Qualicorp desaba 15% no mês com “risco-Unimed”; small cap sobe 30% hoje “misteriosamente”

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa engatou uma recuperação na tarde desta sexta-feira, em meio à notícia da AFP afirmando que o Deutsche Bank está perto de um acordo com a Justiça norte­americana com relação à multa que o banco foi condenado a pagar. Com isso, a ação do banco negociada na Bolsa de Nova York passou a subir 14%, seu melhor desempenho diário desde 2011, puxando para cima os mercados mundiais. 

O alívio, no entanto, foi praticamente apagado perto do fechamento, com o índice registrando hoje ligeira alta de 0,03%, a 58.367 pontos, entre os ganhos da Petrobras e queda da Vale, afetada nesta sessão pela desvalorização do minério de ferro, enquanto o Bank of America Merrill Lynch reiterou recomendação de compra para suas ações. Com o dia praticamente estável, o benchmark encerrou em queda de 0,56% na semana, mas em alta de 0,8% em setembro – seu quarto mês seguido no terreno positivo, acumulando no período ganhos de 20,5%. 

Entre os destaques de ações, as grandes ganhadoras do Ibovespa na semana foram as ações da Braskem, Suzano e CSN, que saltaram entre 4% e 8%. Do outro lado, as maiores quedas ficaram com Embraer, Metalúrgica Gerdau e Pão de Açúcar, entre 4% e 7%. Por sua vez, no mês, as ações da Raia Drogasil lideraram as altas (+11,31%), seguidas por Multiplan (+8,39%) e Kroton (+7,42%). Já as maiores quedas ficaram com os papéis da Qualicorp (-15,43%), Rumo (-12,22%) e Metalúrgica Gerdau (-7,55%). Para conferir outros variações, clique aqui.  

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Vale (VALE3, R$ 17,81, -1,00%; VALE5, R$ 15,40, -0,96%)
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 9,76, -0,91%) – holding que detém participação na Vale – sentem o peso da queda dos preços do minério de ferro e caem hoje. A commodity entregue no Porto de Qingdao, na China, recuou 1,6% nesta sessão, indo a US$ 55,60 a tonelada. Na semana, a desvalorização foi de 1,9%.  

As siderúrgicas seguiram o mesmo caminho negativo nesta sessão, com Gerdau (GGBR4, R$ 8,86, -1,77%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,43, -0,29%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,53, -3,29%). As exceções foram CSN (CSNA3, R$ 9,09, +0,33%), que registrou leve alta, e as ações ordinárias da Usiminas (USIM3, R$ 9,56, +6,10%), que dispararam 38% em 6 pregões. 

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Hoje, o Bank of America Merrill Lynch reiterou a recomendação de compra das ações da Vale, dado o valuation de 5,9 vezes o Ebitda ainda atrativo, o andamento do projeto S11D, potencial venda de mais ativos e inflexão de fluxo de caixa. 

Além disso, o Credit Suisse divulgou relatório atualizando suas projeções para o setor. Para CSN, o banco reiterou recomendação underperform (desempenho abaixo da média) para a ação, mas considerando os melhores preços de aço e menores custos revisaram o preço-alvo de R$ 3,50 para R$ 5,00; em Usiminas, eles estão restritos, mas ressaltaram que veem ainda uma demora de alguns anos para que a companhia consiga entregar um Ebitda/tonelada acima de R$ 300/t (a última vez que isso ocorreu foi em 2008); e, por fim, sobre Gerdau, os analistas comentaram que seguem com recomendação outperform (desempenho acima da média) para a ação, com preço-alvo mantido em R$ 12,00. 

Petrobras (PETR3, R$ 15,14, +0,46%; PETR4, R$ 13,57, +1,04%)
As ações da Petrobras seguiram o dia positivo no mercado doméstico, mas ainda cautelosas em meio ao dia misto dos preços do petróleo no mercado internacional. O contrato futuro do Brent caiu 0,39%, a US$ 49,05 o barril, enquanto o WTI subiu 0,4%, a US$ 48,02 o barril.  

Durante o Exame Fórum 2016, nesta sexta-feira, o presidente da estatal, Pedro Parente disse que a Petrobras foi “vítima” em todo esse processo de corrupção e elogiou o trabalho de investigação da polícia federal (veja mais destaques clicando aqui).

Braskem (BRKM5, R$ 25,11, -1,68%)
As ações da Braskem tiveram poucos minutos no positivo na abertura desta sessão. Em meio às novas informações envolvendo a empresa no esquema de propina investigado pela Operação Lava Jato, os papéis fecharam no negativo nesta sexta-feira. 

