Vale salta 6% e tem a maior alta em quase um ano; bancos sobem mais de 4% e apenas 6 ações caem

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (14) 

Rodrigo Tolotti

(Divulgação)

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SÃO PAULO – A bolsa brasileira voltou do feriado com forte alta de 3,27%, seguindo o avanço dos ADRs entre segunda e terça-feira, além da virada para cima dos índices nos Estados Unidos. O destaque ficou para as blue chips, principalmente as ligadas à commodities, como a Vale. Em dia de forte euforia, dentre as 64 ações que fazem parte do índice, apenas 6 tiveram queda. Confira os destaques: 

Vale (VALE3)

A Vale subiu forte – seu melhor pregão desde 15 de março do ano passado, quando subiu 6,9% -, seguindo o movimento dos ADRs nos últimos dois dias e também em meio à alta do minério de ferro na bolsa de Dalian nesta quarta-feira, com variação positiva de 2,57%, a 539,5 iuanes. Os preços futuros da commodity avançaram para o patamar mais alto em três semanas, sustentados por expectativas de demanda firme por aço noa China durante o primeiro semestre deste ano. 

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O dia também foi de ganhos para as siderúrgicas, com destaque para a CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4), que chegam a subir até 5%. No radar do setor, em comunicado, a Usiminas informou que estima investimento de cerca de R$ 500 milhões em 2018. A  Usiminas também confirmou a estimativa de despesa financeira líquida consolidada em torno de R$ 500 milhões, segundo comunicado ao mercado comentando notícias divulgadas pela Agência Estado.

“Considerando EBITDA estimado acima de R$ 2 bilhões este ano e as despesas e capex mencionados anteriormente, a Usiminas deverá apresentar forte geração de caixa em 2018. Continuamos otimistas com as ações da cia listadas em bolsa”, destaca a XP Investimentos.

Vale destacar ainda a fala do presidente dos EUA, Donald Trump. Ele afirmou que a imposição de tarifas a importação de aço e alumínio seria uma opção para inibir o dumping praticado por vários países, incluindo a China. ” Eu quero manter os preços baixos, mas quero ter certeza de que teremos uma indústria de aço “, afirmou durante reunião com  parlamentares.

Sonae Sierra (SSBR3)

A Sonae, holding portuguesa que controla a Sonae Sierra Brasil, avalia a compra da operação brasileira do Walmart, segundo informações do jornal Valor Econômico. Segundo o jornal, as negociações iniciais envolvem a compra total da operação brasileira e a participação de fundos de private equity, que podem entrar como sócios na operação. A intenção é ter pelos menos um fundo de investimento na transação.

Contudo, ao jornal português Económico, a Sonae negou estar envolvida nas negociações, disse a publicação citando fonte oficial: “a Sonae não tem por política comentar as especulações do mercado. No entanto, podemos dizer que não estamos envolvidos neste tema”. 

De acordo com o jornal, o Walmart, assessorado pelo Goldman Sachs, decidiu buscar sócios no país e estuda a venda de uma parcela da operação ou até de 100% do negócio. A Advent International, L Catterton e Acon Investment analisam há alguns meses um potencial acordo com o Walmart. A 3G Capital também teria avaliado a operação no fim do ano passado.

No país, o Walmart não tem se manifestado sobre as informações de venda da empresa ou de busca de um sócio, diz o jornal. A respeito das negociações com a Sonae, o grupo também preferiu não comentar. Procurada, a Sonae não respondeu aos pedidos de entrevista do Valor.

Petrobras (PETR4)

As ações da Petrobras avançaram seguindo os dois dias de ganhos dos ADRs quando a bolsa esteve fechada e apesar da queda dos mercados nesta sessão. 

No radar da estatal, a Petrobras fechou o negócio de R$ 1,24 bilhão com UEGA e a Compagás. O contrato foi assinado em 31 de janeiro, de acordo com comunicado. A Petrobras vai vender gás natural para a UEGA com a Compagás como intermediária de 1 de fevereiro a 31 de dezembro. A UEGA é afiliada à PetrobrasPetrobras tem participação em Compagás.

Já na matéria “governo quer mediação para não pagar R$ 65 bilhões à Petrobras”, a Folha informa que o governo pretende resolver em até dois meses um impasse com a estatal para fazer um megaleilão de pelo menos R$ 76 bilhões ainda neste ano e já consultou a AGU (Advocacia-Geral da União) sobre uma possível arbitragem.

