Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta terça-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A tensão entre a Coreia do Norte e os EUA segue no radar dos mercados mundiais, assim como as negociações para a formação do governo alemão. Os investidores também ficam de olho na fala da chairwoman do Fed, Janet Yellen. Por aqui, atenção para a leitura da segunda denúncia contra Michel Temer na Câmara. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

A segunda-feira foi de grande estresse para o mercado com a intensificação das tensões entre Coreia do Norte e Estados Unidos; já neste pregão, o ambiente segue de aversão ao risco, mas a sessão é de variações mistas para a maior parte dos mercados.

Ontem, a Coreia do Norte alegou que os EUA declararam guerra ao país e alertou que poderá derrubar aviões americanos para se defender, mesmo que as aeronaves estejam fora de seu espaço aéreo. Segundo o ministro das Relações Exteriores norte-coreano, Ri Yong-ho, a declaração de guerra veio em um tuíte postado pelo presidente Donald Trump no fim de semana, no qual ele se referiu ao ditador Kim Jong-un como “pequeno homem-foguete” e afirmou que seu regime não sobreviveria muito tempo. A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, classificou de “absurda” a sugestão de que os EUA declararam guerra a Pyongyang.

Enquanto as bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta terça-feira, os mercados europeus têm leves ganhos em sua maioria. Além da questão Coreia do Norte e EUA, o mercado fica de olho no dólar, que sobe ante a maioria das moedas antes de fala de Janet Yellen e outros dirigentes do Federal Reserve nesta terça, enquanto o euro recua ainda refletindo política alemã, em meio ao riscos para a formação do governo após a vitória apertada de Angela Merkel.

Depois da sequência de baixa acompanhada na semana passada, a sessão foi de ganhos para o minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, enquanto o zinco sobe em Londres junto com outros metais após Morgan Stanley elevar projeções. Por outro lado, o Goldman Sachs alerta que perdas do minério de ferro podem aumentar à medida em que a China age contra poluição num momento em que a oferta das minas cresce. 

Às 8h00 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,04%

*FTSE (Reino Unido) -0,02%

*DAX (Alemanha) +0,22% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,05% (fechado)

*Xangai (China) +0,07% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,33% (fechado)

*Petróleo WTI -0,33%, a US$ 52,05 o barril

*Petróleo brent -0,63%, a US$ 58,65 o barril

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, +3%, a US$ 64,95 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,21%, a 465 iuanes

2. Agenda política

A partir das 11h30, será lida na Câmara dos Deputados a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer apresentada pelo ex-PGR (Procurador Geral da República), Rodrigo Janot, pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa. Na véspera, a leitura não foi realizada uma vez que a Casa não alcançou o quórum mínimo de 51 parlamentares para abertura da sessão de debates.

A primeira etapa de análise pelos parlamentares ocorrerá na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), responsável por aprovar no prazo de até cinco sessões um parecer favorável ou não ao prosseguimento da denúncia no STF (Supremo Tribunal Federal). O parecer será elaborado por relator ainda a ser designado pelo presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).

Outro tema de interesse do governo incluído na pauta da Câmara para esta semana é a conclusão do debate em torno da reforma política, com as sessões do plenário marcadas para começar também a partir das 11h30 de terça-feira.

3. Agenda de indicadores

Em destaque nesta sessão, está a fala da chairwoman do Federal Reserve, Janet Yellen, às 13h30. No mesmo horário, o presidente do Fed de Atlanta Raphael Bostic faz discurso. Antes disso, às 11h30, a diretora da autoridade monetária Lael Brainard também discursará. Nos EUA, às 10h00, serão revelados ainda os números de preços residenciais; às 11h00, serão divulgados os números de confiança do consumidor e vendas de novas moradias e da sondagem industrial de Richmond de setembro.

No Brasil, às 10h30, o Banco Central divulgará a nota do setor externo, na expectativa de que o déficit em conta corrente recue para US$ 245 milhões em agosto, segundo as estimativas do mercado. Além disso, serão divulgados os dados do investimento direto estrangeiro referente ao mês passado, que, segundo as projeções, deve subir para US$ 6,5 bilhões.

Na agenda do governo, às 11h, Michel Temer e o presidente do BC Ilan Goldfajn participam do lançamento do Plano Progredir para incentivar a saída de beneficiários do Bolsa Família. Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participa de café da manhã com investidores e interlocutores econômicos, organizado pela Embaixada do Brasil em Londres, participa de evento e almoço organizados pelo Itaú Unibanco e de mesa redonda com investidores organizada pelo HSBC. 

4. Operação Lava Jato

A defesa de Lula apresentou ontem recibos de locação de imóvel em São Bernardo que, segundo denúncia do MPF (Ministério Público Federal), seria parte de uma propina paga pela Odebrecht ao ex-presidente. “Os documentos hoje (ontem) apresentados comprovam que o imóvel não pertence a Lula e que o valor do aluguel previsto no contrato de locação firmado por sua falecida esposa foi pago e por isso foram emitidos recibos pelo locador”, diz a defesa do petista. 

Marcelo Odebrecht, por sua vez, apresentou à Polícia Federal, na Operação Lava Jato, quatro recibos com doações de R$ 1 milhão cada ao Instituto Lula. O executivo, delator da Operação Lava Jato, vincula os repasses à planilha de propinas “italiano” – codinome usado por empreiteiros do grupo para o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda/Casa Civil – Governos Lula e Dilma). 

Ainda sobre a Lava Jato, a primeira turma do STF analisa novo pedido de prisão e afastamento do mandato contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) feito pelo ex-PGR Rodrigo Janot. A PGR teve outros dois pedidos negados, pelos ministros Edson Fachin e Marco Aurélio Mello. 

5. Noticiário corporativo

Em destaque no noticiário corporativo, o Conselho de Administração da Cemig propôs o aumento de capital de até R$ 1 bilhão. Ainda no radar da estatal mineira, o presidente Michel Temer teria aceitado a proposta da bancada de Minas Gerais para a Cemig preservar uma das usinas em leilão, informa a Folha. A Aliança Energia, joint venture entre Cemig e Vale, vai participar do leilão das quatro hidrelétricas operadas pela Cemig nesta quarta-feira, segundo afirmou o presidente da Cemig, Bernardo Salomão de Alvarenga, em entrevista por telefone.

Wilson Sons negocia a suspensão temporária de contratos com a Petrobras, enquanto a AES Tietê assinou acordo para investir R$ 650 milhões em complexo solar. No radar de recomendações, a Santos Brasil foi elevada para outperform pelo Itaú BBA, assim como as ações da Fleury pelo Credit Suisse, com preço-alvo de R$ 37,00. 

Por fim, no InfoTrade de hoje, recomendações de compra para Vale (VALE3) e Lojas Americanas (LAME4(confira clicando aqui). 

(Com Agência Brasil, Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.