Ibovespa se recupera de susto com Meirelles, mas cai 2,7% na pior semana desde “Joesley Day”

Índice chegou a cair 1% com notícia de revista sobre ministro da Fazenda, mas mercado logo recuperou as perdas; dólar seguiu em forte alta com exterior

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de iniciar o dia em alta, o Ibovespa virou para forte queda de 1% com um “susto” para o mercado diante do resultado acima do esperado do setor de serviço nos EUA e notícias envolvendo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Apesar disso, os investidores assimilaram rapidamente estas informações e o exagero foi corrigido, com o índice zerando as perdas rapidamente.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com leve alta de 0,12%, aos  73.915 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 11,338 bilhões. Mesmo com esta recuperação, o índice não evitou fechar a semana com perdas de 2,71%, em sua maior queda semanal desde o escândalo do áudio de Joesley Batista com Temer, em 18 de maio, quando caiu 8,18%.

Já o dólar comercial seguiu em forte alta nesta sexta, avançando 1,32%, cotado a R$ 3,3071, após chegar a R$ 3,3314 na máxima do dia. O dólar futuro com vencimento em dezembro, por sua vez, subiu 1,37%, para R$ 3,325.

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Depois de admitir para a revista Veja que pretende ser candidato à presidência (veja mais aqui), as avaliações são que ficará mais difícil negociar as reformas no Congresso, de acordo com reportagem da jornalista Míriam Leitão. Porém, foi a nota publicada por Lauro Jardim que pesou sobre o índice, de acordo com operador de mercado que pediu anonimato.

De acordo com o jornalista do O Globo, citando reportagem da revista Piauí, Meirelles teria recebido R$ 180 milhões pelos serviços prestados à holding J&F, de Joesley Batista, entre os anos de 2012 e 2016. A reportagem revela que o ministro, quando foi presidente do conselho de administração da J&F, assinou atas de reuniões e balanços de final de ano, que, segundo ele, nunca aconteceram: “o conselho nunca se reuniu”, aponta a reportagem. Isso trouxe maior pressão ao mercado, já que uma possível denúncia contra o ministro irá gerar ainda mais turbulência ao já fragilizado governo Temer.

Em nota, o ministério da Fazenda explicou que “a reformulação do Banco Original e a criação da sua plataforma digital foram feitas através de um contrato de prestação de serviços da empresa de consultoria criada por Meirelles em 2012”. Diante da possibilidade de abertura de capital do banco, a J&F indicou Meirelles para presidir um conselho de administração, mas como a companhia nunca se lançou na bolsa, “as funções daquele conselho ficaram restritas ao mínimo exigido pela legislação societária (aprovação de balanços e atos meramente burocráticos)”, diz a nota.

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Com isso, o mercado confirmou a força do suporte de curto prazo em 73.125 pontos e sacramentou um “candle” de reversão, o que sugere uma recuperação do mercado até 75.180 pontos, onde tomará uma importante decisão. Caso supere com boa margem percentual essa resistência, a tendência de baixa de curtíssimo prazo será anulada e a tendência de alta principal voltará a reinar, abrindo caminho para a faixa de 77 mil pontos.

ISM acima do esperado

O ISM Services, que mede a atividade de serviços da economia norte-americana, ficou em 60,1 pontos na passagem de setembro para outubro, resultado muito acima do que as projeções de analistas, que estavam em 58,5 pontos. O número também ficou acima dos 59,8 pontos auferidos na última medição e revela maior força da economia norte-americana.

Os dois fatores, somado as dificuldades do governo para acelerar a agenda de reformas, o que traz preocupação com o rumo da política fiscal, fez o dólar comercial disparar mais de 2% e atingir R$ 3,33 na venda, voltando para os patamares vistos no “Joesley Day”, quando atingiu R$ 3,39 em fechamento.