Com a disputa entre os interessados, no entanto, o negócio poderia render mais de R$ 90 bilhões. Embora exista disposição para um acerto, o governo tende a resolver o assunto como uma questão de Estado, enquanto a Petrobras não fechará acordo caso enfrente resistência de acionistas minoritários, que já avaliam a questão e podem embolar a negociação se ela for danosa à estatal.

A ideia preferida no momento é convencer a Petrobras a ceder espaço para concorrentes nos campos do pré-sal onde, segundo contrato de 2010, tem o direito de exploração até 2050.  O contrato previa renegociar valores segundo a evolução do preço do petróleo mas, a cotação caiu desde a assinatura, em 2010, a estatal avalia ter direito a compensação –estima-se que ela seria de cerca de R$ 65 bilhões. A equipe econômica quer leiloar esse óleo excedente e, com os recursos, pagar a Petrobras. Outra ideia é indenizar a estatal com uma parte do óleo e leiloar a diferença. 

A expectativa é chegar a um consenso ao menos sobre o valor principal. As outras pendências criadas pelas lacunas do contrato seriam resolvidas via arbitragem privada, mas a AGU quer fazer a mediação da disputa porque afirma se tratar de empresa cujo controlador é a União, informa o jornal.

Bradesco (BBDC4)

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo no fim de semana, o novo presidente do Bradesco Octavio de Lazari Junior afirmou que os bancos brasileiros precisam se adaptar a uma realidade de taxas de juros mais baixas e aumentar a receita expandindo a base de clientes. 

A economia do país está melhorando após a recessão e os bancos têm caixa para aumentar os empréstimos, mas precisa haver demanda, afirmou o novo CEO. Os bancos poderão financiar projetos de infraestrutura, já que BNDES está reduzindo desembolsos. 

O dia também foi de ganhos para as ações de bancos, seguindo o movimento dos ADRs no feriado. Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11) registram ganhos de mais de 1%.  

Eletrobras (ELET6)

Em entrevista ao Estadão, o presidente da Eletrobras deu detalhes sobre o processo de privatização da companhia. Ele disse que só aguarda a votação do projeto de lei da privatização da estatal no Congresso para contratar o sindicato de bancos que coordenará a emissão de ações da Eletrobras na B3.

A pressa de capitalizar a Eletrobras, afirmou, “é um capricho que temos que ter”, já que diariamente a empresa paga, só de juros da dívida, R$ 10 milhões. 

O Ministério de Minas e Energia encaminhou à Presidência da República a proposta de projeto de lei (PL) sobre a reforma do setor elétrico, que é definido como projeto de “modernização e Abertura do Mercado Livre”. O movimento já era aguardado pelo mercado e havia sido prometido pelo ministro Fernando Coelho Filho no final de janeiro. O texto, com a proposta de aprimoramento do marco legal do setor, é resultado da Consulta Pública Nº 33, iniciada em 5 de julho de 2017 e concluída em 17 de agosto de 2017, que teve mais de duas mil interações e resultou em 209 contribuições.

Além da abertura do mercado livre, com a redução dos limites de acesso a este segmento, de forma que todos os consumidores atendidos em alta e média tensão possam aderir a este mercado, o texto sugere outras mudanças que favorecem a expansão desse segmento, como a formação de preço de curto prazo e a possibilidade de separação de “lastro”. Também reforça o movimento de descotização das hidrelétricas mais antigas, também abordado no projeto de lei de privatização da Eletrobras, e salienta a previsão de que um terço do valor de toda outorga de usina existente seja destinado à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Natura (NATU3)

A Natura anunciou mudanças na diretoria, com a saída do diretor Financeiro e de Relações com Investidores, José Roberto Lettiere, que renunciou ao cargo. João Paulo Brotto Ferreira, diretor-presidente da companhia, assumirá de forma provisória a diretoria ocupada pelo executivo.

“Não acreditamos que tal movimento traga forte oscilação nas ações em bolsa, mas é uma dúvida adicional no atual momento de reestruturação da empresa após a recente aquisição da ‘The Body Shop’”, destaca a XP Investimentos. 

