Petrobras e bancos desabam e Ibovespa cai 2.500 pontos em 2 pregões após o “Brexit”

Mercado cai e se alinha com a forte queda registrada nas bolsas internacionais

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em forte baixa nesta segunda-feira (27), acompanhando as bolsas internacionais, que têm seu segundo dia de reação negativa à saída do Reino Unido da União Europeia. Lá fora, a libra caiu 3%, estendendo as perdas pós-“Brexit”, enquanto os índices Dow Jones e S&P 500 recuam perto de 2%. A cúpula da UE reúne-se hoje e amanhã em caráter extraordinário, e pressiona por uma saída rápida do Reino Unido. Por aqui, o mercado reage pouco ao Relatório Focus e ao inquérito sigiloso apurando se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu propina no exterior.

Às 15h38 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 1,82%, a 49.192 pontos. Desde quinta-feira, antes da divulgação do resultado do referendo, a Bolsa já cai 2.500 pontos. Já o dólar comercial registra ganhos de 0,65% a R$ 3,4016 na venda, enquanto o dólar futuro para julho tem alta de 0,64% a R$ 3,402. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 2 pontos-base a 13,66%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 19 pontos-base a 12,26%.

Entre as commodities, o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao subiu 6,42% a US$ 53,86 a tonelada seca.

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Ações em destaque
Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes caem. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,01, -3,25%) e Bradesco (BBDC3, R$ 25,62, -2,62%; BBDC4, R$ 23,88, -3,86%) recuam. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark. 

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,70, -6,39%; PETR4, R$ 8,84, -4,43%) viram para queda, voltando a acompanhar os preços do petróleo no mercado internacional. Neste momento, o contrato Brent registrava queda de 3,47%, a US$ 47,34 o barril, enquanto WTI caía 3,61%, a US$ 45,92 o barril.  

No radar da companhia, a Petrobras vai adotar o modelo de gestão compartilhada na venda de parte da BR Distribuidora, de acordo com a Folha de S. Paulo. A ideia é manter o controle da empresa, mas atrair sócios que possam ter autonomia na gestão de áreas da subsidiária da estatal.

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A operação será semelhante à modelagem adotada pelo governo na venda de ações do BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 PETR3 PETROBRAS ON 10,71 -6,30
 PETR4 PETROBRAS PN 8,85 -4,32
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 23,90 -3,78
 FIBR3 FIBRIA ON 23,57 -3,68
 TIMP3 TIM PART S/AON 6,35 -3,50

As ações da Gerdau (GGBR4, R$ 5,75, -1,88%) voltam a cair com o relatório da Polícia Federal na Operação Zelotes apontar que o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) alterou o conteúdo da Medida Provisória 627 de 2013 para favorecer o Grupo Gerdau, segundo o jornal Folha de S. Paulo. A MP trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior e Jucá era o relatpr. Segundo a matéria, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).

Segundo a PF, houve uma troca de e-mails entre Jucá e Gerdau dois meses antes de a MP ser aprovada pelo Congresso. Naquela data, o gabinete do senador enviou a Gerdau uma mensagem com um trecho da MP. O executivo encaminhou o e-mail ao seu consultor jurídico e recebeu o que seria a minuta da resposta a Jucá. Nela, o assessor acrescentou outro parágrafo e disse que o texto do senador, como foi enviado, “não atende plenamente”, já que apenas uma das emendas de interesse do grupo havia sido incluída. O parágrafo acrescido pelo consultor jurídico da Gerdau consta na versão final do texto da lei.

Já a Vale (VALE3, R$ 14,73, -3,16%; VALE5, R$ 11,99, -1,72%) vira para queda, apesar da alta do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve alta de 6,42% a US$ 53,86.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CSAN3 COSAN ON 32,60 +2,68
 RADL3 RAIADROGASILON EJ 60,97 +2,34
 QUAL3 QUALICORP ON 18,66 +1,69
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,13 +1,50
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,74 +1,41

Por outro lado, sobem as ações da BB Seguridade (BBSE3, R$ 27,12, +1,46%). 

Brexit
Pressionando para que o Reino Unido defina rapidamente a saída da UE, a cúpula do bloco argumenta que estender “um período confuso levará a maior insegurança” e quer que o primeiro-ministro britânico, David Cameron negocie o “Brexit” antes de sair em outubro e inicie o processo já nesta terça. De acordo com o Tratado de Lisboa, que não foi acionado ainda, a saída de um país pode se dar em até dois anos, mas a UE não quer facilitar para o Reino Unido porque teme pelo efeito cascata em outros países membros.  

Inquérito apura se Renan recebeu propina
A Procuradoria-Geral da República investiga se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu propina no exterior de negócio da Petrobras na Argentina, através do lobista Jorge Luz. Conforme conta matéria do jornal Folha de S. Paulo, trata-se da primeira vez em que as investigações apontam para vantagens indevidas supostamente recebidas pelo parlamentar fora do país. Os correligionários Jader Barbalho (PA) e Aníbal Gomes (CE) também estão na mira.

A investigação baseia-se na delação premiada do lobista Fernando Soares (Fernando Baiano), em que afirmou que a estatal vendeu sua participação acionária na empresa argentina Transener mediante pagamento de propina por Jorge Luz. O lobista teria afirmado que Luz fez pagamentos ao “pessoal do PMDB” justamente pelo fato de serem responsáveis por manter Nestor Cerveró na diretoria internacional da companhia.

Relatório Focus
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 se manteve em uma contração de 3,44%, e a para 2017 permaneceu em um avanço de 1,00%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 7,29% este ano, contra 7,25% projetados anteriormente.

A previsão para cotação do dólar no final de 2016 ficou estável em R$ 3,60, enquanto a estimativa da taxa Selic subiu de 13,00% para 13,25% esta semana. Para 2017, as expectativas são de que a Selic chegue a 11%, contra 11,25% esperados anteriormente.

Cenário externo
Após uma sexta-feira tensa nos mercados com a notícia do Brexit, com a população do Reino Unido votando para a saída da União Europeia, a segunda-feira continuou mostrando o nervosismo dos mercados mundiais.

A libra manteve queda no 2º dia de reação ao Brexit, com baixa de mais de 3% ante o dólar, enquanto o dólar teve alta mais discreta contra moedas de emergentes. As bolsas europeias seguiram em baixa, em ritmo mais moderado, mas a volatilidade permaneceu, enquanto os yields dos títulos soberanos caíram. Na Europa, o alemão DAX caiu 3,02%, o britânico FTSE teve baixa de 2,55% e o francês CAC 40 registrou baixa de 2,97%. Já na Ásia, o japonês Nikkei liderou os ganhos após a derrocada da última sessão e fechou em alta de 2,39%, enquanto o Hang Seng caiu 0,16% e Xangai subiu 1,44%.

No Reino Unido, as turbulências políticas atingem partidos trabalhista e conservador, enquanto Escócia tenta bloquear Brexit e considera retomar processo de independência. Angela Merkel, Francois Hollande e Mateo Renzi reuniram-se em Berlim e o secretário John Kerry dos EUA foi a Bruxelas e Londres.

Na Espanha, o mercado também ficou de olho na política: o primeiro-ministro interino Mariano Rajoy disse que espera formar um governo de coalizão dentro de um mês, após o resultado das eleições do fim de semana nas quais seu partido conservador conquistou a maioria das cadeiras, mas não conseguiu maioria absoluta.

Confira o InfoMoney na Bolsa desta segunda: