Ibovespa sobe 1,75% e fica a 100 pontos do maior fechamento da história; dólar tem mínima em 4 meses

Mercado subiu forte com a perspectiva de Selic abaixo de 7% após IPCA ficar abaixo do esperado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Chegando a subir 2,02% na máxima do dia, quando atingiu os 73.607 pontos, o Ibovespa chegou a superar seu maior fechamento da história, em 73.516 pontos – atingido em 20 de maio de 2008. Porém, na reta final do pregão, o índice perdeu força e fechou esta quarta-feira (6) com alta de 1,75%, aos 73.412 pontos e volume financeiro de R$ 11,050 bilhões. Na máxima do dia, o benchmark da bolsa chegou a ficar a 313 pontos do topo histórico em 73.920 pontos, marcado no intraday de 29 de maio de 2008.

A euforia do mercado deve-se as apostas de que a Selic encerrará o ano próxima de 7% após o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto ficar abaixo do esperado pelo mercado. Com isso, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registraram baixa de 15 pontos, cotados a 7,63%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuaram 11 pontos, negociados a 8,96%.

Enquanto isso, o dólar comercial fechou com perdas de 0,55%, cotado a R$ 3,1021 na venda – menor patamar desde maio deste ano. Já o dólar futuro com vencimento em outubro registrou perdas de 0,53%, a R$ 3,111. Veja abaixo o gráfico do desempnho do Ibovespa desde a máxima de 2008:

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O IPCA recuou de 0,24% em julho para 0,19% em agosto, enquanto as estimativas dos economistas apontavam para uma alta de 0,3% na comparação mensal. No acumulado de 12 meses, o índice desacelerou de 2,71% para 2,46%, a menor variação acumulada desde fevereiro de 1999 (2,24%) e ainda abaixo do piso da meta de inflação de 3%, fatores que jogam a favor da manutenção do ritmo de cortes da Selic pelo Copom, que se reúne hoje para decidir o futuro dos juros.

Para Rafael Sabadell, gestor da GGR Investimentos, em vista do cenário de inflação bem abaixo da meta e recuperação da economia ainda bastante gradual, a possibilidade da Selic encerrar o ano próxima de 7% aumentou, visão compartilhada por Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica. Em entrevista à Bloomberg, Rosa afirmou que o “derretimento da inflação” abre espaço para a possibilidade de manutenção do ritmo acelerado de cortes, com chance da taxa básica de juros encerrar o ano abaixo de 7%.

Destaques do mercado

As ações da Embraer subiram após a notícia sobre o fim de “golden share” pelo governo e a venda bilionária de aeronaves (veja mais aqui). Na outra ponta, as ações da Rumo recuaram após empresa convocar assembleia para discutir aumento de capital.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 28,09 +5,92 +80,87 95,94M
 PETR3 PETROBRAS ON 15,50 +4,38 -8,50 185,28M
 PETR4 PETROBRAS PN 15,02 +4,23 +1,01 993,33M
 LREN3 LOJAS RENNERON 33,18 +3,69 +58,35 140,58M
 BRKM5 BRASKEM PNA 40,24 +3,58 +17,49 101,30M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 9,75 -3,85 +58,79 292,07M
 WEGE3 WEG ON 21,43 -1,02 +40,11 61,37M
 CMIG4 CEMIG PN 8,47 -0,70 +12,85 69,57M
 EGIE3 ENGIE BRASILON 36,00 -0,55 +9,21 37,48M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 17,66 -0,51 +2,04 46,61M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,02 +4,23 993,33M 556,52M 62.953 
 VALE3 VALE ON 35,80 +0,56 643,32M 601,94M 30.797 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 42,09 +2,68 600,74M 360,25M 31.219 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 34,27 +1,51 516,00M 299,61M 27.625 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,13 +1,56 401,77M 218,00M 30.975 
 BBAS3 BRASIL ON 32,76 +2,38 366,84M 235,58M 30.204 
 RAIL3 RUMO S.A. ON 9,75 -3,85 292,07M 64,76M 34.636 
 ITSA4 ITAUSA PN ED 10,69 +2,79 280,68M 165,43M 34.599 
 KROT3 KROTON ON 18,16 +2,02 201,45M 164,75M 25.015 
 USIM5 USIMINAS PNA 8,33 +3,22 198,69M 115,93M 24.141 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

TLP, nova meta fiscal e reforma eleitoral
Considerada a pauta prioritária do governo no Legislativo nesta semana, a Medida Provisória 777/2017, que cria a TLP (Taxa de Longo Prazo), taxa a ser usada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nos seus empréstimos concedidas a partir de 1º de janeiro de 2018, foi aprovada pelo plenário do Senado Federal na noite da última terça-feira (5). A nova taxa terá como base juros de mercado vinculados a um título do Tesouro Nacional (NTN-B) mais a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Além disso, o Congresso Nacional concluiu a votação que altera a meta fiscal de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões, que agora segue para sanção presidencial. Os dois destaques votados, que estavam pendentes e impediram que o governo enviasse o projeto orçamentário com a nova meta, foram rejeitados pelos parlamentares. A meta anterior era de R$ 139 bilhões para este ano e de R$ 129 bilhões para o ano que vem.

Na mesma noite, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, por 384 votos favoráveis a 16 contrários, a a proposta que veda coligações para eleições proporcionais e cria uma cláusula de desempenho para o acesso de partidos ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda em rádio e TV. Pelo acordo, a análise da proposta só será retomada depois que os deputados decidirem sobre outra PEC da reforma política: a PEC 77/03, relatada pelo deputado Vicente Candido (PT-SP), que altera o sistema para eleição de deputados e vereadores e cria um fundo público para o financiamento das eleições.

Para entender melhor como a TLP muda da água para o vinho o papel do BNDES na economia brasileira, clique aqui.

Reunião do Copom

O destaque do dia fica por conta da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre o novo patamar da taxa básica de juros brasileira e as sinalizações que serão dadas pelo Banco Central sobre os próximos passos da equipe de Ilan Goldfajn.

O mercado já espera por um novo corte de 100 pontos-base na Selic, que passaria ao patamar de 8,25% ao ano, ao passo que os investidores aguardam o comunicado pós-reunião, em busca de pistas sobre o ritmo de cortes da Selic nas próximas reuniões, ainda mais após o IPCA abaixo do esperado, o que reforça a expectativa por um comunicado dovish.

Ainda do lado da agenda econômica, no exterior as atenções se voltam para o Livro Bege do Federal Reserve (15h00), com as percepções dos bancos centrais regionais sobre a situação econômica em suas áreas de atuação.

Cenário político agitado
Do lado político, a terça-feira foi bastante agitada, com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República de políticos ligados ao PT, incluindo os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, sob a acusação de desvios de recursos da Petrobras. Na peça, Rodrigo Janot diz que, além do PT, o núcleo político da organização era composto também por integrantes do PMDB do Senado e Câmara e do PP.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Edson Fachin, retirou o sigilo da conversa gravada entre os executivos da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud, que têm acordos de delação premiada, como também homologou o acordo de delação premiada do doleiro Lúcio Funaro, que pode recaiar sobre Michel Temer.

Além disso, era madrugada desta quarta-feira, quando a Polícia Federal terminou a contagem dos valores apreendidos no bunker ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima e foram apreendidos R$ 51 milhões em dinheiro vivo. O valor será depositado em uma conta judicial.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.