Brasil Pharma (BPHA3)

A Brasil Pharma diz ter recebido aviso de vencimento antecipado de notas de crédito do Banco BTG Pactual e do BTGI VIII Empreendimentos e Participações. O valor devido é R$ 550 milhões. As notas foram emitidas em 2017. BTGI e BTG se reservam o direito de executar as garantias fornecidas com as notas a qualquer momento. Brasil Pharma está estudando possíveis impactos do vencimento no contexto da reestruturação da companhia.

Inepar (INEP4)

A small cap Inepar disse que suas ações serão retiradas da B3 depois de não entregar informações trimestrais referentes aos dois primeiros trimestres de 2017, segundo comunicado. A exclusão será a partir de 13 de março. A B3 informou que a decisão poderá ser revertida caso a empresa regularize a situação, encaminhando as informações trimestrais até às 18h do dia 12 de março, segundo comunicado. A Inepar disse que somará esforços para disponibilizar as informações até a referida data.

Ultrapar (UGPA3)

A operação pela qual o Tequimar (Terminal Químico de Aratu), pertencente à Ultrapar, pretende adquirir a totalidade das ações de emissão do TEAS (Terminal Exportador de Álcool de Santos), atualmente detidos pela Raízen, foi aprovada sem restrições pelo Cade.

A Tequimar irá adquirir a totalidade dos ativos, equipamentos e instalações do terminal de armazenamento de granéis líquidos, cuja capacidade é de 46 mil m³ de propriedade da TEAS. O despacho foi publicado no site do Cade e no Diário Oficial da União. 

Triunfo (TPIS3)

Os planos de recuperação da Triunfo foram homologados em 9 de fevereiro. A sentença proferida pelo Juízo da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo homologou os planos de recuperação extrajudicial da Triunfo e de sua subsidiária Concer, segundo comunicado ao mercado.

Foram indeferidas impugnações complementares apresentadas por alguns credores. Foi reconhecido que pagamento de dividendos referentes a 2015 não contrariaria os planos. O leilão reverso consistente na opção B de pagamento dos créditos abrangidos será realizado em até 30 dias da publicação da sentença. 

IMC (MEAL3)

A IMC recebeu da Abanzai Representações, controladora da Sapore, proposta para potencial combinação de negócios entre as duas empresas, disse a companhia em comunicado.

Com a combinação de negócios, Sapore se tornaria subsidiária integral da IMC ou esta titular indireta de 100% da participação societária na Sapore.
Acionistas da Holding Sapore se tornariam titulares de, no mínimo, 50,47% do capital social da IMC.

A operação incluiria distribuição pela IMC aos seus acionistas de R$ 355,3 milhões por meio de combinação de distribuição de dividendos e/ou restituição de capital, o que equivale nesta data a R$ 2,13 por ação da IMC. O conselho de administração da IMC vai se reunir para examinar a proposta, disse a empresa. 

Alpargatas (ALPA4)

A fabricante de calçados Alpargatas reportou na última sexta-feira lucro líquido de R$ 45,1 milhões no quarto trimestre de 2017, recuo de 56% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No ano, o lucro da companhia alcançou R$ 350,5 milhões, montante 2,2% menor que o de 2016.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Alpargatas recuou 61,1% no quarto trimestre ante igual período de 2016. A companhia registrou Ebitda de R$ 56,7 milhões entre outubro e dezembro. No ano, o Ebitda soma R$ 486,2 milhões, queda de 15,6%.

Já a receita líquida da Alpargatas nos três meses finais de 2017 cresceu 3,5% na comparação anual, chegando a R$ 1,103 bilhão. Em doze meses, a receita acumulou R$ 3,721 bilhões, recuo de 8,2% ante 2016.

Os resultados da Alpargatas foram afetados no trimestre por uma despesa não recorrente de R$ 125,5 milhões. A companhia registrou um impairment de parte do ágio oriundo da aquisição da grife Osklen.

A Alpargatas informou que o impairment foi feito para “refletir a nova expectativa de ganhos futuros da empresa”. O montante equivale a cerca de 40% do valor contábil da Osklen registrado na Alpargatas.

Sem considerar o efeito dos itens não recorrentes, o Ebitda da Alpargatas no quarto trimestre teria sido de R$ 195,6 milhões, crescimento de 16,9% na comparação com igual período de 2016.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.