4 pregões em um: Ibovespa anula os ganhos de segunda e fecha a semana estável

Mercado deixa de lado recuperação da manhã e fecha no negativo; PIB dos EUA e superávit do Brasil têm impacto limitado

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (26) seguindo o movimento de Wall Street. Pela manhã, o benchmark subia acompanhando as bolsas mundiais após o banco central da China sinalizar que pode dar estímulos à economia do país. Com este movimento, o índice zerou os ganhos registrado no início da semana, quando disparou para seu maior fechamento do ano favorecido por uma alta de 16% da Petrobras na segunda-feira.

Porém, logo na terça-feira o Ibovespa já começou a devolver os ganhos pressionado pelo cenário externo junto com nova queda do petróleo. Mas o pior estava reservado para a quarta, quando a Moody’s cortou em dois níveis a nota soberana e tirou do Brasil o grau de investimento. O efeito acabou sendo mitigado já que a decisão não chegou a ser uma surpresa.

O benchmark da Bolsa brasileira caiu 0,70%, a 41.593 pontos, encerrando a semana com leves ganhos de 0,12%. Já o dólar comercial teve forte alta de 1,21% a R$ 3,9976 na venda, enquanto o dólar futuro para março registrou ganhos de 0,86% a R$ 3,994. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 caiu 1 ponto-base a 14,21%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 virou para alta de 2 pontos-base a 15,74%.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Pregão de sexta-feira
Nesta sexta-feira a sessão foi marcada pelos debates envolvendo o petróleo em meio às falas da Rússia de que segue em contato com o Irã em busca de apoio para o plano de congelar a produção da commodity. O dia também foi de divulgação da segunda prévia do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos no quarto trimestre de 2015 e do resultado primário consolidado das contas públicas aqui. Ambos os números vieram acima do esperado. 

Lá fora, os EUA foram afetados pelos dados de confiança do consumidor de Michigan, que caíram de 92 pontos para 91,7 pontos, indo ao seu menor nível em três meses. Indo além do número fechado do PIB do país, é possível ver que boa parte da expansão econômica se deveu ao aumento de US$ 81,7 bilhões nos estoques, fazendo com que as indústrias possivelmente tenham que reduzir suas produções no futuro, o que se conjuga à queda de 2,7% nas exportações, contra 2,5% esperados. 

Na ásia, o presidente do People’s Bank of China, Zhou Xiaochuan disse que o BC chinês tem espaço para fazer novos estímulos à atividade do país se necessário. 

Continua depois da publicidade

Para Pablo Stipanicic Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset, o impacto do PIB dos EUA na Bolsa foi limitado. Uma explicação possível para a perda de importância no mercado do principal indicador de atividade econômica da maior economia do mundo é a comunicação que a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, teve há pouco tempo, falando até mesmo de juros negativos. “A probabilidade de alta de juros aumentou de 10% para 12% para março desde ontem. Mostra que 88% ainda estão confiantes de que o Fed não vai se movimentar”, explica.

PIB dos EUA
No quarto trimestre de 2015, a expansão do PIB dos Estados Unidos foi de 1%, na comparação anual, de acordo com a segunda prévia divulgada nesta sexta. O crescimento foi, portanto, abaixo dos 2% de avanço registrados no terceiro trimestre, mas muito acima da mediana das expectativas do mercado, que eram de que o crescimento fosse de 0,4% segundo o consenso da pesquisa Briefing.

Resultado primário do governo
O governo fez um superávit primário de R$ 27,9 bilhões em janeiro, superando bastante a expectativa mediana dos economistas, que esperavam um superávit de R$ 18,4 bilhões. No acumulado de 12 meses, no entanto, o déficit primário fica em 1,75% do PIB. Além disso, a relação dívida PIB cresceu de 66,2% em dezembro para 67% em janeiro. Em termos nominais, janeiro foi um mês de déficit de R$ 28,305 bilhões, ante estimativas de R$ 31,9 bilhões de resultado negativo. 

