As 8 ações que apresentaram o pior desempenho no 1º semestre do ano; JBS e empresas “BRAS” estão na lista

Seleção ainda conta com uma das "queridinhas" do sell-side no setor de varejo

Rafael Souza Ribeiro

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Sem dúvida nenhuma, o primeiro semestre de 2017 ficará na história da bolsa brasileira como um dos mais paradoxais. Saímos de “Everybody Loves Brazil”, com o mercado alinhado para o teste do topo histórico do Ibovespa (73.920 pontos) para o caos político gerado pela delação da JBS na noite de 17 de maio, que culminou no acionamento do primeiro “circuit breaker” desde 2008 no dia seguinte.

Por conta disso, o Ibovespa, que chegou a subir 15% na sua máxima do ano (69.487 pontos) alcançada em fevereiro, caminha para fechar o semestre próximo dos 60.227 pontos vistos no fechamento de 2016 – às 11h10 desta sexta-feira (30), o principal índice de ações da B3 operava aos 62.547 pontos, alta de 3,9% em 2017.

O InfoMoney selecionou 8 ações que se destacaram entre as maiores perdas desta primeira metade do ano. Além da JBS (JBSS3), que está no “olho do furação” da crise política, empresas estatais (Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil), BRF, Lojas Americanas, CSN e Gafisa também aparecem na lista. Confira o motivo da queda de cada uma delas:

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JBS

Epicentro da crise política atual, a JBS (JBSS3) recua 44,6% no primeiro semestre do ano (com base no fechamento da última quinta-feira) e é a ação que registra a maior desvalorização entre as ações do Ibovespa. O envolvimento dos irmãos Batista em esquemas de corrupção desde a era PT culminou na debandada dos investidores dos papéis do frigorífico. E não faltaram motivos para isso.

Alvo constante das operações da Polícia Federal, seja por supostas irregularidades em financiamentos da Caixa Econômica Federal, repasses para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ou no âmbito da Carne Fraca, a empresa ganhou de vez as páginas dos jornais após a conversa entre Joesley Batista e Michel Temer no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março, que culminou na maior crise do governo e levou à denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente.

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Com o “império desmoronando”, a empresa está correndo para vender seus ativos para combater a crise de confiança do mercado e fazer caixa, vide o programa de desinvestimento de R$ 6 bilhões anunciado. Porém, a AGU (Advocacia-Geral da União) e a Justiça Federal, solicitaram o bloqueio dos bens da empresa e a venda dos frigoríficos para o Minerva, que deu um alívio para as ações, está congelada. Portanto, o futuro é incerto da empresa, que, segundo rumores, por até entrar com pedido de recuperação judicial, refletiu (e deve seguir refletindo) no desempenho das ações.

Estatais (Petrobras, Eletrobras e BB)
Como se fala no mercado, quando um governo está em crise, empresas com a terminação “BRAS” na sua razão social costumam a sofrer mais do que o normal, uma vez que são estatais e são mais sensíveis as variações do mercado. Não por um acaso, as ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) e Petrobras (PETR3) figuram entre as maiores quedas do Ibovespa.

Sobre Eletrobras, que acumula queda de 42,66% no primeiro semestre (com base no fechamento da última quinta-feira), a derrocada começou em março, quando a estatal elétrica divulgou seu resultado referente ao quarto trimestre de 2016 e admitiu que poderá reconhecer, nas próximas demonstrações financeiras, baixas contábeis por conta de “impactos significativos” das investigações da operação Lava Jato. No caso, a operação “Barão Gatuno”, que investiga contratos firmados por Furnas, mais precisamente na compra de ações da Hidrelétrica Serra do Facão, em que Eduardo Cunha seria o responsável pelo esquema. A “pá de cal” foi no dia 18 de maio, quando a empresa recuou 20,97% e, desde então, não saiu da faixa de R$ 12,00.

No caso de Petrobras, depois de disparar praticamente 100% em 2016 com a entrada de Pedro Parente, que foi muito bem recebido pelo mercado devido seu histórico de sucesso no setor público e sua iniciativa de desalavancar as contas, a estatal perdeu cerca de 23% de valor de mercado neste primeiro semestre. Apesar da evolução na sua política de corte de gastos e busca pela eficiência operacional, a queda de 20% do preço do petróleo no mercado internacional atingiu em cheio as ações da petrolífera.

