Ibovespa salta 2,6% em dia de correção e fala do Fed; dólar desaba a menor nível do ano

Mercado avança após maior queda do índice à vista desde 2011; mercado de juros fica de olho em pressão do governo para BC reduzir a Selic

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em forte alta nesta quarta-feira (3), corrigindo boa parte das perdas do último pregão, quando a Bovespa caiu 4,9%, na pior sessão desde 2011. O índice chegou a amenizar ganhos no começo da tarde e quase zerou depois dos estoques de petróleo, que mostraram um aumento de 7,8 milhões nos barris. No entanto, a commodity voltou subir ao longo do pregão, e ainda mais do que antes, trazendo ânimo para as ações da Petrobras. Além disso, frase do presidente do Federal Reserve de Nova York, reduzindo a probabilidade de aumento dos juros, fortaleceu as bolsas. No cenário doméstico, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, teve reunião com representantes da Moody’s com um novo rebaixamento do rating brasileiro parecendo inevitável.

O benchmark da Bolsa brasileira subiu 2,57%, a 39.589 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 6,287 bilhões. Já o dólar comercial fechou em queda de 1,70% a R$ 3,9161 na compra e a R$ 3,9181 na venda, seu menor patamar no ano de 2016, enquanto o dólar futuro para março teve baixa de 2,38% a R$ 3,924.

Sobre o câmbio, uma notícia do Valor Pro mostrou que circula no mercado um rumor de que bancos públicos estão comprando NTN-As (Notas do Tesouro Nacional – Série A) no mercado secundário de títulos públicos e vendendo dólar à vista para zerar a posição. Com isso, eles estariam derrubando as cotações da moeda norte-americana. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O rumor seria baseado no fato de que um expressivo fluxo vendedor dos bancos públicos e também dos fundos de previdência estaria sendo percebido. Algo parecido foi feito nos últimos dias de janeiro, quando o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vendeu dólares nos últimos dias de janeiro ao se desfazer de posições atreladas ao câmbio para pagar as pedaladas fiscais. 

No entanto, para o gestor da Constância, Cassiano Leme, a principal razão para a queda do dólar hoje não é a negociação das NTN-As, mas a expectativa de que o Federal Reserve não eleve os juros nos Estados Unidos, depois da fala do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, de que as condições financeiras do país pioraram desde que o banco central dos EUA aumentou os juros em dezembro. Dudley também disse que o aperto nas condições financeiras pesará na próxima decisão do Fomc (Federal Open Market Committee).

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 caiu 7 pontos-base a 14,44%, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou 21 pontos-base a 15,74%. Pressionando os juros está a notícia de que o governo pressiona o Banco Central a cortar a Selic. Segundo o Estado de S. Paulo, a pressão de áreas importantes do governo vem aumentando, sobretudo diante de dados fracos da economia internacional. Não existe ordem para BC cortar juro, mas BC não pode viver isolado do que aconteceu com resto do governo, diz fonte ouvida pelo jornal. 

Continua depois da publicidade

Barbosa e Moody’s
A agenda do ministro da Fazenda foi agitada hoje. Barbosa se reuniu com o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, às 9h00, teve reunião da junta orçamentária às 10h00 e se encontroucom representantes da Moody’s às 12h00. Na terça-feira, representantes da missão da agência de classificação de risco conversaram na manhã com a alta cúpula do Banco Central sobre a situação econômica corrente do País e as perspectivas para o futuro, conforme informou a assessoria de imprensa da instituição. A agência é a única das três maiores do setor que ainda mantém o Brasil como grau de investimento.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 6,25, +3,82%; PETR4, R$ 4,51, +4,88%) avançaram hoje após caírem mais de 8%. No radar da estatal esteve a alta do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) subiu 8,40% a US$ 32,39, enquanto o barril do Brent disparou 7,34% a US$ 35,12.

Também no noticiário da petroleira está a notícia de que detentores de ações e títulos de dívida da Petrobras podem entrar com ações coletivas em um tribunal federal de Nova York, decidiu o juiz distrital Jed Rakoff, dos Estados Unidos. Rakoff certificou duas classes de investidores – a que adquiriu títulos de dívida da Petrobras em duas ofertas públicas, e outra que comprou ativos mobiliários entre janeiro de 2010 e julho de 2015. Os processos podem cobrir queixas de milhares de investidores da companhia em todo o mundo. Os acionistas alegam que Petrobras mentiu sobre esquema de suborno e esquema de propina que perdurou por anos e envolveu bilhões.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 BBDC3 BRADESCO ON EJ 20,20 +6,32 -1,29
 VALE5 VALE PNA 6,96 +5,94 -32,10
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 4,15 +5,60 -18,47
 ESTC3 ESTACIO PARTON 11,95 +5,57 -14,34
 ITSA4 ITAUSA PN 6,68 +5,20 -2,48

Também subiu hoje o papel do Itaú (ITUB4, R$ 24,21, +4,12%), que despencou 8,71% ontem após um resultado decepcionante no quarto trimestre de 2015. Independentemente do lucro recorde registrado no ano passado (de R$ 23,35 bilhões, ou 15,4% maior do que em 2014), o banco sofre com uma projeção nebulosa pela frente, de um salto de 40% na provisão para calotes e possível retração no crédito neste ano.

Ainda entre as altas estiveram as ações da Vale (VALE3, R$ 9,01, +4,77%; VALE5, R$ 6,96, +5,94%). Um trader de Xangai disse hoje que se o aço se firmar, ele não ficaria surpreso de ver minério de ferro ir a 50 dólares. O minério com entrega imediata no porto de Tianjin subiu 2,1%, para US$ 44 por tonelada nesta quarta-feira, maior nível desde 23 de novembro, quando a cotação atingiu US$ 44,20 por tonelada, segundo dados do The Steel Index (TSI).

