Usiminas salta 4% e Gerdau cai 4% de olho em Trump; Minerva recua 6,5% e 5 ações reagem a balanços

Confira os destaques da B3 na sessão desta terça-feira (6)

Rodrigo Tolotti

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Petrobras (PETR4)

 As ações da Petrobras viraram para queda acompanhando o movimento do petróleo e repercutindo a fala do ministro da Fazenda Henrique Meirelles. No mercado de commodities, o WTI registrou queda de 0,43%, a US$ 62,30, enquanto o brent teve baixa de 0,24%, a US$ 65,38. 

Já em entrevista à CBN de Ribeirão Preto nesta terça, o ministro afirmou que o governo federal está discutindo com a Petrobras uma nova política de reajuste de preços dos combustíveis. O objetivo seria encontrar uma maneira para que um eventual aumento no mercado internacional não venha a prejudicar o consumidor, enquanto que uma queda não ocasione prejuízos à estatal. Meirelles não deu detalhes adicionais da proposta, porém descartou controle artificial dos preços.

No radar da estatal, ela ainda está analisando opções para vender a Liquigás, sua unidade de distribuição de gás liquefeito no Brasil, após o Cade opor-se à venda para a Ultragaz, disse o presidente da Petrobras Pedro Parente durante o evento CERAWeek em Houston. “A companhia não desistiu do plano de vender Liquigás, todas as opções estão na mesa”, disse ele, que apontou que a decisão do Cade não afetará o objetivo de levantar US$ 21 bilhões em vendas de ativos. Parente espera chegar a um acordo sobre cessão onerosa este ano, sem cronograma específico fornecido. 

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Se a Petrobras encontrar parceiros certos, pode considerar retomar a expansão da refinaria da Abreu e Lima no Brasil e o projeto de petroquímica da Comperj. Parente disse que a venda da refinaria de Pasadena no Texas está em andamento, a companhia ainda não recebeu propostas. A Petrobras está focada em operar no Brasil, diz ele, quando perguntado sobre potencialmente desinvestir participações nos projetos do Golfo do México de Cascade e Chinook. 

Parente ainda afirmou que a companhia “não tem planos” para construir qualquer nova refinaria no Brasil. Segundo Parente, a Petrobras pode considerar fazer parcerias para finalizar dois projetos de refinaria no País. De acordo com ele, a empresa ainda não recebeu propostas para a venda de Pasadena, embora tenha ouvido falar de “uma série de possíveis investidores interessados”.

Destaque ainda para a notícia do Valor de que um grupo de nove empresas acusa a Petrobras de adotar “condutas anticoncorrenciais” que têm dificultado o avanço de combustíveis importados no mercado doméstico e acionou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a estatal.

Em representação apresentada ao órgão antitruste e obtida pelo jornal, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) argumenta que a petroleira retomou a prática de preços abaixo da paridade internacional na venda de gasolina e diesel, como forma de eliminar concorrentes e impedir a entrada de novos fornecedores no país. Por fim, a estatal reajustou o diesel para R$ 1,7645 e a gasolina para R$ 1,5923, com preços válidos para a próxima quarta-feira (7). 

Vale (VALE3) e siderúrgicas
As ações de Vale registraram perdas seguindo a queda de 1,70% do minério em Qingdao, com o mercado de olho no desenrolar da novela sobre o anúncio de Donald Trump sobre o aumento de tarifas de aço e alumínio.

A oposição de importantes líderes republicanos, como o Líder da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, ao aumento das tarifas de importação ajudou a dar mais alívio ao mercado, após o baque da semana passada com o anúncio do presidente americano.

As siderúrgicas registraram alta ainda mais expressiva, com destaque para Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), mas amenizaram em relação à máxima, com a Usiminas chegando a subir 5,39%. Enquanto isso, a Gerdau (GGBR4) – vista como uma das maiores beneficiárias com a medida de Trump devido a suas operações nos EUA – virou para baixo e registrou a maior queda do Ibovespa. 

BRF (BRFS3)

Depois de chegar a cair 4%, os papéis da BRF amenizaram as perdas, com o mercado ainda de olho nas implicações nos efeitos da empresa após a fase Trapaça da Operação Carne Fraca atingi-la em cheio e levar a uma baixa de quase 20% dos papéis da véspera.

