Ibovespa tem 4ª alta seguida e faz melhor sequência desde março com menor chance de “Brexit”

Mercado reflete aumento do apetite por risco após pesquisas no Reino Unido; cenário doméstico fica indefinido com dívidas dos estados

Equipe InfoMoney

O ex-primeiro-ministro David Cameron

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (20) acompanhando a forte valorização das ações no mundo todo após pesquisas mostrarem a permanência do Reino Unido na União Europeia ganhando a dianteira a quatro dias do referendo. Ativos com perfil defensivo como dólar, ouro, iene e treasuries terminaram o dia em baixa, com maior busca por ativos de risco. Por aqui, o presidente interino, Michel Temer, reuniu-se com governadores para debater dívida em meio a incertezas após o Rio de Janeiro decretar estado de calamidade pública pela situação financeira.  

O benchmark da bolsa brasileira subiu 1,61%, a 50.329 pontos. Foi a quarta alta seguida do índice, uma sequência que não acontecia desde março, quando o Ibovespa subiu sem parar entre 29 de fevereiro e 4 de março. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 8,102 bilhões. Vale lembrar que ele foi impactado pelo vencimento de opções sobre ações que ocorreu nesta segunda. 

Já o dólar comercial recuou 0,61% a R$ 3,3989 na compra e a R$ 3,3994 na venda, enquanto o dólar futuro para julho cai 0,48% a R$ 3,411. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subiu 2 pontos-base a 13,80% ao passo que o DI para janeiro de 2021 teve queda de 4 pontos-base a 12,60%. 

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Vencimento de opções
Segundo a BM&FBovespa, o exercício das opções sobre ações movimentou R$ 2,27 bilhões nesta segunda. Deste total, R$ 1,357 bilhão vieram do exercício de opções de compra e os R$ 919 milhões restantes vieram de opções de venda.

Entre as cinco opções mais movimentadas, destaque para as ações de Itaú Unibanco (ITUB4) a R$ 32,44, que movimentaram R$ 98,50 milhões para venda. O segundo lugar também ficou com as ações da Petrobras (PETR4) preferenciais: foram R$ 85,16 milhões a R$ 9,00, em opções de compra. Em terceiro lugar ficou a Ambev (ABEV3), movimentando R$ 72,59 milhões em opção de venda a R$ 18,95. Enquanto isso, a Petrobras (PETR3) ficou na quarta colocação, movimentando R$ 66,38 milhões em opções de compra a R$ 8,50. Em quinto lugar ficaram as opções de compra da Vale (VALE5) a R$ 12,62, que movimentaram R$ 57,85 milhões.

Temer se reúne com governadores
Os estados aceitaram uma das propostas feitas pelo governo para a renegociação da dívida. Com o acordo, os estados só voltarão a pagar suas dívidas a partir de 2017. São Paulo, Minas Gerais e Rio Janeiro ainda terão novas rodadas de negociações para definir suas situações.

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A proposta que foi aceita dá uma carência de 24 meses, sendo que nos 6 primeiros o desconto será de 100%. A partir de janeiro de 2017, esse desconto será reduzido gradualmente, em aproximadamente 5,5 pontos percentuais por mês, até junho de 2018.

Federal Reserve
O mercado ainda fica no aguardo da fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, na terça às 11h. Espera-se que ela faça alguma sinalização sobre a política monetária dos Estados Unidos.

Ainda cenário no global, na sexta-feira o James Sweeney revisou as estimativas de aumento de juros da economia americana. Na visão da equipe de análise do Credit Suisse, a reunião de junho do Fed mostrou que eles estão sensíveis aos dados de curto prazo. Embora o discurso tenha tomado cuidado de manter uma perspectiva positiva, o gráfico de pontos foi “dovish” (moderado, no sentido de cortar juros). A mediana do dot para esse ano ainda é para dois aumentos de juros, no entanto, há agora 6 participantes que esperam apenas uma elevação em 2016. 

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Ações em destaque
Seguindo o bom humor externo, as ações da Petrobras (PETR3, R$ 11,73, +2,99%; PETR4, R$ 9,18, +2,57%) dispararam nesta segunda-feira, após pesquisas diminuírem as chances de Brexit – saída do Reino Unido da União Europeia, em votação prevista para a próxima quinta-feira. O contrato Brent subiu 2,50%, a US$ 50,99 o barril, enquanto o WTI avançava 2,44%, indo a US$ 49,15 o barril.

No radar da estatal, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, concedeu entrevista ao jornal Wall Street Journal na última sexta-feira, afirmando que está comprometido a devolver “a grandeza” à abatida estatal ao se livrar de ativos – e de ideologias obsoletas – que não servem mais para a companhia. Parente ainda confirmou que a companhia recebeu três ofertas de compra para uma fatia da BR Distribuidora, mas não deu mais detalhes sobre as negociações.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 RUMO3 RUMO LOG ON 4,67 +5,42 -25,16
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,06 +4,68 +58,35
 SMLE3 SMILES ON 45,86 +4,39 +41,43
 MRVE3 MRV ON 10,50 +4,37 +24,63
 CCRO3 CCR SA ON 16,28 +4,36 +32,41

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes subiram. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 29,40, +1,66%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,86, +1,45%; BBDC4, R$ 24,61, +1,65%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,59, +3,69%) avançaram. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Já as ações Vale (VALE3, R$ 15,57, +1,90%; VALE5, R$ 12,46, +1,63%) também registraram ganhos em dia de fechamento estável do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve leve variação positiva de 0,02% a US$ 51,06.