A CSN (CSNA3, R$ 3,79, +0,53%) também subiu apesar de notícias negativas. A siderúrgica teve seu rating rebaixado de B+ para B- pela Fitch, com perspectiva negativa, alertando que a estrutura de capital da empresa é insustentável nas atuais condições de mercado. Segundo a agência, a venda de ativos será desafiadora, mas pode suprir a falta de fluxo de caixa entre 2016 e 2017. A agência citou ainda forte queda nos preços do minério de ferro que continuará colocando pressão sobre as operações de mineração da CSN. Apesar dos esforços do grupo para ampliar exportações de aço, a Fitch afirmou que o excesso de capacidade produtiva global do setor continuará a pesar sobre a indústria siderúrgica, resultando em limitada recuperação de preços domésticos e baixa lucratividade com as vendas externas.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 FIBR3 FIBRIA ON 38,79 -3,10 -25,25
 RUMO3 RUMO LOG ON 1,80 -2,70 -71,15
 QUAL3 QUALICORP ON 13,00 -2,62 -8,00
 CSAN3 COSAN ON 23,98 -2,52 -4,84
 CESP6 CESP PNB 12,60 -1,18 -5,97

Entre as quedas ficaram as ações de Fibria (FIBR3, R$ 38,79, -3,10%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,07, -0,57%). Exportadoras de papel e celulose, elas são prejudicas pela queda do dólar. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 18,71 +4,82 934,95M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 24,21 +4,13 548,47M
 PETR4 PETROBRAS PN 4,49 +4,42 324,11M
 CIEL3 CIELO ON 32,23 +3,30 259,53M
 VALE5 VALE PNA 6,96 +5,94 216,22M
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 18,10 +0,67 204,83M
 JBSS3 JBS ON 10,35 +2,88 177,14M
 BRFS3 BRF SA ON 49,35 +3,13 124,09M
 ITSA4 ITAUSA PN 6,68 +5,20 119,85M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 10,38 +1,76 114,58M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Carteira da InfoMoney bateu o Ibovespa em 8 pontos em janeiro: você já baixou a sua?

Dilma no Congresso
A presidente Dilma Rousseff entregou mensagem do Executivo ao Congresso Nacional nesta terça e foi recebida entre aplausos e vaias. Nos momentos mais tensos do discurso da presidente, ela foi vaiada ao pedir a aprovação da CPMF e da DRU.  “Para nós, a CPMF é provisória”, disse Dilma. “Os que são contrários dizem que a carga tributária tem crescido. Ao contrário, excluindo as contribuições previdenciárias, a arrecadação federal tem caído nos últimos anos”, afirmou a presidente, sendo vaiada novamente. A presidente pediu que os congressistas levem em conta a excepcionalidade do momento, e considerem os dados, e não opiniões, para a volta da Contribuição. A presidente foi recebida pelos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, no Salão Nobre. A presidente também foi recepcionada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e parlamentares presentes. 

TSE
A presidente Dilma e o seu vice, Michel Temer, foram notificados a apresentar defesa em até cinco dias no Tribunal Superior Eleitoral em ação de impugnação de mandato eletivo. O julgamento que ocorre no tribunal se refere a irregularidades no financiamento da campanha da chapa Dilma-Temer. 

Indicadores
Às 10h saiu o índice de atividade dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços no Brasil, que subiu a 44,4 em janeiro, de 43,5 pontos em dezembro, informou a Markit. Com isso, o índice composto, que leva em conta também o PMI industrial, avançou para 45,1 pontos, de 43,9 pontos, atingindo o maior nível em dez meses. O indicador, calculado pela consultoria internacional Markit, segue uma escala de zero a 100 pontos, sendo que graduações iguais ou maiores que 50 pontos são lidas como expansão da atividade, enquanto leituras abaixo desse valor são consideradas quedas. O indicador composto está abaixo de 50 pontos há 11 meses, a maior sequência desde o início da série, em 2007.

Já às 11h15 saiu o relatório ADP Employment que revela o número de postos de trabalho no setor privado nos EUA. O número de novas vagas cresceu 205 mil em janeiro, contra 190 mil esperados pela mediana das projeções dos economistas. Em dezembro foram criadas 257 mil novos postos segundo o mesmo relatório. 

Cenário externo
Após o dia majoritariamente de queda da véspera das bolsas mundiais, esta quarta voltou a ser um dia de baixa nas bolsas europeias, com o FTSE fechando em baixa de 1,44%, o DAX recuando 1,52% e o CAC 40 caindo 1,33%, refletindo a queda de ontem, que ocorreu quando os mercados europeus já estavam fechados. As bolsas norte-americanas, por sua vez, subiram perto de 1% com o aumento das chances de o Fed não subir juros em março.   

Já as bolsas asiáticas caíram, com destaque para o japonês Nikkei, que fechou em baixa de 3,15%. Hang Seng teve queda de 2,34%, enquanto Xangai registrou uma baixa menos acentuada, de 0,35%.

As perdas nos mercados vieram apesar dos dados da economia chinesa terem dado um alívio ao mercado. A atividade do setor de serviços do país expandiu no ritmo mais rápido em seis meses em janeiro, mostrou o PMI (Índice de Gerentes de Compras), ao subir para 52,4 em janeiro ante a mínima de 17 meses de 50,2 em dezembro. O aumento do índice foi o maior desde agosto de 2014.