Os 5 fatores que podem decretar o fim do maior ciclo de bull market da história

Porém, segundo o Credit Suisse, o cenário ainda é de otimismo para os principais mercados mundiais

Lara Rizério

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SÃO PAULO –  Com recordes atrás de recordes na esteira dos resultados corporativos e com a visão “dovish” do Federal Reserve sobre a alta de juros (entre outros fatores), muitos questionam até onde vai o desempenho positivo das bolsas americanas.

Conforme ressalta o Credit Suisse em relatório, esse tem sido o maior ciclo de bull market (valorização de pelo menos 20% em relação ao menor nível atingido) da história, com retorno real de 33% acima do último pico. Porém, mesmo em meio à forte alta (e alguns alertas de bolhas por grandes gestores e investidores), o time de estrategistas do banco, liderado por Andrew Garthwaite, segue otimista com a bolsa americana (principalmente quando comparado aos títulos do Tesouro do país) e elevou a projeção para o S&P500. O target passou de 2.500 para 2.550 pontos para o índice ao final de 2017(potencial de valorização de 4,17%), enquanto apresentaram uma projeção de 2.600 pontos para 2018 (upside de 6,21%). 

Entre os motivos apontados para a continuidade da alta, estão bons indicadores macroeconômicos como PMIs, que indicam uma pequena aceleração do crescimento do PIB global, além da possível revisão nas estimativas para cima dos lucros das empresas americanas. Ao mesmo tempo, há uma indicação de condições favoráveis de políticas monetárias pelo mundo, o que favorece o excesso de liquidez. “Pensamos que os bancos centrais permanecerão bastante cautelosos em seu aperto monetário”, avaliam.

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Além disso, as pré-condições normais de um pico de mercado não estão sendo vistas, como expansão dos spreads de crédito ou um super aquecimento de investimentos corporativos. Soma-se o fato de que os indicadores táticos não esticados, com destaque para a baixa volatilidade. 

Porém, o que pode mudar esse cenário?

Sim, os estrategistas do Credit estão relativamente otimistas com as bolsas americanas (pelo menos na comparação com a renda fixa americana). Mas eles também estão atentos aos riscos que estão no radar. Desta forma, ressaltaram cinco pontos principais que é importante ficar de olho e que podem determinar o fim do bull market dos EUA. Seguem eles abaixo: 

i) valuations de companhias financeiras e de tecnologia podem acabar esticados (contudo, eles veem poucas evidências de que os ativos dos setores estejam sobrevalorizados aos níveis atuais); ii) o aumento do credit spread (diferença entre os rendimentos dos títulos americanos e de títulos de empresas); iii) reversão do excesso de liquidez e condições financeiras mais apertadas; iv) desaceleração acentuada da economia chinesa e v) eleições italianas de maio de 2018. 

” Acreditamos também que uma das grandes ameaças para as ações seja um título americano pagando rendimento acima de 3,2% ao ano. Contudo, o risco disso acontecer parece baixo no momento atual”, ressaltam os estrategistas. 

Sobre o ponto iii, que fala sobre excesso de liquidez, o Credit ressalta que as políticas monetárias dos principais BCs devem continuar na linha de “apoiar” o mercado de ações, ao mesmo tempo em que os balanços das principais autoridades monetárias devem ser “reduzidos” somente a partir do meio do próximo ano. Já ao falar sobre as eleições na Itália, ela é apontada como o maior risco político na Europa. Porém, os riscos parecem decrescentes, uma vez que o eurocético Movimento 5 estrelas vem perdendo forças, além de apresentar recentemente um discurso mais moderado e afirmar que um referendo sobre a continuidade ou não do país na zona do euro não está no topo da agenda. Além disso, a maior parte dos italianos ainda é a favor da permanência do país no bloco econômico. 

Assim, os riscos para o fim do bull market devem ser atentamente monitorados pelo mercado. Mas, por enquanto, não há sinais de uma grande reversão, aponta o Credit Suisse. 

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.