Ontem à noite, a gigante de alimentos prestou alguns esclarecimentos.   A BRF afirma que segue normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos. “Com base nos documentos disponíveis, a BRF entende que nenhuma das frentes de investigação da Polícia Federal diz respeito a algo que possa causar dano à saúde pública”, ressalta. 

Em relação às denúncias até então divulgadas, a empresa diz que sobre salmonela do tipo Pullorum, citada pela PF em relação à produção em Carambeí (PR), “é essencialmente de aves e não causa nenhum dano à saúde humana”. A empresa diz ainda que segue todos os monitoramentos estabelecidos pelo Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) e Instrução Normativa nº 20.

Sobre o lote de 46 mil pintos de um dia citado na acusação, a companhia diz que foram realizadas análises microbiológicas que não identificaram presença da bactéria S. Pullorum. Porém, ela foi identificada em matrizes e lotes de frango de corte no mesmo período em Carambeí. “Os resultados dessas análises foram devidamente notificados ao Serviço Veterinário Estadual e ao Serviço de Inspeção Federal, como determina a legislação”, afirma. A empresa diz ainda que o ofício foi encaminhado no dia 18 de abril de 2016 ao Serviço Estadual. “Outros 28 ofícios relacionados ao assunto foram encaminhados ao Serviço Federal”, afirma.

Em relação às citações envolvendo o composto “premix”, que é adicionado como complementação às rações animais, a alimentícia diz que suas fábricas que produzem o produto são registradas e certificadas pelo ministério e passam por fiscalização constantemente. “A última auditoria do MAPA na BRF ocorreu em outubro de 2017, e todos os parâmetros estavam devidamente dentro das normas”, diz. A BRF afirma ainda que os e-mails revelados pela investigação em curso são de três anos atrás.

“O teor das mensagens está sendo investigado pela empresa”, salienta. Por fim, sobre a ex-funcionária Adriana Marques Carvalho, autora da ação trabalhista que serviu como parte das provas da investigação, a BRF afirma que as denúncias feitas por ela “foram tomadas com seriedade pela companhia, e medidas técnicas e administrativas foram implementadas para aprimorar seus procedimentos internos”.

A BRF ainda informou ter recebido notificação do Ministério da Agricultura, no final da tarde de ontem, sobre suspensão das exportações das plantas localizadas em Rio Verde/GO, Carambeí/PR e Mineiros/GO “para países que exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação do grupo de bactérias Salmonella spp”, segundo comunicado ao mercado. As plantas continuam produzindo normalmente; companhia diz que não tem como estimar eventuais impactos financeiros neste momento.

Além disso, o Conselho da empresa aprovou o pedido feito pelos fundos de pensão Petros e Previ, dos funcionários da Petrobras e Banco do Brasil, respectivamente, para convocar Assembleia Geral Extraordinária (AGE) com o objetivo de deliberar sobre mudanças no próprio colegiado.

A proposta que será levada aos acionistas no dia 26 de abril envolve a destituição de todos os membros do conselho, aprovação do número de 10 membros para o colegiado e a eleição de novos presidente e vice-presidente do conselho. A AGE será realizada na mesma data da Assembleia Geral Ordinária (AGO) da BRF, que anteriormente estava marcada par ao dia 4 de abril.

No radar de recomendações, a BRF saiu da lista de ações do Itaú BBA, em meio às  possíveis implicações para a imagem da empresa e o possível impacto nas suas operações no futuro, sendo substituída pela Iochpe-Maxion. Já o Bank of America Merrill Lynch reduziu a recomendação para neutra e o preço-alvo de R$ 46 para R$ 34, destacando os riscos de curto prazo das investigações sobre a companhia. 

Recomendações e Eletrobras

No radar de recomendações, a Eletrobras (ELET6) foi iniciada como ’overweight’ pelo Brasil Plural, enquanto a T4F (SHOW3) teve a cobertura reiniciada pelo BTG Pactual com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 14. Com a recomendação, os papéis chegaram a subir 7,86%. 

Sobre a T4F, o BTG destaca que o setor da empresa se mostrou muito resiliente nos últimos anos e tem tudo para se beneficiar do cenário de recuperação econômica no Brasil. Os três grandes fatores por trás da visão positiva do banco são: cenário competitivo melhor (todos grandes grupos que surgiram pós IPO da T4F ou descontinuaram suas operações ou foram comprados pela T4F), resultado numa tendência clara de melhora (beneficiando do excelente trabalho na parte de custos que a empresa vem promovendo desde 2014, menor competição e da melhora do cenário macro) e valuation (mesmo sendo um ativo estratégico para indústria de entretenimento na região, T4F negocia a 5.6 vezes o EV/ebitda versus os pares globais que negociam a 14 vezes. 

