn defendeu o regime de câmbio flutuante e ressaltou que a política monetária está separada da política cambial e que o BC não vai usar a taxa básica de juros da economia para interferir no câmbio, mas apenas para controlar a inflação.

Os efeitos da fala do presidente do BC, contudo, pode ser ofuscado pelo clima de mal humor observado nos mercados internacionais, sobretudo em moedas emergentes.

Ainda no noticiário do dia, o Ministério dos Transportes informou que revogará a nova tabela com os preços mínimos dos fretes. O ministro Valter Casimiro convocou um novo encontro com representantes da categoria nesta sexta-feira para discutir a formulação de uma nova tabela. As alterações feitas na tabela anterior desagradaram representantes dos caminhoneiros e empresários, que viram uma redução média de 20% no preço em relação à primeira tabela, reivindicação que vinha sendo feita por setores como o agronegócio.

3. Agenda econômica

Por aqui, todas as atenções estarão, às 9h (horário de Brasília), com a divulgação do IPCA referente ao mês de maio, em que a GO Associados projeta alta de 0,40%, acelerando em relação a taxa apurada em abril, de 0,22%. A projeção anterior era de 0,20%, mas foi elevada por conta da greve, que deve pressionar principalmente os preços dos alimentos in natura e combustíveis.

“De toda forma, tal pressão deve ser temporária e não afetar a trajetória da inflação para o restante do ano. Itens in natura que subiram muito nos últimos dias, como a batata e a alface, por exemplo, devem se normalizar já em junho, devolvendo tais altas”, avalia a GO Associados. Em geral, a inflação deve seguir abaixo do centro da meta neste ano, mas a projeção de 3,60% possui viés de alta, segundo a GO, devido à pressão do câmbio. De qualquer forma, a atividade econômica em fraca recuperação deverá conter tais pressões de alta nos preços.

Por fim, na Ásia, em um contexto de relativo alívio das tensões comerciais entre os EUA e a China, os dados do setor externo do gigante asiático de maio serão publicados na sexta-feira (11). Os números devem dar novos sinais do impacto da guerra comercial sobre a China, que por ora parecem moderados, dado que a sondagem PMI de atividade da última semana ficou acima do esperado. Para conferir a agenda completa de indicadores, clique aqui.

4. Pesquisa eleitoral

Poucos dias após o fim da greve dos caminhoneiros, Jair Bolsonaro mantém a liderança da disputa presidencial nos cenários sem o ex-presidente Lula. O deputado, contudo, não conseguiu capitalizar, até o momento, os efeitos das manifestações e ampliar vantagem sobre os adversários. Segundo pesquisa realizada pelo IPESPE (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) entre os dias 4 e 6 de junho, a terceira encomendada pela XP Investimentos, Bolsonaro tem entre 21% e 23% das intenções de voto nas simulações sem o petista. O levantamento também mostrou Fernando Haddad numericamente à frente de Ciro Gomes quando o nome do ex-prefeito paulistano é associado à figura de Lula. O levantamento ouviu 1.000 entrevistados por telefone. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

No primeiro cenário estimulado testado, que desconsiderou o lançamento de uma candidatura própria pelo PT, Bolsonaro (PSL) obtém 23% das intenções de voto, o que representa uma oscilação para baixo de 2 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado entre 21 e 23 de maio. Na sequência, aparece Marina Silva (Rede), com 13% das intenções de voto, 1 ponto abaixo do percentual registrado no mesmo período. A ex-senadora está tecnicamente empatada com Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, que tem 11%. No levantamento anterior, o pedetista tinha 9% de apoio. Logo atrás, aparece o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), com 8% das intenções de voto, em uma oscilação de 1 ponto para baixo em comparação com os dois levantamentos anteriores. Álvaro dias tem 7%, 2 pontos acima do patamar registrado em maio. Brancos nulos e indecisos somam 32%, uma queda de 6 pontos em relação à última pesquisa.

No segundo cenário testado, em que a candidatura do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad é considerado candidato pelo PT, Bolsonaro tem 22% das intenções de voto, mesmo patamar do levantamento anterior. Na sequência, aparecem Marina Silva, com 13%; Ciro Gomes, com 11%; e Geraldo Alckmin, com 8% — todos com patamar igual ao da quarta semana de maio. Já Álvaro Dias oscilou de 4% para 6%. Haddad manteve os 3% da pesquisa anterior. Brancos, nulos e indecisos somam 30%, 2 pontos abaixo do percentual de duas semanas atrás.

Em uma simulação que associa seu nome à figura de Lula, Haddad salta para 11% das intenções de voto, 10 pontos atrás de Bolsonaro. Este cenário não havia sido testado nas pesquisas anteriores. O petista tem o mesmo patamar que Marina Silva e supera numericamente Ciro Gomes, apesar de os dois estarem tecnicamente empatados neste cenário. Geraldo Alckmin tem 8% e Álvaro Dias, 6%. Brancos, nulos e indecisos somam 27%.

Em uma simulação considerando a candidatura de Lula, o ex-presidente lidera a disputa com 30% das intenções de voto, 10 pontos à frente de Bolsonaro. Em relação ao levantamento anterior, o petista oscilou 2 pontos para cima, ao passo que o deputado caiu 5 pontos. Na sequência, aparece Marina Silva, com 10% (mesmo patamar de maio) e Alckmin com 7% (1 ponto mais baixo). Ciro Gomes tem 6% neste cenário, enquanto Álvaro Dias tem 5%. Brancos, nulos de indecisos somam 16%.

5. Radar corporativo

Do lado das empresas, a Brasil Pharma adiou novamente a divulgação de balanço referente ao exercício do primeiro trimestre. A nova previsão é que a apresentação dos resultados seja feita em 18 de junho. A Eletropaulo foi elevada pela Moody’s para Ba2, com perspectiva estável. A Movida emitiu R$ 450 milhões em três séries de debêntures.

(com Agência Brasil, Agência Estado e Bloomberg)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.