Relatório de Emprego dos EUA criou o “melhor dos mundos” para as bolsas mundiais

Dados ficaram bem acima do que era esperado, mas reação do mercado foi positiva e o dólar desabou; como explicar este movimento?

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Às 9h30 (horário de Brasília) desta sexta-feira, os mercados se surpreenderam mais uma vez com o relatório de emprego dos EUA. Se o dado do mês passado foi muito ruim, o número de junho apresentado nesta data surpreendeu da forma contrária, com a criação de 287 mil empregos, ante expectativa de 180 mil. Os números fortes da economia dos Estados Unidos costumam impactar negativamente os mercados, já que indica que uma alta de juros pelo Federal Reserve pode estar mais próxima de acontecer.

Contudo, não foi isso que aconteceu desta vez: após os dados fortes de emprego, os mercados pelo mundo ganharam ainda mais força. O Ibovespa, nesta sexta-feira, registrava alta de 1,35% às 10h51 (horário de Brasília), seguindo o movimento exterior, enquanto o dólar afundava mais de 2%, voltando para R$ 3,2966 na venda. Mas por que esse movimento ocorreu? 

O economista da Garde Asset Management, Daniel Weeks, destaca que o dado anterior de maio, mostrou um número muito abaixo do esperado. Caso essa previsão se confirmasse em junho, haveria uma grande preocupação sobre uma forte desaceleração da economia norte-americana, o que seria ruim para os mercados e geraria uma forte preocupação sobre a maior economia do mundo em um cenário que já é de instabilidade.

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O payroll forte de junho, com a criação de quase 300 mil vagas, ajuda a limpar as dúvidas. Porém, ao mesmo tempo que não gera tanta preocupação, não mostra um cenário de geração de empregos tão forte que antecipe a expectativa para alta de juros pelo Federal Reserve. Isso leva ao “melhor dos mundos”: um cenário de política expansionista por boa parte dos Bancos Centrais pelo mundo em meio ao cenário de incerteza com o “Brexit”, ao mesmo tempo que o Fed deve continuar com a política de juros baixos por um bom tempo.

Já o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, explica que o Payroll veio muito acima do previsto, mas três pontos mostram que ainda há muito para se preocupar: i) a média dos últimos 3 meses está levemente abaixo de 150 mil, enquanto a média até abril era de 200 mil empregos criados por mês; ii) o aumento de 0,1 ponto percentual na taxa de participação provocou alta de 0,2 pontos percentuais na taxa de desemprego, ou seja, aumentou o número de pessoas procurando emprego; iii) os salários cresceram abaixo do previsto, fato que não pressiona a inflação.

No exterior, analistas ressaltam que o número veio bem acima do que era esperado e isto é muito positivo para a economia norte-americana, mas os dados reforçam que o país ainda está longe do pleno emprego. Com isso, as incertezas diminuem, mas mostram que o crescimento dos EUA ainda está bem fraco, reforçando a ideia de que a alta de juros ainda está longe.

Cabe destacar que o Fed mostrou nas últimas reuniões uma preocupação com o cenário externo, principalmente com a saída do Reino Unido da União Europeia, indicando que ele olha para outros fatores além da economia norte-americana. Segundo Júnior, o mercado repensa a ideia de que a alta de juros só ocorrerá em 2018, mas ainda mantém uma projeção para que as taxas sejam elevadas no próximo ano.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.