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Por fim, o Banco do Brasil (BBAS3) nem caiu tanto no 1º semestre (queda de 4,2% com base no último fechamento), mas se comparado aos seus pares na bolsa, o desempenho foi decepcionante, já que as ações de Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) sobem 10% e 5,3%, respectivamente, com base no fechamento da última quinta-feira. O agravamento da crise política fez com que muitos investidores que estavam posicionados em BBAS3 voltarem para os “peers” privados. Vale lembrar que em 2016 o “rali do impeachment” fez o BB ganhar 90% de valor de mercado em bolsa, contra 28,5% do Itaú e 50,4% do Bradesco.

BRF

Desde o ano passado, a empresa está em meio a uma “tempestade perfeita” em termos de resultados, diante da redução do consumo doméstico (aumento do desemprego), aumento da concorrência e do custo dos insumos. Para ajudar, a companhia foi alvejada pela Operação Carne Fraca, que culminou em aumento das despesas e queda nas receitas neste primeiro trimestre e deve seguir impactando no próximo trimestre. Por conta disso, as ações ordinárias da BRF (BRFS3) acumulam queda de 20% durante o primeiro semestre, tendo em vista o último fechamento.

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O movimento acabou penalizando também as ações da Tarpon (TRPN3), gestora de investimento que possui 8,5% do capital aplicado em BRF, segundo dados da B3. De janeiro até agora, os papéis do private equity listados em bolsa acumulam até a última quinta-feira desvalorização de 49%.

CSN

A CSN (CSNA3) foi o “patinho feio” entre as siderúrgicas brasileiras. Enquanto as ações da Gerdau (GGBR4) recuam 5,9% no primeiro semestre e as da Usiminas (USIM5) sobem 10%, os papéis da CSN despencam 36,7% com base no último fechamento de quinta-feira, a terceira maior queda do Ibovespa, somente atrás de JBSS3 e ELET3.

A derrocada das ações começou em março, quando a empresa adiou a divulgação do balanço de 2016, alegando atraso devido à revisão do tratamento contábil na combinação de atividades de mineração e logística, ao passo que ganhou ainda mais força em abril em vista da queda do minério de ferro, que saiu de US$ 80,00 para US$ 69,00 a tonelada. A commodity é um componente importante na composição da receita da companhia.

Apesar da recuperação recente dos papéis e de seus pares em bolsa por conta do aumento do preço do aço, a CSN segue penalizada por conta dos entraves nas negociações das dívidas de curto prazo entre seus credores, que, segundo o BTG Pactual, somam R$ 4,9 bilhões entre 2017 e 2018.

Lojas Americanas

Outra empresa que decepcionou bastante frente seus pares em bolsa foi a Lojas Americanas (LAME4). Enquanto a própria B2W (BTOW3), que é o braço de vendas online do grupo, sobe 14,3% no primeiro semestre (com base na cotação de quinta-feira), e outros papéis do setor como Lojas Renner (LREN3, +28,3%), Magazine Luiza (MGLU3, +135,2%) e Hering (HGTX3, +34,4%) tiveram um semestre bem favorável até o fechamento de quinta-feira, os papéis LAME4 afundaram 19% até o último fechamento, figurando entre os piores do Ibovespa.

A derrocada dos papéis foi em maio, quando a varejista publicou resultado abaixo do esperado pelo mercado, ampliando significativamente o prejuízo no primeiro trimestre, pressionada por efeitos de calendários e pelas despesas financeiras vinculadas à B2W. Apesar de ser uma “queridinha” do sell-side, o papel segue travado na faixa de R$ 14,00.

Gafisa

Por fim, mas não menos importante, a maior queda entre as 100 ações que compõem o IBrX-100 ficou com a Gafisa (GFSA3), que neste primeiro semestre amarga desvalorização de 40,9% (com base no fechamento de quinta-feira). O spin off (separação dos negócios sem a necessidade de uma oferta pública) da Tenda (TEND3), que era considerada a “galinha dos ovos de ouro” da empresa, foi um dos principais motivos para esta queda bem descolada do restante do setor – o “IMOB”, índice de ações que acompanha empresas de construção e de shopping centers, subiu cerca de 12% no semestre.

Entenda mais sobre a operação entre Gafisa e Tenda clicando aqui

O foco no segmento de baixa renda, cujo público é atendimento pelos programas assistenciais do governo, é o grande atrativo da Tenda e que sustentava o resultado da Gafisa. Como a separação dos negócios, a empresa perdeu essa fonte de receita e suas ações foram (e devem seguir) penalizadas, opinião compartilhada pelos analistas do Credit Suisse, que recomendam venda para Gafisa devido ao momentum ruim dos resultados, cujo prejuízo segue crescente.