A Lava Jato encontrou registros de que a Braskem, petroquímica da Odebrecht em sociedade com a Petrobras, pagou parte das propinas destinadas ao ex-ministro Antonio Palocci, via Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, segundo informações de O Estado de S. Paulo.

Os investidores apontam que Palocci teria agira em favor da Braskem em pelo menos dois momentos: em 2009, quando era deputado federal pelo PT, e em 2013, quando era consultor pela empresa Projeto. Segundo investigadores, há indícios de que um dos destinatários finais do dinheiro seria o marqueteiro do PT João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff (2014 e 2010) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006).

Palocci foi detido temporariamente (por 5 dias) na última segunda-feira, sob suspeita de ter arrecadado R$ 128 milhões da Odebrecht em propinas ao PT, entre 2008 e 2013. Ele foi ouvido na quinta-feira por cerca de 4 horas pelo delegado Fillipe Hille Pace e pela procuradora Laura Tessler. O ex-ministro negou irregularidades.

Além disso, aparece no radar da empresa hoje a informação de que a agência de classificação de risco Fitch elevou a perspectiva do rating da companhia de longo prazo em moeda estrangeira da companhia de negativo para estável. A revisão reflete a expectativa de melhora no fluxo de caixa gerado fora do Brasil devido ao início de produção da Braskem Idesa, unidade de polietileno no México. 

Vitalize.Me (VTLM3, R$ 1,74, +29,85%)
As ações da small cap Vitalyze.Me dispararam 26% em 30 minutos nesta sessão – das 14h30 às 15h (horário de Brasília) -, com forte volume financeiro. O motivo da euforia, no entanto, seguiu desconhecido. No radar da empresa, não há sinal de nenhuma notícia que pudesse fazer preço nos papéis. O giro financeiro foi de R$ 2,04 milhões, contra média diária de R$ 634,9 mil dos últimos 21 pregões.

Na semana passada, a ação disparou 54% em um dia após anunciar que cancelou seu aumento de capital. A decisão ocorreu após suas ações desabarem mais de 50% do final de agosto até o dia 21 de setembro.

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,52, -0,20%)
O Itaú comunicou, em complemento ao fato relevante divulgado em 2 de agosto, que o Banco Central homologou o aumento de capital da companhia no valor de R$ 12 bilhões, elevando seu capital social de R$ 85,148 bilhões para R$ 97,148 bilhões. Com isso, haverá uma bonificação em ações na razão de 10%, com a emissão de 598.391.594 novas ações, sendo 304.704.019 ordinárias e 293.687.575 preferenciais.

O banco informou ainda que terão direito à bonificação os acionistas titulares de ações na posição acionária do final do dia 17 de outubro, com os papéis ficando “ex” direito à bonificação a partir de 18 de outubro. Por fim, o Itaú disse que os dividendos mensais serão mantidos em R$ 0,015 por ação, de modo que os valores totais pagos mensalmente aos acionistas serão incrementados em 10%, a partir de 1 de novembro.

Ainda no noticiário do banco, destaque para o compromisso que assumiu de comprar por R$ 1,28 bilhão a participação de 40% do BMG no Banco Itaú BMG Consignado, passando a deter, após a conclusão da aquisição, 100% do capital total, segundo comunicado.

A carteira do Itaú BMG Consignado totalizava em 31 de agosto volume aproximado de R$ 29 bilhões. “A operação não produzirá resultados relevantes no Itaú Unibanco em 2016”. O Itaú e BMG “manterão uma associação por meio da celebração de um novo acordo comercial para distribuição de empréstimos consignados do Itaú BMG Consignado e de suas afiliadas, com exclusividade, em determinados canais de distribuição vinculados ao BMG e a suas afiliadas”.

Multiplus (MPLU3, R$ 43,99, -0,63%) e Smiles (SMLE3, R$ 53,97, +4,01%)
As ações da Smiles dispararam após ter sido iniciada pela Votorantim Corretora com recomendação “outperform” (desempenho acima da média), equivalente a compra, com preço-alvo de R$ 61,00. No mesmo relatório, a corretora iniciou cobertura da Multiplus, com recomendações de “market perform” (desempenho em linha com a média) e preço-alvo em R$ 49,00. 

PDG Realty (PDGR3, R$ 2,38, -4,42%)
Enquanto as ações da Viver disparam na expectativa de um possível “resgate”, as ações da PDG Realty afundam em meio ao temor de que ela siga os mesmos passos do seu par problemático. Essa é a sexta queda seguida das ações, acumulando perdas no período de 22%. 