Caged
Por aqui também saíram os dados de emprego do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A economia brasileira perdeu 99.694 empregos em janeiro, bem menos do que o esperado, que era uma perda de 160 mil vagas. No mês anterior houve uma destruição de 596.208 empregos. 

Ações em destaque
Teve baixa os papéis da Vale (VALE3, R$ 11,00, -0,18%; VALE5, R$ 8,08, -0,86%), que passam a se alinhar mais com o minério de ferro neste pregão. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao caiu 2,9% a US$ 48,29 a tonelada seca. As boas notícias da China acabam ofuscando a queda do minério. 

As ações da Embraer (EMBR3, R$ 29,71, -1,62%) também caíram forte após o pedido de recuperação judicial da Republic Airways. Segundo o Bradesco BBI, a companhia é uma das mais importantes clientes da Embraer. No quarto trimestre, a carteira de pedidos da Embraer tinha 28 pedidos firmes da Republic Airways para o modelo E175, equivalente a 6% da carteira e a 15% da receita líquida em 2016, diz o relatório.

A Embraer também tem cerca de US$ 16,4 mi em pedidos não-firmes da Republic com contratos de prestação de serviços e manutenção de aeronaves. “Se este cenário mais fraco do que o esperado se confirmar, poderemos ter de cortar estimativas de receitas em 2016 em 15% e de lucro líquido em 33%”. “O cancelamento de encomendas e pedidos não-firmes poderá reduzir nosso preço-alvo de US$ 28 para US$ 27”.

Também entre as principais quedas ficaram os frigoríficos JBS (JBSS3, R$ 11,18, -3,54%) e BRF (BRFS3, R$ 50,00, -7,68%). Na certeira teórica do Ibovespa, as duas ações equivalem a 8% da participação do índice. 

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 6,89, -1,29%; PETR4, R$ 4,87, -0,41%) fecharam em queda. A companhia iniciou negociações para alienação da nova Transportadora Sudeste, segundo comunicado ao mercado. “Porém, não há até o momento qualquer acordo firmado que confira segurança quanto à conclusão da transação, nem deliberação por parte da Diretoria Executiva ou do Conselho de Administração da Petrobras”, informou, afirmando que “fatos julgados relevantes sobre o tema serão tempestivamente divulgados ao mercado”.

Por outro lado, subiram as ações de Fibria (FIBR3, R$ 41,96, +2,79%), Suzano (SUZB5, R$ 15,51, +3,13%) e Klabin (KLBN11, R$ 21,13, +1,10%). Entre as empresas produtoras de papel e celulose, tirando a Klabin, todas possuem perfil mais exportador, de modo que são beneficiadas pela alta do dólar por possuírem receitas nesta moeda. 

Encontro do PT e fala de Barbosa
Ainda no radar, atenção para o encontro do PT hoje e amanhã no Rio, onde o partido comemora o aniversário de 36 anos; o encontro pode avaliar ’’programa nacional de emergência’’, que propõe reajuste do bolsa família em 20% e uso de parte das reservas. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, falou hoje na China, onde participa da reunião do G-20, que uso de reservas não é adequado agora. 

Nova operação da PF
Pela terceira vez na semana, a Polícia Federal realiza operações nas primeiras horas da manhã. Nesta sexta-feira, a ação, fruto de desdobramentos da Operação Lava Jato, ocorre no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Maranhão. Este é o segundo desdobramento da operação que investiga esquema de corrupção na Petrobras. Segundo informações do portal JOTA, a nova operação, nomeada “O Recebedor”, busca provas de pagamento de propina na construção das ferrovias Leste-Oeste e Norte-Sul. Somente em Goiás, foi detectado desvio de R$ 630 milhões. O portal do jornal Folha de S. Paulo conta que os policiais estão na sede da Constran e na casa de um ex-funcionário da Seveng. Também estariam entre os alvos de busca e apreensão Odebrecht, Mendes Júnior e Queiroz Galvão. Ao todo são sete mandados de condução coercitiva e 44 de busca.

Leia também:

InfoMoney atualiza Carteira para fevereiro; confira

André Moraes diz o que gostaria de ter aprendido logo que começou na Bolsa

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.