Já sobre Eletrobras, além da recomendação, a Câmara dos Deputados instala hoje (6) a comissão especial que vai debater o projeto de lei de privatização da estatal. A proposta é considerada uma das prioridades da agenda econômica do governo. A previsão é de que a comissão, que terá 35 membros titulares e 35 suplentes, seja instalada à tarde, quando deverão ser escolhidos o presidente e o vice-presidente do colegiado. Estão cotados como presidente Hugo Motta (MDB-PB) e como relator o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA). O quorum mínimo para o início dos trabalhos é de 18 membros titulares indicados.

O governo encaminhou o texto ao Congresso Nacional no fim de janeiro e trabalha com o mês de abril como data para votação. Pela proposta apresentada, a privatização ocorrerá por meio do lançamento de novas ações no mercado até que a quantidade transforme a União em acionista minoritária. O projeto também prevê que para preservar interesses estratégicos nacionais, os novos acionistas serão proibidos de acumular mais de 10% do capital da empresa.

Minerva (BEEF3)

A Minerva Foods reportou prejuízo líquido de R$ 313,5 milhões no quarto trimestre de 2017, revertendo um lucro líquido de R$ 12,3 milhões registrado em igual período de 2016. No ano, o prejuízo acumulado foi de R$ 280,9 milhões ante um lucro de R$ 195 milhões do ano anterior.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 363,4 milhões entre outubro e dezembro, um aumento de 45,4% ante igual trimestre do ano anterior. A margem Ebitda passou de 9,8% para 9,2%, na mesma base de comparação. No ano, o Ebitda alcançou R$ 1,265 bilhão, expansão de 28% ante 2016. Esse resultado inclui números pró-forma para os ativos no Mercosul adquiridos da JBS. A aquisição foi concluída em 1º de agosto.

A receita líquida da Minerva no quarto trimestre ficou em R$ 3,964 bilhões, alta de 55,1% em relação a igual período do ano anterior, quando totalizou R$ 2,556 bilhões. No acumulado do ano, também considerando os números pró-forma, a receita atingiu R$ 14,033 bilhões, aumento de 45,4% em comparação com 2016.

A alavancagem representada pela relação entre dívida líquida e Ebitda da Minerva Foods subiu de 4,2 vezes no terceiro trimestre de 2017 para 4,6 vezes no quarto trimestre. No último trimestre de 2016, a alavancagem era de 3,4 vezes. A companhia destaca que há um impacto do endividamento em razão da aquisição dos ativos da JBS no Mercosul. A dívida líquida da empresa chegou a R$ 5,794 bilhões ao final de dezembro, alta de 70,4% na comparação com o ano anterior.

O presidente da companhia, Fernando Galletti de Queiroz, afirmou que a expectativa é de que a empresa capture sinergias relacionadas à aquisição ao longo de 2018. O fluxo de caixa operacional da Minerva foi negativo em R$ 145 milhões no quarto trimestre de 2017, impactado pelo aumento no capital de giro. Queiroz destacou que esse aumento está relacionado ao crescimento do volume de produção da companhia tanto no Brasil como em razão dos ativos adquiridos.

Segundo o Bank of America Merrill Lynch, a companhia apresentou resultados operacionais sólidos, com os analistas mantendo recomendação de compra vendo uma dinâmica de ciclo positiva para a companhia. De acordo com o BTG Pactual, o operacional veio bom, enquanto o destaque negativo ficou para a queima de caixa que foi muito alta no trimestre com capital de giro, que foi para financiar o crescimento.  

A Minerva informou ainda a aprovação do programa de recompra de até 4,83 milhões de ações em 18 meses. 

M.Dias Branco (MDIA3)

A M. Dias Branco viu seu lucro líquido cair 14,5% no quarto trimestre de 2017 frente o mesmo período de 2016, a R$ 201,9 milhões, enquanto a receita líquida teve baixa de 2,6%, para R$ 1,363 bilhão.

Já o Ebitda teve queda de 19,3%, a R$ 194,3 milhões. A margem Ebitda foi de 14,2%, 3 pontos percentuais menor na comparação anual, em meio à retração da margem bruta e da alta das despesas com vendas.