Notícia do jornal O Estado de S. Paulo do início da semana apontava que a empresa poderia recorrer à medida até o fim do ano. Com bilhões de reais em prejuízos acumulados e dificuldade para vender R$ 2,7 bilhões de imóveis em estoque num mercado retraído, a companhia já estaria em negociação com uma empresa de reestruturação financeira. Em resposta, a PDG disse, em comunicado enviado ao mercado, que, ao contrário do que dizia a reportagem, não havia qualquer decisão tomada sobre o ajuizamento de um pedido de recuperação judicial, assim como não houve, por parte de seus representantes, qualquer interação com instituições financeiras a este respeito.

Assim, até que novos fatos relevantes ou comunicados oficiais sejam publicados, qualquer divulgação acerca da Reestruturação de Dívidas pela mídia ou por qualquer outro meio deve ser havida como especulação, e os acionistas e o mercado em geral devem se pautar tão somente pelas publicações oficiais realizadas pela companhia, informou o comunicado.

Viver (VIVR3, R$ 2,81, +4,46%)
As ações da Viver voltaram a disparar após ter seu pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça de São Paulo. Na máxima desta sessão, os ativos atingiram alta de 21,19%, a R$ 3,26. Em 4 pregões, os papéis da ação já saltaram 49%. 

A construtora Viver informou ontem que o juíz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital do Estado de São Paulo deferiu hoje o processamento do pedido de recuperação judicial da companhia. Com isso, a empresa deve apresentar seu plano de recuperação em até 60 dias úteis.

Diversos outros fatores também foram determinados: a dispensa da apresentação de certidões negativas para que a companhia exerça suas atividades; a suspensão das ações e execuções contra a empresa e demais sociedades em recuperação por 180 dias úteis; e a apresentação de contas demonstrativas até o dia 30 de cada mês, sob pena de destituição dos seus controladores e administradores.

Qualicorp (QUAL3, R$ 19,18, +2,90%)
As ações da Qualicorp reagiram à queda de quase 4% registrada ontem, quando os papéis foram afetados por uma notícia do blog de Ancelmo Gois, do jornal O Globo, de que a Assembleia Geral Extraordinária da Unimed-Rio não aprovou o aporte de R$ 500 milhões. Com isso, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) vai notificar a cooperativa: ou ela apresenta imediatamente uma outra forma de capitalização ou vai liquidar a Unimed-Rio extrajudicialmente. No mês, os papéis fecharam como a maior queda do Ibovespa (-15,43%). 

Segundo analistas do Santander, a notícia de uma potencial falência da Unimed-Rio traz efeitos negativos para a Qualicorp, porém limitados. Segundo as estimativas do banco, de aproximadamente 5% do Ebitda anual da Qualicorp. “Enquanto vemos as notícias como eventos negativos, acreditamos em um impacto negativo limitado, menor do que o representado no desempenho recente das ações (de -15% este mês)”. Ainda assim, eles mantiveram visão positiva para a ação da Qualicorp.   

JBS (JBSS3, R$ 11,82, +0,34%)
A JBS inaugura neste sábado o Frigorífico de Belén, no Paraguai, que recebeu investimentos de cerca de US$ 80 milhões, segundo comunicado da empresa. As obras da planta foram iniciadas há menos de um ano. 

Com a nova planta, a JBS assume a liderança de mercado de carne bovina no Paraguai, disse o comunicado. A unidade aumentará a capacidade de abate da empresa em 87,5%, que chegará a 3.000 cabeças de gado por dia no país. 

Construtoras
Em decisão do Banco Central, os bancos poderão usar parte dos recursos da poupança para financiar a compra de imóveis novos com valor de até R$ 1,5 milhão (antes era R$ 750 mil). Segundo o BTG Pactual, certamente a notícia é positiva para as construtoras (uma vez que o governo está se preocupando com o setor e tentando “baratear” as unidades através de juros mais baixos, para impulsionar vendas). No entanto, o impacto será baixo para as companhias, porque o principal problema é que os bancos não têm hoje tanto espaço para realizar empréstimos com recursos das cadernetas de poupança.

“Mesmo com o Governo liberando a utilização para unidades entre R$ 750 mil e R$ 1,5 milhão, o problema é que os bancos não tem funding para emprestar. Para as vendas realmente melhorarem precisamos ver poupança voltando a captar e os juros caindo”, comentaram. Os analistas continuam com a visão que os próximos 12 meses serão ruins para o setor, por isso preferem as empresas menos alavancados, como Eztec e Cyrela entre empresas de alta renda.