Queda da Selic trará um “efeito tectônico” na bolsa – e uma empresa ganhará muito com isso

Rio Bravo aponta os benefícios do corte dos juros no mercado e elege uma empresa para "surfar" esse movimento

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Na última quarta-feira (6), o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu a Selic para 8,25% ao ano, o menor nível desde maio de 2013. Em seu comunicado, a autoridade monetária mostrou-se confortável com Selic a 7% no final do ano, mas, a depender do comportamento benigno da inflação, há probabilidade da taxa básica de juros ficar abaixo deste patamar, o que proporcionaria um “efeito tectônico” sobre os valores dos ativos financeiros, assim projeta a Rio Bravo em carta enviada aos cotistas.

A gestora de investimentos, fundada pelo ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, faz menção ao efeito positivo da queda dos juros na avaliação de risco das companhias, uma vez que reduz a taxa de desconto dos modelos de avaliação de empresas e oferece maior potencial de valorização para as ações, além da migração natural do investidor de renda fixa para variável, em busca de retornos maiores por conta da queda do rendimento dos ativos indexados à Selic. Não por acaso o Ibovespa finalmente conseguiu nesta segunda-feira (11) renovar seu maior patamar intradiário da história ao superar os 73.920 pontos.

Segundo a Rio Bravo, o ciclo de queda dos juros não deve ser interrompido mesmo com a recente melhora da economia brasileira, que cresceu 0,2% na passagem do primeiro para o segundo trimestre do ano e superou a estimativa do mercado, que aguarda por uma estagnação no período. Portanto, para a gestora, a manutenção do ritmo de cortes pelo Copom não depende propriamente do comportamento do PIB (Produto Interno Bruto) e da inflação, que “está dominada”, mas sim da trajetória da dívida pública, que se beneficia pela redução do custo do financiamento.

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De acordo com a Rio Bravo, os aumentos das metas fiscais de 2017 até 2020, ano este que o resultado passou de um superávit de R$ 10 bilhões para um déficit de R$ 65 bilhões, foi uma indicação muito concreta do fracasso do governo em reduzir as despesas, tanto que a equipe econômica correu contra o tempo para estruturar um pacote de privatizações e concessões: “a prática vai definir até onde a política monetária poderá ir e tudo parece indicar que a matéria mais importante será a confiança na sustentabilidade das finanças públicas”, enfatiza a gestora. Por isso, o andamento da reforma da Previdência é importante para a política fiscal e tão aguardado pelo mercado, pois reduz as projeções de gastos e dá um alívio para as contas da União no longo prazo.

Uma ação que ganhará muito com isso

Com a perspectiva de queda dos juros, as empresas do setor de concessão e infraestrutura são beneficiadas por este movimento, uma vez que essas companhias possuem fluxos de caixa previsíveis por trabalharem com grandes projetos de longo prazo com valuations próprios. Cada projeto tem uma TIR (Taxa Interna de Retorno) estabelecida e a atratividade dos papéis é majoritariamente determinado pela diferença entre a Selic, que trabalha como taxa livre de risco, e a TIR, que embute o risco do empreendimento. Portanto, quanto menor a taxa de juros, maior a atratividade das ações de empresas desse tipo. A Rio Bravo elegeu a CCR (CCRO3) como a preferida neste ambiente.

Os papéis da concessionária já estão presentes há longa data na carteira dos fundos da gestora. Para ela, a companhia desponta pela qualidade da administração, boa geração de caixa e atrativo ROIC (Retorno sobre Capital Investido), denotando sua vantagem competitiva frente seus pares. Além do efeito nos negócios da empresa, a queda de juros ajuda também na redução das despesas financeiras, dando maior espaço para o crescimento do resultado operacional. “Com mais de R$ 11 bilhões em dívidas líquidas (e a maior parte disso indexada ao CDI), é fácil perceber quão grande é o benefício da queda dos juros”, pontua a Rio Bravo.

Na parte de receitas, a recente recuperação da economia eleva a expectativa pelo aumento do tráfego nas rodovias, que, inclusive, já saiu do campo negativo no segundo trimestre e aponta para uma gradual recuperação neste ano.

Por fim, a CCR possui caixa suficiente para participar de novos leilões de infraestrutura, especialmente de estradas, aeroportos e projetos de mobilidade urbana. Diferente dos últimos anos, quando as taxas de retornos oferecidas eram totalmente distorcidas, para não dizer fora da realidade, o governo atual possui maior racionalidade econômica, afirma a gestora, e sua necessidade de sucessos nesses leilões por conta do cumprimento da meta fiscal abrirá boas oportunidades para a empresa, que tende arrematar projetos com boas taxas de retorno.