 As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 JBSS3 JBS ON 9,39 -2,39 -20,40
 ESTC3 ESTACIO PARTON 15,45 -2,22 +14,39
 CMIG4 CEMIG PN 5,65 -1,22 -0,36
 GOAU4 GERDAU MET PN 2,00 -0,50 +20,48
 MRFG3 MARFRIG ON 5,70 -0,35 -10,24


A pior queda do dia foi das ações da JBS (JBSS3, R$ 9,39, -2,39%). 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 9,18 +2,57 587,25M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 29,40 +1,66 452,81M
 VALE5 VALE PNA 12,46 +1,63 269,48M
 BBDC4 BRADESCO PN 24,61 +1,65 261,28M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,59 -0,11 239,53M
 BBAS3 BRASIL ON EJ 16,59 +3,69 228,35M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 16,65 +3,61 165,66M
 PETR3 PETROBRAS ON 11,73 +2,99 156,33M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,81 +2,43 153,47M
 CIEL3 CIELO ON 33,31 +0,45 142,28M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

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Rio de Janeiro decreta calamidade
Às vésperas da realização dos Jogos Olímpicos, o governo do Rio de Janeiro decretou na última sexta-feira (17) estado de calamidade pública em razão da crise financeira por que passa o Estado. Entre as razões apontadas pelo governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), estão os compromissos assumidos para bancar o evento, que começa em agosto.

O texto afirma que “as autoridades competentes editarão atos normativos necessários à regulamentação do estado de calamidade pública, com vistas à Olimpíada.” O governo afirma no texto que a grave crise financeira “vem impedindo o Estado de honrar com seus compromissos para realização dos Jogos Olímpicos.”

João Vaccari disposto a falar sobre PT
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari está mostrando cada vez mais disposição em revelar o que sabe sobre o PT e seus dirigentes. Conforme conta nota para a coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo, Vaccari elevou as reclamações contra os nomes fortes da sigla nos últimos dias, alegando abandono profundo com o cerco da Operação Lava Jato.

Relatório Focus
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 subiu de uma contração de 3,60% para uma de 3,44%, para 2017 se manteve em  1,00%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 7,25% este ano, contra 7,19% projetados anteriormente.

Cenário externo
As bolsas mundiais tiveram um dia de forte alta com o menor temor sobre a votação do “Brexit” (saída do Reino Unido da União Europeia), em meio a duas pesquisas que dão vitória à permanência. Os últimos dias foram de tensão no mercado, com levantamentos que davam um cenário bem dividido ou vitória para a saída do Reino Unido na União Europeia. O referendo ocorrerá na próxima quinta-feira (23).

Na Europa, o alemão DAX teve ganhos de 3,43%, o FTSE sobe 3,04% e o CAC 40 dispara 3,50%, enquanto as bolsas asiáticas também registraram fortes ganhos. O japonês Nikkei tem alta de 2,34%, e Hang Seng teve ganhos de 1,69%, enquanto Xangai teve alta menor, de 0,12%. Commodities avançaram, enquanto dólar, iene, ouro e treasuries caem com menor busca por proteção. A libra teve o maior ganho diário ante o dólar em dois anos, com alta de 2%. O petróleo WTI registra ganhos de 2,44%, a US$ 49,15, enquanto o brent tem ganhos de 2,47%, a US$ 50,98. Os dos EUA também tiveram forte avanço, com o Dow Jones, o S&P e o Nasdaq registrando ganhos de cerca de 0,7%.

Um levantamento feito pelo instituto Opinium e publicado no último domingo pelo The Observer mostra ambos os lados (Brexit e Bremain, como ficaram conhecidos os que defendem a permanência do Reino Unido no bloco) com 44% das intenções de voto. Já pesquisa realizada pelo BMG e divulgado pelo The Herald, coloca os que defendem o “Bremain” com 46% das preferências, contra 43% dos que defendem o Brexit. Um terceiro levantamento feito pelo ComRes para os jornais The Sunday People e The Independent mostrava os defensores da saída do país do bloco com 44% das intenções de voto, contra 28% dos adversários. Uma quarta pesquisa feita pelo Instituto Survation para o Mail on Sunday mostrou que o defensores da permanência lideravam a disputa por com 45% a 42%. Assim, apesar da vantagem do Bremain, as pesquisas seguem mostrando uma disputa acirrada.

O The Sunday Times também divulgou uma nova pesquisa, realizada pelo YouGov, que mostrou a campanha pró-UE com 44% das intenções de voto, apenas um ponto porcentual de vantagem sobre o lado adversário. As pesquisas ocorrem após assassinato da deputada pró UE Jo Fox; em 16 de junho, os levantamentos mostravam uma pequena vantagem a favor do Brexit. A campanha pela votação foi retomada no domingo após uma pausa de três dias.