Ibovespa cai 1% com Bradesco e termina maio como o pior mês desde setembro de 2014

Mercado tem dia volátil por conta do noticiário político e do resultado fiscal; exterior pressiona com queda das bolsas dos EUA

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (31), terminando o mês com um recuo de 10,1%, o maior do índice desde setembro de 2014, quando a Bolsa caiu 11,7%. Após passar parte da sessão em alta hoje, o benchmark firmou queda por conta da notícia de que o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Zelotes. Lá fora, os índices dos Estados Unidos terminaram o dia em leve baixa. Lembrando que hoje é volta de feriado nos EUA. No cenário doméstico, o presidente interino Michel Temer teve a sua segunda baixa em 19 dias com a saída do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, por conta de gravações comprometedoras. 

O benchmark da bolsa brasileira teve queda de 1,01%, a 48.472 pontos, sua nona baixa em 12 pregões. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 9,833 bilhões. Já o dólar comercial apresentou alta de 0,96% a R$ 3,6118 na compra e a R$ 3,6123 na venda, enquanto o dólar futuro para julho tem alta de 1,15% a R$ 3,646. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 opera com valorização de 4 pontos-base a 13,68%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 10 pontos-base a 12,85%. 

Segundo Álvaro Bandeira, economista-chefe do home broker da Modalmais, a volatilidade da Bolsa hoje é explicada primeiramente pelo fato de ser fechamento de mês e, portanto, dia em que diversos fundos se movimentam para fechar performances melhores. O segundo ponto é a fraqueza de diversos indicadores norte-americanos e o terceiro é a situação de instabilidade política pela queda de mais um ministro de Temer. Soma-se a isso, a notícia divulgada pelo Estado de S. Paulo, de indiciamento do presidente do Bradesco.  

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O impacto da notícia sobre o Bradesco foi tão forte que o CDS (Credit Default Swap) brasileiro, que mede o risco de calote de um País, pulou de 352 pontos-base para 367 pontos-base hoje. 

Bradesco despenca
A Polícia Federal indiciou o presidente do Bradesco (BBDC3, R$ 24,51, -3,69%; BBDC4, R$ 22,80, -5,00%), Luiz Carlos Trabuco, e dois executivos do banco no inquérito da Operação Zelotes que investiga compra de decisões no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), segundo o jornal O Estado de S. Paulo posteriormente confirmadas pelo MPF (Ministério Público Federal). Com isso, as ações PN do Bradesco chegaram a cair mais de 7%.  As investigações mostraram que o grupo investigado por corromper integrantes do Carf conversou com executivos do banco a respeito de um “contrato” para anular um débito de R$ 3 bilhões com a Receita Federal. 

Em posicionamento oficial, a assessoria de imprensa do Bradesco diz que não houve contratação dos serviços oferecido pelo grupo investigado, que foi derrotado por seis votos a zero no julgamento do Carf e que o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, não participou de qualquer reunião com o grupo citado.

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“O mérito do julgamento se refere a ação vencida pelo Bradesco em todas as instâncias da Justiça, em questionamento à cobrança de adicional de PIS/Cofins. Esta ação foi objeto de recurso pela Procuradoria da Fazenda no âmbito do Carf”, diz o banco.

“O Bradesco irá apresentar seus argumentos juridicamente por meio do seu corpo de advogados”, conclui a nota oficial.

Resultado fiscal
O governo fez um superávit primário de R$ 10,2 bilhões em abril, superando bastante a expectativa mediana dos economistas, que esperavam um superávit de R$ 1,9 bilhão. No acumulado de 12 meses, no entanto, o déficit primário fica em 2,33% do PIB (Produto Interno Bruto). A relação dívida PIB, apesar do superávit, cresceu de 67,2% em março para 67,5% em abril. Em termos nominais, abril foi um mês de déficit de R$ 13,163 bilhões, ante estimativas de R$ 23,6 bilhões de resultado negativo. 

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Delação
Após meses de conversas, a Odebrecht e o Ministério Público Federal assinaram, na quarta-feira passada, documento que formaliza a negociação de delação premiada e de leniência da empreiteira pela Operação Lava Jato. Conta a jornalista Mônica Bergamo, da Folha, que a empreiteira se comprometeu oficialmente a dar detalhes do financiamento de campanhas majoritárias recentes com as quais colaborou, o que deve atingir os três principais partidos. Os procuradores negociariam ainda acesso a toda a contabilidade de caixa dois da empresa, o que pode envolver centenas de políticos e até autoridades de outros poderes.

Ainda sobre delações, o filho caçula do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, seguiu os passos do pai para fazer acordo de delação premiada pela Operação Lava Jato. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, Expedito Machado Neto, conhecido como Did, resolveu colaborar com a Justiça após as investigações o identificarem como operador da cúpula do PMDB no Senado. Acredita-se que as informações a serem apresentadas podem comprometer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney.

Saída do ministro da Transparência
O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, pediu demissão do governo Michel Temer na noite da última segunda. Com isso, Fabiano se torna o segundo ministro a perder o cargo em apenas uma semana – ou 18 dias de governo Temer. O outro foi Romero Jucá, que deixou a pasta do Planejamento há exatamente uma semana. Ambos foram derrubados por gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que mostrou tentativas de barrar o andamento da Operação Lava Jato pelos políticos.