De acordo com análise do Bank of America Merrill Lynch, o balanço da companhia foi mais fraco do que o esperado em termos de Ebitda e receita, que foram impactados pelos menores preços, enquanto as despesas gerais e administrativas seguem em alta. 

Santos Brasil (STBP3)

A Santos Brasil teve um lucro líquido de R$ 20,4 milhões no quarto trimestre do ano passado, revertendo um prejuízo de R$ 500 mil na comparação com o mesmo período do ano anterior. 

Já a receita líquida consolidada foi de R$ 210,9 milhões, 0,1% acima frente o mesmo período de 2016. O Ebitda, por sua vez, foi de R$ 26,8 milhões, alta de 5,9%, com margem de 12,7%.

Segundo o BTG Pactual, o resultado veio muito forte com ebitda 78% acima do esperado pelo banco, por conta da nova estratégia comercial da empresa para levantar preço em armazenagem, estratégia de cortar custo, e melhora de volume no porto. “Estamos aproveitando para ajustar os números, com novo preço-alvo de R$ 4,50. Vale reforçar o call de compra no papel, apesar da outperformance recente”, afirmam os analistas. 

Valid (VLID3)

No quarto trimestre, a Valid apresentou um lucro líquido de R$ 1,1 milhão contra R$ 27,9 milhões no quarto trimestre de 2016. Já o Ebitda foi de R$ 66,1 milhões versus R$ 62,8 milhões no período anterior, alta de 5,3%. 

A receita líquida teve baixa de 1,2%, passando de R$ 417 milhões para R$ 411,9 milhões. A companhia ainda aprovou programa de recompra de até 1 milhão de ações ordinárias em 18 meses. 

De acordo com BofA, os números foram em linha com o esperado; contudo, os analistas do banco americano seguem esperando por dados que apontam por maior inflexão para alterarem a recomendação underperform para os ativos.

Ferbasa (FESA4)

A Ferbasa teve um lucro líquido de R$ 61,96 milhões no quarto trimestre de 2017, 14,34% abaixo do mesmo período do ano anterior, de R$ 72, 33 milhões. Já a receita líquida da companhia teve baixa de 8,53% na mesma base de comparação, passando de R$ 282,88 milhões para R$ 258,76 milhões.

EcoRodovias (ECOR3)

A EcoRodovias informou que não há, até o presente momento, nenhuma estrutura acordada, nenhum entendimento concreto ou indicação sobre a realização ou não de potencial operação com o grupo Gavio, bem como nenhum documento vinculante, disse a empresa em comunicado de esclarecimento ao mercado. Em 2 de março, o Valor informou que o Grupo Gavio negocia a compra do controle da Ecorodovias.

CVC (CVCB3)

Após cair 4% na mínima do dia, as ações da CVC zeraram as perdas. O movimento de queda após o presidente do conselho de administração Guilherme Paulus pedir para ser temporariamente afastado da empresa enquanto uma investigação procede sobre outra empresa na qual ele detém participação. Paulus estará ausente das reuniões do conselho, segundo declaração; durante o período de remoção, será representado pelo vice-presidente Silvio José Genesini Junior. 

Lojas Americanas (LAME4) e B2W (BTOW3)

O JPMorgan reiterou recomendação overweight para B2W enquanto manteve a classificação neutra para sua controladora, a Lojas Americanas, pois avalia que o crescimento deve vir da empresa de e-commerce. O gatilho para a avaliação da B2W deve vir no primeiro trimestre, uma vez que o volume tende a acelerar devido a uma mudança na estratégia de vender produtos próprios para venda de terceiros, segundo relatório do analista Joseph Giordano. Segundo o banco, a empresa opera com desconto ante pares da América Latina, como MercadoLibre, Magazine Luiza (MGLU3) ou NetShoes. 

Oi (OIBR4)

A portuguesa Pharol SGPS, maior acionista da Oi, disse que a Câmara de Arbitragem do Mercado determinou que a operadora de telefonia brasileira se abstenha de implementar os aumentos de capital previstos no plano de recuperação, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira.

A Oi deverá “se abster de implementar os aumentos de capital em questão, sob pena de multa de 122,9 milhões de reais”, disse a empresa portuguesa em comunicado, acrescentando ter conhecimento de que a Oi foi devidamente notificada sobre a decisão. A Pharol considera que o plano de reestruturação da Oi, aprovado em dezembro do ano passado, não está em conformidade com a governança estabelecida no estatuto social da Oi.

(Com Bloomberg e Agência Estado) 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.