Ibovespa sobe 1,7% e tem maior sequência de ganhos em mais de 3 meses com disparada da Petrobras e exterior

Índice acompanhou bom humor externo e recuperação dos ativos da estatal após a derrocada da semana passada

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em dia de recuperação das ações da Petrobras (PETR4), o Ibovespa registrou sua quarta alta consecutiva nesta segunda-feira (4), algo que não ocorre desde fevereiro, quando o índice subiu 9 vezes seguidas. No radar, o mercado fica atento ao cenário da estatal e as dúvidas sobre sua política de preços e autonomia (veja mais aqui), além da agenda de indicadores, com os dados do IPCA nos próximos dias e os reflexos da greve na economia.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 1,76%, aos 78.596 pontos, após chegar a subir 1,81% na máxima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 16,572 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, teve uma sessão de alívio, recuando 0,62%, cotado a R$ 3,7434 na venda. O cenário externo também ajudou, em dia de alta dos principais índices norte-americanos, que bateram máxima em doze semanas.

No centro do olho do furação, o futuro da política de preços da Petrobras será o evento mais importante para ser monitorado na primeira semana de junho. Ao final do pregão da última sexta-feira (1), o Conselho de Administração da estatal escolheu Ivan Monteiro como novo presidente da companhia após o pedido de demissão de Pedro Parente. Agora ele também acumula a função de diretor financeiro da empresa, tem como missão discutir o rumo da política de preços da estatal.

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A Petrobras sinalizou ao governo que aceita rediscutir a política de reajuste diário da gasolina e alongar a periodicidade das mudanças de preços do combustível ao consumidor, mas perante duas condições para não arcar com prejuízos. Segundo informações do jornal Valor Econômico desta segunda-feira (4), a empresa impôs como fundamental não perder o lastro com a variação do petróleo no mercado internacional, um dos grande benefícios da política em vigor, como que seja protegida contra a importação nos períodos em que a cotação do mercado externo não estiver abaixo da vigente no mercado doméstico.

Através destas medidas, a estatal quer garantir que não haverá prejuízos para os cofres caso imposta uma nova política de preços pelo governo, que pretende elaborar um formato para reduzir a volatilidade dos ajustes, uma das principais críticas da política de repasse diário adotada durante a gestão de Pedro Parente. A ideia que mais agrada e que está em estudo pelo MME (Ministério de Minas e Energias) seria o reajuste a cada 30 dias com ajuste tributário anticíclico, com a volatilidade externa do preço do petróleo sendo suavizada pela Petrobras e pelos tributos.

“Essa política de proteção terá que preservar a atual prática de preços de mercado para o produtor e importador, o que é tido pela atual administração como um ponto fundamental para a atração de investimentos para o setor. Vai trazer previsibilidade e segurança ao consumidor e ao investidor”, afirmou o ministério em nota publicada na última sexta-feira (1). Segundo o jornal, uma mudança na periodicidade de reajustes da gasolina, desde que preservados os pilares defendidos pela atual diretoria, não significaria praticar uma política de congelamento de preços, hipótese amplamente rejeitada, tanto na empresa como em boa parte do governo.

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Destaques do mercado

Do lado positivo, além das ações da Petrobras, os papéis da BRF registraram mais um dia de ganhos com os investidores na expectativa pela Pedro Parente no comando da empresa. Além disso, a CSN disparou e teve o melhor desempenho do dia com recomendação do Credit Suisse.

Impactos da greve na economia
Por aqui, todas as atenções estarão na sexta-feira (8) com a divulgação do IPCA referente ao mês de maio, em que a GO Associados projeta alta de 0,40%, acelerando em relação a taxa apurada em abril, de 0,22%. A projeção anterior era de 0,20%, mas foi elevada por conta da greve, que deve pressionar principalmente os preços dos alimentos in natura e combustíveis.

“De toda forma, tal pressão deve ser temporária e não afetar a trajetória da inflação para o restante do ano. Itens in natura que subiram muito nos últimos dias, como a batata e a alface, por exemplo, devem se normalizar já em junho, devolvendo tais altas”, avalia a GO Associados.

Em geral, a inflação deve seguir abaixo do centro da meta neste ano, mas a projeção de 3,60% possui viés de alta, segundo a GO, devido à pressão do câmbio. De qualquer forma, a atividade econômica em fraca recuperação deverá conter tais pressões de alta nos preços.

Ainda sobre os impactos da greve, o primeiro indicador que dará indícios dos efeitos sobre a economia será o de produção de veículos, que será apresentado pela Anfavea na quarta-feira (6). A divulgação será relevante para dimensionar os primeiros efeitos negativos da paralisação, neste caso específico sobre o setor automotivo, e indiretamente sobre o setor industrial.

Na política, a semana promete mais debates sobre os impactos das concessões fiscais feitas aos caminhoneiros, o corte de receita em alguns setores e a reoneração da folha de pagamentos de segmentos para compensar a redução de impostos federais. Neste fim de semana começa a valer o desconto de R$ 0,46 sobre o diesel nas bombas de combustível. Enquanto isso, os próximos dias também marcarão a avaliação do mercado sobre o futuro da Petrobras após a saída de Pedro Parente.

Agenda externa da semana

A semana será pouca movimentada nos Estados Unidos, com vários dados econômicos relativo ao setor de serviços, com o PMI serviços e o ISM não industrial sendo publicados na terça feira (5). No mesmo dia, sairá o relatório de abertura de novas ofertas de emprego, que poderá confirmar o cenário mais benigno para a evolução da taxa de juro nos EUA.

“Desde as duas últimas semanas, o mercado tem apostado em um cenário mais dovish e reduzido a probabilidade de quatro altas de juros neste ano e voltou a precificar com maior probabilidade a possibilidade de apenas três altas”, avalia a GO Associados.

Por fim, na Ásia, em um contexto de relativo alívio das tensões comerciais entre os EUA e a China, os dados do setor externo do gigante asiático de maio serão publicados na sexta-feira (11). Os números devem dar novos sinais do impacto da guerra comercial sobre a China, que por ora parecem moderados, dado que a sondagem PMI de atividade da última semana ficou acima do esperado. Para conferir a agenda completa de indicadores, clique aqui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.