“Trio da celulose” dispara 60% em 2015; outras 9 ações sobem mais de 20%

Ainda entre as maiores altas, a Braskem conseguiu superar os grandes problemas do ano, enquanto as companhias farmacêuticas "ignoraram" a crise econômica

Rodrigo Tolotti

Setor de papel e celulose (Shutterstock)

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SÃO PAULO – O ano chega ao fim de forma bastante negativa para o Ibovespa, que caminha para fechar 2015 com perdas na casa dos 12%. Das 63 ações que terminam estes 12 meses dentro do índice, apenas 12 conseguiram ter ganhos de mais de 20% – conforme dados do penúltimo pregão do ano, ocorrido na terça-feira (29) -, mas 5 empresas em especial viram seus papéis terem ganhos acumulados superiores a 40%, ignorando completamente o complicado cenário que se instalou no mercado neste ano.

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Se 2015 foi um ano turbulento para praticamente todo o mercado, as companhais de papel e celulose não correram nenhum risco, passando pelo período de forma mais “tranquila” que outros papéis. Isso ocorreu principalmente por um fator específico: o dólar. Das três empresas do setor na Bolsa, duas possuem um perfil altamente exportador, ou seja, com a moeda americana subindo de R$ 2,6562 para R$ 3,8769 neste ano – o que corresponde a uma alta acumulada na casa dos 46% -, estas companhias viram suas receitas serem muito favorecidas.

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Neste cenário, Fibria (FIBR3, R$ 50,41, +66,55%) e Suzano (SUZB5, R$ 18,21, +64,20%) foram as mais favorecidas do mercado. A Klabin (KLBN11, R$ 22,87, +58,56%), apesar de ter uma parte maior de seu negócio voltado para o mercado interno, não deixa de se favorecer em um ambiente onde a celulose – diferente de outras commodities – não sofreu uma derrocada. Pelo contrário, com algumas elevações de preços durante o ano.

No caso da Klabin, há ainda o efeito positivo do Projeto Puma, no Paraná. Previsto para ser concluído em 2016, esta nova fábrica deve dobrar o tamanho da companhia, com uma capacidade de produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano. O projeto, que será autossuficiente em energia, é o maior da história da empresa.

A Fibria também apresentou sua grande novidade neste ano, com o Projeto Horizonte 2, em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Esta unidade se tornará um dos maiores sites de produção de celulose do mundo e deve consolidar a Fibria como a maior produtora mundial de celulose de eucalipto, com capacidade total de 7 milhões de toneladas por ano.

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Braskem supera os problemas
Outro destaque de alta do ano não teve ganhos de forma tão tranquila como as empresas de papel e celulose. A Braskem (BRKM5, R$ 28,89, +73,82%) sofreu bastante, principalmente no primeiro semestre, após ser citada nas investigações da Operação Lava Jato e passar a ter problemas em relação aos seus contratos de nafta com a Petrobras. Para se ter uma ideia, após cair 33% em cerca de 9 meses (entre novembro de 2014 e agosto deste ano), os papéis viraram completamente e subiram 55% em apenas 8 semanas com o otimismo dos investidores de que estes problemas seriam resolvidos.

Analistas do Morgan Stanley, comentaram em setembro que a empresa é beneficiada pela queda do petróleo, já que gera um elevado spread para os preços da nafta, enquanto o dólar mais alto favorece a empresa que tem praticamente toda sua receita na moeda americana e entre 20% a 30% dos seus custos em real. Cada centavo de desvalorização do real gera um aumento de R$ 40 milhões no Ebitda da companhia, segundo as estimativas dos analistas.

Veja mais: Siderúrgicas lideram perdas em 2015 e 5 ações desabam mais de 60% no ano 

Raia Drogasil
Enquanto a crise bate no setor de varejo, a rede de farmácias Raia Drogasil (RADL3, R$ 36,24, +45,26%)segue mostrando uma ótima execução de seu negócio, expandindo cada vez mais suas lojas e chamando atenção do mercado. Além de ter lojas bem distribuídas, a empresa segue um rigor de formato em seus estabelecimentos – o que favorece a distribuição de seus produtos e ajuda nas vendas.

Recentemente, a companhia elevou guidance para 2016 e 2017, esperando abrir 165 e 195 lojas, respectivamente. Para os analistas do Credit Suisse, a aceleração da abertura de lojas é positiva para a companhia, já que isso reforça a boa execução da empresa, oportunidade de crescimento no segmento de farmácia e a forte geração de caixa. “Enquanto a maioria dos varejistas estão cortando suas projeções de crescimento, o anúncio da Raia Drogasil é também um claro sinal de confiança do management e dos controladores”, disseram em relatório.

Hypermarcas
A companhia não chamou tanta atenção durante o ano, mas uma notícia específica no início de novembro fez toda a diferença para o desempenho da Hypermarcas (HYPE3, R$ 21,76, +30,69%) em 2015. A companhia vendeu seu segmento de cosméticos para a francesa Coty Inc. por R$ 3,8 bilhões. O acordo foi chamado de “jogada de mestre” pelos analistas do Credit Suisse, que, junto com diversas outras casas de análise, elevaram suas recomendações para a companhia.

Os analistas explicaram que a venda não só agrega valor à empresa, mas também praticamente elimina seu endividamento. Os elevados níveis de alavancagem têm sido uma das principais razões que impedem a Hypermarcas de publicar geração de fluxo de caixa mais forte nos últimos anos. Assim, o acordo permitirá à companhia limpar seu balanço, enquanto espera ver a empresa como um player no setor farmacêutico com geração de fluxo de caixa estável.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.