Após meses sombrios, a luz no fim do túnel finalmente chegou aos bancos, diz BTG

Depois de seis meses bem negativos, BTG está mais otimista com os bancos e elevou o preço-alvo para diversas instituições

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “O cenário é desafiador, mas há finalmente uma luz no fim do túnel! Nós vemos o copo meio cheio de novo!” Esta é a avaliação do BTG Pactual, que atualizou as estimativas pós-resultados para os bancos após períodos desafiadores em meio à forte crise econômica do Brasil. 

“Por ora, estamos reiterando as recomendações para os ativos, mas a rolagem do preço-alvo para meados de 2017 e um Ke – custo de capital próprio das empresas – menor (taxa de risco-Brasil e perspectiva para Selic menores) se traduziram em maiores preços-alvos”, ressalta o BTG Pactual, que mantém o Itaú Unibanco (ITUB4) segue como top pick no setor.

O banco tem recomendação de compra para o Itaú, com preço-alvo de R$ 34,00, ante preço-alvo anterior de R$ 31,00. O Bradesco (BBDC4) teve target revisado de R$ 23,00 para R$ 29,00, com recomendação neutra, enquanto o preço-alvo do Banco do Brasil passou de R$ 18,00 para R$ 19,00, com a mesma recomendação. Santander Brasil (SANB11) segue com recomendação de venda, mas o preço-alvo foi elevado de R$ 10,50 para R$ 13,00. Entre os bancos menores, Banrisul (BRSR6) teve preço-alvo elevado de R$ 8,00 para R$ 10,00, ABC Brasil (ABCB4) de R$ 12,00 para R$ 14,50; ambos têm recomendação de compra. Já para o Banco Pine (PINE4), o target subiu de R$ 3,50 para R$ 4,00, com recomendação neutra. Os analistas Eduardo Rosman e Thiago Kapulskis destacam uma preferência estrutural por Itaú e Bradesco em relação ao Santander e BB e, apesar de um biênio 2016-2017 desafiador em termos de qualidade de ativos, eles seguem confiantes de que o Itaú e Bradesco podem entregar ROEs (Retorno sobre o patrimônio líquido) consistentes.

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“Olhando para a frente, os investidores mais otimistas veem que o setor está se definindo para uma maior consolidação, dando aos dois maiores (e mais bem capitalizados) bancos privados ainda mais poder de precificação. Já o Banrisul é o nosso player mais alavancado”, afirmam os analistas. Eles destacam que a recomendação para o setor financeira não-bancário como BM&FBovespa (BVMF3) e Cielo (CIEL3) versus bancos segue no radar, mas já não é tão óbvia como antes. 

“Depois de ficarmos negativos durante um longo tempo, finalmente, uma luz no fim do túnel!”, afirmam os analistas, que completam: “os dados de crédito ainda revelam um cenário sombrio, mas alguns indicadores antecedentes nos deixam mais otimistas sobre o que esperar daqui para frente. Em meio à deterioração dos indicadores em todos os lugares que olhamos, a maior preocupação era de uma deterioração de longo prazo, o que poderia causar algum tipo de crise de crédito, criando problemas para condições de rolagem e, finalmente, levando a maiores perdas nos balanços dos bancos”. Eles ressaltaram que os dados de crédito estavam constantemente apontando nesta direção, o que os deixou preocupados com um potencial cenário muito ruim.

Sacudida ocorreu
Dado o ambiente de crédito contracionista, apenas uma sacudida brusca poderia alterar os níveis de confiança, algo que eles acreditam que já está acontecendo. Rosman e Kapulskis destacam ver espaço para reclassificação dos bancos se o Brasil continuar se movendo na direção certa. “Com uma equipe econômica robusta nova assumindo o cargo, as expectativas do mercado já estão mudando para melhor”, dizem os analistas.

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A probabilidade crescente de taxas de juros mais baixas já no segundo semestre, reformas em potencial, melhoras dos níveis de confiança, e o desbloqueio dos mercados de capitais são pontos-chave que fortalecem a visão do banco de que depois de um tempo muito longo (“e nós estivemos negativos por um tempo muito, muito longo!”, reforçam os analistas), não há dúvida que há “uma luz no fim do túnel” apontando para uma recuperação. “Sim, o túnel se parece longo, mas o Brasil está se movendo na direção certa. Então vemos espaço para que os bancos tenham reclassificação, apesar de pressão no lucro sobre ação no curto prazo. E não se esqueça, para cada queda de 100 pontos-base do custo de capital próprio, temos um potencial de valorização 14% maior”, afirmam os analistas. 

Os analistas ressaltam cinco pontos positivos para uma recuperação à frente: i) um possível pacote de custo fiscal zero, permitindo que os bancos renegociassem e alongassem os vencimentos de empréstimos, em meio à preocupação do governo com a inadimplência; ii) melhora da confiança e espaço para que ela melhore; iii) expectativa de queda dos juros, aliviando companhias endividadas  e levando a uma recuperação nos depósitos à vista; iv) abertura de capital de empresas da Bolsa e ganhos com emissão de títulos de companhias e v) um fluxo de capital maior para o País podendo levar a uma recuperação e crescimento dos bancos.

Porém, a recuperação não será fácil, uma vez que o túnel é longo, destacando quatro questões principais: i) problemas no pagamento para a Previdência de alguns estados, como Rio de Janeiro, enquanto Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Alagoas podem seguir na mesma direção; ii) menor crescimento dos empréstimos de bancos públicos, enquanto bancos privados também não têm a intenção de acelerar o crédito; “dada a performance da economia, a demanda de crédito é muito mais baixa hoje” e iii) provisões para perdas de companhias, como no caso de empresas do setor de petróleo e gás e para a Oi (OIBR4); assim, grandes perdas têm o potencial de aumentar ainda mais a aversão ao risco”, afirmam; iv) um novo problema, que é a piora dos pagamentos no setor imobiliário.

“Tudo isso posto, achamos que as esperanças de uma recuperação estão de volta. Existe definitivamente ‘uma luz no final do túnel’ para o crescimento do crédito e, consequentemente, para uma melhor receita para os bancos brasileiros, mas o túnel é longo. Dito isto, e enquanto estamos definitivamente agora mais bullish sobre os bancos do que há seis meses, ainda vemos um bom valor em instituições financeiras não-bancárias”, concluem eles. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.