Previdência em xeque

As dificuldades do governo para aprovar reformas e o cenário para as eleições de 2018 seguem no radar dos mercados. Conforme a Folha de S. Paulo informou durante o feriado, apesar dos esforços do Planalto para aprovar uma reforma da Previdência mais enxuta, os aliados de Temer veem um ambiente contaminado no Congresso e admitem que a votação pode não ser concluída neste ano. Os principais articuladores políticos do presidente avaliam que a impopularidade da proposta, a desorganização da base aliada e o prazo apertado até o recesso do fim de ano podem inviabilizar o sucesso da reforma.

Além disso, mesmo as medidas mais emergenciais de ajuste sofrem novas pressões com ameaças de greves e ações judiciais, conforme informou o Estadão na véspera. Contra medidas que adiam reajustes e aumentam contribuição previdenciária, servidores vão à Justiça e ameaçam parar, aponta o jornal. A manifestação contra medidas está programada para o próximo dia 10 de novembro, segundo as informações do jornal.

Com a volatilidade do mercado diante do risco político e as incertezas sobre o rumo da política fiscal, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 fecharam em queda de 1 ponto-base, cotados a 7,28%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 subiram 11 pontos-base, aos 9,40%.

Relatório de Emprego reforça gradualismo do Fed

Os Estados Unidos abriram 261 mil vagas de emprego em outubro, resultado que ficou abaixo da mediana das estimativas dos analistas, que apontava para a criação de 313 mil novos postos de trabalho no mês passado. Destaque também para a redução dos ganhos médios por hora na comparação mensal, que ficaram estáveis ante estimativa de alta de 0,1% e ganhos de 0,5% em setembro, reduzindo a pressão sobre a expectativa de inflação, já que um aumento dos salários resulta em maior pressão de custo para as empresa.

Os números reforçam a probabilidade de que Jerome Powell, indicado como presidente do Fed na última quinta-feira (2), não irá realizar uma guinada muito forte da política monetária nos EUA, já que é considerado um diretor na mesma linha de Janet Yellen, ou seja, não deve fazer uma mudança drástica na condução da política do BC dos EUA.

Destaques do mercado

Do lado positivo, as ações da Cielo seguiram em alta e já acumulam ganhos superiores a 16% em três pregões, refletindo o resultado do terceiro trimestre acima do esperado pelo mercado – veja mais aqui.

Do lado negativo, as ações da Eletrobras lideraram as perdas após o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmar ao Estadão na última quinta-feira (1) que Temer enviará a proposta de privatização da estatal por meio de projeto de lei e não por Medida Provisória: “o governo não iria mandar um assunto polêmico desses por MP. Falei com o presidente, que me garantiu que será por projeto de lei”, disse o parlamentar ao jornal.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 16,39 +5,81 +3,82 124,91M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,15 +4,04 +7,29 117,10M
 CIEL3 CIELO ON 23,91 +3,82 +6,10 496,05M
 BRAP4 BRADESPAR PN 24,96 +2,93 +72,23 40,61M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 21,29 +2,90 +53,95 131,94M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LAME4 LOJAS AMERICPN 15,85 -7,20 -6,63 219,86M
 CMIG4 CEMIG PN ES 7,00 -5,53 -4,56 94,32M
 ELET3 ELETROBRAS ON 19,68 -5,16 -6,81 108,79M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 22,77 -4,33 -6,59 56,71M
 NATU3 NATURA ON 29,30 -3,97 +27,93 75,56M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 33,54 +2,19 930,40M 660,61M 43.346 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 33,92 +1,00 614,18M 320,25M 31.327 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 41,91 +1,40 574,73M 383,06M 28.814 
 PETR4 PETROBRAS PN 16,94 +0,24 550,19M 619,43M 30.409 
 CIEL3 CIELO ON 23,91 +3,82 496,05M 132,41M 54.717 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,60 -0,68 428,13M 320,01M 33.835 
 BBAS3 BRASIL ON 33,39 -1,79 288,94M 270,46M 26.493 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 23,34 -2,26 272,51M 195,63M 30.498 
 ITSA4 ITAUSA PN 10,50 +0,96 267,91M 169,99M 44.524 
 USIM5 USIMINAS PNA 8,35 -1,65 261,80M 225,09M 30.362 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.