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Ações em destaque 
Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes caíram. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 29,05, -2,19%) e Bradesco (BBDC3, R$ 24,51, -3,69%; BBDC4, R$ 22,80, -5,00%) recuaram após a notícia que abalou o segundo maior banco privado do País. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 BBDC4 BRADESCO PN 22,80 -5,00 +30,65
 ESTC3 ESTACIO PARTON 10,86 -4,74 -19,60
 PETR4 PETROBRAS PN 8,04 -4,06 +20,00
 PETR3 PETROBRAS ON 10,18 -3,78 +18,79
 BBDC3 BRADESCO ON 24,51 -3,69 +32,00

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,18, -3,78%; PETR4, R$ 8,04, -4,06%), terminaram o dia em queda, junto com os preços do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) cai 0,79% a US$ 48,94, ao mesmo tempo em que o barril do Brent tinha perdas de 1,37% a US$ 49,67. 

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Já as ações da Vale (VALE3, R$ 14,22, -0,42%; VALE5, R$ 11,24, -1,14%) tiveram um dia de queda em uma sessão de forte noticiário para a mineradora, com leve queda do minério, rumores de pressão política para a saída de Murilo Ferreira, notícias sobre a Samarco e relatório do BTG Pactual ressaltando que o cenário segue desafiador para a companhia. O minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em queda de 0,24%, a US$ 50,15 a tonelada seca.

Segundo a Folha de S. Paulo, a Vale adulterou dados sobre o volume de lama que ela jogava na barragem da Samarco depois do acidente no local, reduzindo a quantidade de resíduo. O jornal cita relatório da Polícia Federal ao qual teve acesso.  Em resposta, a Vale disse que realizou auditoria nos dados informados anteriormente ao governo e fez alterações para corrigir o que era necessário, acrescentando que essas mudanças foram informadas à PF e ao Ministério Público Federal.

Já de acordo com o colunista do jornal O Globo Ancelmo Gois, há uma articulação no meio político para substituir Murilo Ferreira, atual presidente da Vale, por Tito Martins, presidente da Votorantim Metais. Em 18 de maio, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, negou ter tratado sobre substituição com Ferreira, dizendo que falou sobre o setor em encontro com o executivo.

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As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 RUMO3 RUMO LOG ON 4,74 +5,33 -24,04
 FIBR3 FIBRIA ON 33,40 +5,03 -34,49
 CMIG4 CEMIG PN 5,63 +3,87 -0,71
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 12,21 +2,95 +6,78
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 14,66 +2,88 -19,86

Entre as altas estavam as exportadoras de papel e celulose. Fibria (FIBR3, R$ 33,40, +5,03%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,66, +2,88%) subiram por conta do desempenho positivo do dólar. Por possuírem suas receitas na moeda norte-americana, essas empresas têm as suas rentabilidades reduzidas quando há desvalorização da divisa dos EUA ante o real.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 29,05 -2,19 934,97M
 BBDC4 BRADESCO PN 22,80 -5,00 700,76M
 PETR4 PETROBRAS PN 8,04 -4,06 480,43M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 10,86 -4,74 452,86M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,11 -0,21 415,12M
 BRFS3 BRF SA ON 45,67 +0,37 392,23M
 VALE5 VALE PNA 11,24 -1,14 352,74M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON EJ 15,92 -0,50 266,04M
 ITSA4 ITAUSA PN 7,14 -1,65 256,01M
 VIVT4 TELEF BRASILPN 41,89 +1,18 247,61M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Parecer sobre Cunha
O parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO) que trata do pedido de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi entregue há pouco ao presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PR-BA). O relatório foi finalizado após quase seis meses, desde que as investigações contra o ex-presidente da Câmara foram iniciadas.

Cunha é acusado de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, quando negou a existência de contas no exterior em seu nome. De acordo com parlamentares que o acusam, isso caracteriza quebra de decoro parlamentar.

Rebalanceamento do MSCI
As ações da B2W (BTOW3, R$ 9,90, -9,59%) e Estácio (ESTC3, R$ 11,00, -3,51%) afundaram na Bolsa hoje com rebalanceamento do MSCI Brazil. Esses dois papéis foram excluídos da nova carteira do índice, que passará a vigorar amanhã. O fluxo que sairá desses papéis, segundo estimativas do Credit Suisse, soma mais de US$ 60 milhões. Por outro lado, as units da AES Tietê (TIET11, R$ 14,21, 0,0%) – que foram incluídas na nova carteira – chegaram a subir até 3,73% nesta sessão, a R$ 14,74. Segundo cálculos do Credit, a Bovespa deverá sofrer um impacto de mais de R$ 1 bilhão no leilão de fechamento de hoje por conta do rebalanceamento do índice (confira a matéria completa clicando aqui).

Além das ações que serão excluídas, o banco estima uma saída de recursos de cerca de US$ 100 milhões dos papéis do Itaú Unibanco, US$ 40 milhões da BRF e US$ 21,3 milhões do Bradesco PN – entre os ativos que serão mais penalizados pelo rebalanceamento do índice hoje. 

Pnad Contínua
Hoje saiu a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que mostrou um aumento do desemprego para 11,2% no trimestre encerrado em abril. As expectativas dos economistas da LCA Consultores eram de que houvesse um avanço para 10,98% na taxa. A Pnad Contínua investiga 211.344 domicílios particulares permanentes em aproximadamente 16.000 setores censitários, distribuídos em cerca de 3.500 municípios.