Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A quinta-feira tem como destaque os indicadores dos EUA, com destaque para os dados de inflação e dos gastos de consumo das famílias americanas, enquanto o mercado repercute os PMIs da China e a inflação no euro. Já no Brasil, o mercado repercute o tropeço do governo na votação da meta fiscal, mas que deve ser revertido na semana que vem. Confira os destaques desta quinta-feira:

  1. 1. Bolsas mundiais

    A sessão é de ganhos para as bolsas europeias e mista para os mercados asiáticos, com o mercado de olho nos dados econômicos da China e no euro. Na Europa, os ganhos são impulsionados pelos dados de inflação ao consumidor na Zona do Euro, que marcou em agosto avanço de 1,5% frente ao mesmo período do ano passado e superou as expectativas do mercado de 1,4%, atingindo o nível mais alto em quatro meses.

  2. Já as bolsas asiáticas fecharam sem direção única, à medida que investidores digeriam indicadores mistos da atividade econômica da China. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) oficial de manufatura da China subiu de 51,4 em julho para 51,7 em agosto, surpreendendo analistas, que previam leve baixa do indicador para 51,3. Por outro lado, o PMI oficial chinês de serviços diminuiu de 54,5 em julho para 53,4 neste mês.
  3. Do lado das commodities, o minério de ferro subiu forte por conta do resultado acima do esperado da indústria chinesa, enquanto o petróleo tem um dia de ganhos e a gasolina supera US$ 2/galão em NY após canal de combustível do Golfo do México à Costa Leste começar a fechar devido à tempestade tropical Harvey.  
  4. Às 8h21, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,73%

*FTSE (Reino Unido) +0,64%

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*DAX (Alemanha) +0,58% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,44% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -0,08% (fechado)

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*Nikkei (Japão) +0,72% (fechado)

*Petróleo WTI +0,44%, a US$ 46,16 o barril

*Petróleo brent +0,39%, a US$ 51,06 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +3,80%, a 573 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% +3,72%, a US$ 78,91 a tonelada

2. Agenda econômica

Em destaque na agenda econômica, está a taxa de desemprego medida pela pesquisa PNAD contínua do IBGE, que deve ficar em 13% em julho, a mesma do mês anterior, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg. Dado será divulgado a partir das 9h e é monitorado pelo mercado em busca de novos sinais de melhora da economia.

Nos EUA, o mercado ficará de olho, às 9h30, para os números de pedidos de seguro-desemprego, além de dados de renda e gastos pessoais; às 10h45, serão divulgados os dados da indústria de Chicago referentes a agosto. Contudo, as atenções estarão voltadas para o PCE de julho, indicador de preços mais olhado pelo Federal Reserve e que será divulgado às 9h30. A agenda é agitada na Ásia, com os dados de gastos de capital do Japão do segundo trimestre às 20h50 e da indústria do país às 21h30. Às 22h45, será divulgado o PMI da China de agosto pelo Caixin.

3. Agenda política

Após a conclusão da votação da TLP (Taxa de Longo Prazo) na Câmara, com texto agora indo para o Senado, o governo sofreu uma derrota no Congresso na votação da meta fiscal. Por falta de quórum, o Congresso aprovou na madrugada de hoje o texto-base, mas não concluiu a votação do projeto que revisa as metas fiscais de 2017 e de 2018 para um déficit de R$ 159 bilhões. O texto principal que previa alteração nos déficits fiscais dos dois anos chegou a ser aprovado, mas como a sessão se prolongou pela madrugada, o quórum mínimo necessário para prosseguimento da votação, que analisava cinco destaques, não foi alcançado. 

Com a derrota, o governo será obrigado a enviar hoje o projeto de lei do Orçamento de 2018 com o déficit de R$ 129 bilhões, menor do que as expectativas atualizadas pela equipe econômica. Caso o projeto tivesse sido aprovado por completo, o Executivo estaria autorizado a enviar a nova meta fiscal de acordo com o ajuste na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Uma nova sessão do Congresso está marcada para a próxima terça-feira (5), às 19h, para que os parlamentares terminem de apreciar os últimos dois dos cinco destaques feitos ao texto. Sem a ampliação, o governo precisará fazer um “corte” de R$ 30 bilhões nas despesas previstas na proposta – o que é um “vexame” na visão da área econômica, já que essa não é a realidade fiscal do País. O desfecho indesejável, ocorrido em meio à viagem do presidente Michel Temer e de integrantes da base ao exterior, também complica a situação para 2017, já que adia a possibilidade de a área econômica conseguir reverter parte do corte de R$ 45 bilhões ainda vigente sobre o Orçamento deste ano. 

