Este é um bom motivo para ouvir o que Stuhlberger tem a dizer: ganho de 28,67% no ano

Em um ano de pessimismo com o Brasil, fundo gerido por Stuhlberger praticamente zerou sua exposição em ações brasileiras - mas sinaliza que pode voltar a apostar em papéis de qualidade este ano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Se você ainda não conhecia Luis Stuhlberger, talvez agora saiba porque ele é um dos investidores mais aclamados do Brasil e porque quando a carta mensal do Verde Asset é divulgada ao público, o mercado inteiro para suas atividades para ler o que está escrito.

O fundo multimercado Verde é o maior hedge fund não-americano do mundo e possui uma das melhores rentabilidades da história da indústria brasileira de fundos. Em 2015, o Verde Asset apresentou com ganhos de 28,67%, sendo mais que o dobro do seu “benchmark”, o CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), que rendeu 13,23% no ano passado.

Os ganhos do Verde ao longo do ano passado foram obtidos em um cenário de pessimismo com o Brasil. Já no primeiro mês de 2015, a equipe comandada por Stuhlberger mostrava preocupação especial com o câmbio (o dólar, aliás, fechou em alta de 48,5% em 2015). A equipe já apontava que o dólar era o “ativo com preço mais profundamente errado”.

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Em boa parte do ano, a sua análise foi clara, mesmo em momentos de maior otimismo geral com a situação brasileira: em abril, inclusive, o Verde Asset ressaltou que a onda de otimismo vista em ativos do Brasil era “temporária”, fazendo com que o fundo praticamente zerasse a sua exposição ao País. 

“Os ajustes virão dado os problemas persistentes de conta corrente, fiscal decepcionante e crescimento do País, o que dará conta de reverter isso ao longo dos meses seguintes”, afirmou o Verde na carta comentando o desempenho de abril, situação esta o que acabou sendo concretizado no final do ano. Déficit fiscal de cerca de 2% do PIB, expectativa de uma queda de 3,7% do PIB de 2015, País sendo rebaixado para “junk” por duas agências de classificação de risco (Standard & Poor’s e Fitch Ratings) corroboraram o cenário que fez o Fundo reduzir a sua exposição no Brasil a quase zero.

Desta forma, o Verde encerrou o “volátil e difícil” 2015 “com ganhos substanciais em moedas e renda fixa, enquanto o livro de ações teve uma pequena perda, vinda da parte brasileira”, recuperando-se de 2014. Naquele período, o fundo fechou o ano com rentabilidade acumulada de 8,80%, abaixo dos 10,81% do CDI: em 2014, afirmaram, as três previsões se mostraram corretas, mas a execução foi “sofrível”. 

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Entrevista ao NYT
Enquanto um dos maiores fundos multimercados do mundo pode comemorar o seu bom desempenho no mercado, as preocupações sobre o Brasil estão no dia-a-dia de Luis Stuhlberger. Em entrevista de novembro para o jornal The New York Times, o gestor apontou para ver problemas mais profundos do que uma crise política e os preços baixos das commodities. “O país não está financeiramente viável”, ele disse. “O governo tem tentado construir uma democracia social europeia no terceiro mundo. Os números não batem”. E completou: “terá que haver uma crise mais profunda antes da população aceitar cortes em gastos sociais”.

Na entrevista, ele ainda ressaltou que havia muito poucas oportunidades no Brasil para um fundo do tamanho do Verde investir totalmente no País, o que dá uma boa sinalização sobre a situação para os investidores do Brasil: o Verde só apresentou queda em 2008, quando perdeu 6%, durante a crise financeira global.

Apesar da derrocada da economia, Stuhlberger disse ao NYT que adora viver no Brasil: “as pessoas são incrivelmente talentosas, e o perfil brasileiro é ajudar uns aos outros. Não há a crueldade que você vê nos EUA. Aqui, você pode ser amigo de seus concorrentes. ”

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Se na entrevista ao jornal americano ele disse que estava olhando fora do Brasil para procurar investimentos mas, já no relatório comentando o desempenho de 2015, Stuhlberger deu algum sinal de que pode voltar a apostar no Brasil: “a queda na bolsa brasileira permite lentamente acumular posições em empresas de qualidade a múltiplos atrativos”, afirmou. Como sempre, vale ficar de olho no que ele tem a dizer. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.