Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira os principais eventos da semana nos mercados

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário político já inicia a semana bastante movimentado, em meio a uma nova crise entre Rodrigo Maia e Michel Temer em meio ao imbróglio sobre a divulgação de vídeos da delação de Lúcio Funaro, em semana de votação da segunda denúncia contra o presidente na CCJ, além de votação sobre o futuro de Aécio Neves. Já nesta segunda, o sentimento do mercado no exterior é positivo, com destaque para a alta das commodities com China. Confira os destaques desta segunda e da semana:  

1. Bolsas mundiais

A sessão é de leves ganhos para as bolsas mundiais, tendo como destaque os ganhos das mineradoras, com o minério avançando antes do Congresso na China. Além disso, as bolsas asiáticas seguem  o tom positivo dos mercados de Nova York na sexta-feira, enquanto investidores digeriam os últimos dados de inflação da China. 

Dados publicados no fim da noite de ontem mostraram que a taxa anual de inflação ao consumidor chinês desacelerou de 1,8% em agosto para 1,6% em setembro, como previam analistas, graças a uma queda nos preços de alimentos. Já a inflação anual ao produtor da China ganhou força, de 6,3% em agosto para 6,9% no mês passado. Enquanto isso, o dólar avança após a chairwoman do Federal Reserve, Janet Yellen, dizer que inflação deve se acelerar e Fed pode seguir elevando juro gradualmente. Enquanto isso, o petróleo sobe com receios sobre tensão entre Iraque e curdos. 

Às 8h20 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,09%

*FTSE (Reino Unido) +0,06%

*DAX (Alemanha) +0,16% 

*FTSE MIB +0,03%

*Hang Seng (Hong Kong) +0,76% (fechado)

*Xangai (China) -0,35% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,47% (fechado)

*Petróleo WTI +1,38%, a US$ 52,16 o barril

*Petróleo brent +1,36%, a US$ 57,95 o barril

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, +4,06%, a US$ 62,53  a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +3,81%, a 463 iuanes

2. Agenda de indicadores

No exterior o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) da China e o 19º Congresso do Partido Comunista chamam atenção, juntamente com a esperada fala da chairwoman do Fed, Janet Yellen. As falas da comandante da autoridade monetária norte-americana, previstas para sexta-feira às 21h15, tendem a dar novas sinalizações sobre os rumos do ciclo de alta de juros na maior economia do mundo, após a inflação abaixo do esperado em setembro reduzir as apostas de um tom mais ‘hawkish’ nas próximas reuniões do Fomc (Federal Open Market Committee). O Fed também divulgará o Livro Bege às 16h da quarta-feira (18).

Na noite de quinta-feira, a China divulgará os resultados do PIB do terceiro trimestre, testando o otimismo verificado no pregão desta sexta-feira. Segundo os analistas da Rosenberg Associados, as expectativas são de estabilidade na comparação trimestral livre de sazonalidade. Lá também serão apresentados os dados de produção industrial, varejo e inflação. Ainda na China, destaque para o 13º Congresso do Partido Comunista, marcado para terça-feira (17).

Na agenda de indicadores domésticos, destaque para os dados do IPCA-15, a serem divulgados pelo IBGE  (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na sexta-feira (20) às 9h. A expectativa dos analistas da Rosenberg são de uma elevação de 0,33% no indicador inflacionário, puxado sobretudo pelo grupo de alimentos e bebidas. Ainda na agenda doméstica, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), na quarta-feira, às 8h30, deve trazer novas sinalizações sobre o ritmo da retomada da economia. Para os especialistas da Rosenberg, o indicador possivelmente registrará leve recuo na margem, após dois meses consecutivos de crescimento, seguindo o que se observou com a indústria e o comércio. 

3. Agenda política

Nesta semana, as atenções de deputados e senadores estarão voltadas principalmente à análise pela Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), além da decisão sobre o futuro de Aécio Neves (PSDB-MG), afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF), este último já devendo acontecer na terça-feira (17). 

A partir de terça, os deputados se concentrarão na análise, discussão e votação na Comissão de Constituição e de Justiça (CCJ) da Câmara da denúncia do Ministério Público Federal contra o presidente Temer e ministros. O parecer sobre a peça foi apresentado na última terça-feira (10) pelo relator, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomendou a rejeição do prosseguimento da denúncia, afirmando que ela se baseia em “delações espúrias, sem credibilidade não havendo justa causa para o prosseguimento da ação penal”.

A votação do parecer na CCJ poderá ocorrer na quarta ou na quinta-feira, a depender do ritmo das discussões. Qualquer que seja o resultado da votação na comissão, o parecer será encaminhado para discussão e votação em plenário da Câmara, prevista para terça (24) ou quarta-feira (25). Para que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigar o presidente e os ministros, serão necessário 342 votos favoráveis de deputados ao prosseguimento da denúncia.

4. Crise política renasce

A votação da denúncia ganhou ingredientes complicadores para o presidente Michel Temer no final de semana: a delação de Lúcio Funaro e suas consequências. O depoimento foi prestado por Funaro no fim de agosto. Nas gravações, divulgadas nessa sexta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, Funaro diz que o ex-deputado Eduardo Cunha recebia dinheiro de propina e repassava valores ao presidente Michel Temer. Funaro também relata que buscou com o ex-assessor especial do presidente Temer, José Yunes, um pacote com dinheiro e afirmou que Yunes tinha conhecimento do conteúdo entregue. 

A defesa do presidente Michel Temer criticou a divulgação dos vídeos com depoimentos da delação premiada do doleiro Lúcio Funaro à Procuradoria-Geral da República (PGR). Em nota, o advogado Eduardo Carnelós diz que o vazamento é “criminoso” e foi produzido por quem pretende “insistir na criação de grave crise política no país”. O advogado de Temer também afirma que as declarações de Funaro são “vazias” e “sem fundamento”. Contudo, o vídeo também está disponível na Câmara dos Deputados e o ataque do advogado irritou Rodrigo Maia (DEM-RJ). 

Segundo Maia, “houve uma perplexidade muito grande ver o advogado do presidente da República, depois de tudo que fiz pelo presidente, da agenda que construí com ele, de toda defesa que fiz na primeira denúncia, ser tratado de forma absurda e – vamos chamar assim – sem nenhum tipo de prova, de criminoso.” Conforme aponta o jornal O Estado de S. Paulo, para interlocutores do Palácio do Planalto, a medida foi vista como mais uma ação de Maia para tentar constranger o governo e mostrar descolamento do presidente. O governo avalia que o deputado não tinha a obrigação de colocar os vídeos no site da Câmara.

Por fim, a Polícia Federal fez nesta segunda uma operação de busca no gabinete do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima. A ação se relaciona aos R$ 51 milhões encontrados pela polícia em um apartamento que seria utilizado como “bunker” em Salvador. O dinheiro é atribuído a Geddel.

5. Noticiário corporativo

No radar corporativo, destaque para as recomendações do Santander: a Comgás foi rebaixada de compra para manutenção, a Duratex foi elevada de manutenção para compra pelo Santander, enquanto a Eletropaulo foi elevada de underperform para manutenção.

Gerdau aditou oferta de recompra de títulos para elevar valor, enquanto na Petrobras Marcelo Fernandes Bragança vai acumular interinamente diretorias de operação e logística da BR Distribuidora, após a renúncia de Antonio Carlos Caldeira. Por fim, o Itaú BBA tirou a BB Seguridade e incluiu Gerdau em Brazil Buy List.

Por fim, no InfoTrade, destaque para recomendação de compra para as ações da Estácio (ESTC3). – confira a análise completa.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.