O adiamento na votação da mudança na meta pode impor um risco maior de “apagão” na máquina administrativa este ano. Alguns órgãos já estão estrangulados e com dificuldades para funcionar, consequência do forte bloqueio que incide sobre os gastos de custeio da máquina e sobre investimentos. A intenção da área econômica é liberar uma parcela do valor bloqueado e dar fôlego aos ministérios até o fim do ano, garantindo a prestação de serviços à população como o atendimento em agências do INSS e emissão de passaportes, mas diante da votação incompleta isso não será possível neste momento.

Contudo, para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o governo não foi derrotado com a não conclusão da votação. “Foi uma derrota para o cansaço, porque 38 deputados não conseguiram chegar. Faz parte do jogo. Foi uma obstrução legítima, não podemos tirar o mérito da oposição, mas não é nada que crie qualquer problema para o governo”, disse. O senador explicou que caso os destaques sejam rejeitados na próxima semana, o governo precisa apenas enviar uma correção da meta ao Congresso Nacional.

Segundo a LCA Consultores, a  não conclusão da votação da mudança das metas fiscais pode causar algum impacto negativo no mercado nesta sessão, mas de forma limitada, pois o governo pode contornar essa situação em breve. “A prioridade é a aprovação da TLP até o dia 06, quando vencerá”, aponta a consultoria. 

Ainda sobre a pauta do ajuste, o presidente em exercício, Rodrigo Maia, afirmou na noite de ontem, em sua conta no Twitter que editou MP para estender o prazo de adesão ao programa de parcelamento de débitos tributários, o Refis, para 29 de setembro. Inicialmente, os devedores teriam até esta quinta-feira para ingressar no programa.  A edição da MP para estender o prazo é uma tentativa de acalmar parlamentares da base aliada que temiam a interrupção das adesões e, ao mesmo tempo, negociam com o governo condições ainda mais vantajosas de descontos no Refis.

4. Denúncia contra Temer

Na última quarta-feira, o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), devolveu à PGR (Procuradoria Geral da República) a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro para ajustes, que deve ser utilizada em uma eventual nova denúncia de Rodrigo Janot contra Michel Temer e, com o atraso na homologação, a denúncia também pode atrasar.

Sobre o assunto, o presidente afirmou que recebeu a decisão com naturalidade: “no plano jurídico, quando alguém começa a agir suspeitamente, você tem que arguir a suspeição. Quem decide é o Judiciário, se há ou não suspeição. O que não se pode é manter o silêncio. Foi o que o meu advogado fez”, afirmou, após reunião com grandes empresários chineses.

Nesta quinta-feira, Temer se encontra às 11h00 com o presidente da State Grid Corporate of China, Shu Yinbiao e, logo após, com presidente do Conselho Huawei, Sun Yafang. Mais tarde, o presidente tem reunião presidente do grupo empresarial HNA, Chen Feng e com o presidente do conselho da China Three Gorges Corporation, Lu Chun

5. Noticiário corporativo

A Petrobras anunciou reajuste dos combustíveis, com alta de 0,5% no preço da gasolina e em 2,5% no preço do diesel. Já o governo suspendeu exportações da unidade da Minerva envolvida em operação da PF, enquanto a Hering aprovou o pagamento de dividendos de R$ 50 milhões em outubro. No noticiário sobre elétricas, a Equatorial se cadastrou para receber informações sobre o leilão da Cesp, segundo a Reuters.

No radar de recomendações, o Safra elevou a Locamerica para outperform, com preço alvo subindo a R$ 15,50. A Biotoscana foi iniciada com recomendação de compra pelo BTG Pactual e com recomendação overweight pelo JPMorgan. Já a Bradespar e a Usiminas tiveram recomendação elevada de manutenção para compra pelo HSBC. Sobre saneamento, a Sabesp informou discordar da revisão da Arsesp e quer índice de reposicionamento maior. Esta quinta também marca a última prévia da nova composição do Ibovespa na B3. 

Por fim, no InfoTrade de hoje, um setup de compra com as ações de Taesa (TAEE11(confira clicando aqui). 

(Com Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.