Ação sobe 40% na China e até dólar é afetado com mudança na lei de filho único

Efeitos foram sentidos fora do país, com a moeda da Nova Zelândia subindo 1% com a nova política chinesa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Para muitas pessoas no mundo, a notícia não mudou muita coisa, mas na última quinta-feira (29) a China anunciou o fim de uma política que já durava 35 anos no país. Até ontem, os casais chineses podiam ter apenas um filho, o que muda a partir de agora, com a possibilidade de poderem ter até dois filhos. A notícia fez muita companhia nas bolsas asiáticas subirem forte.

Com essa mudança de política, os investidores estão apostando em um grande “boom” nas vendas de empresas com negócios voltados para bebês ou relacionadas com crianças. Os efeitos foram sentidos até mesmo fora da China, com companhias do Japão e até da Nova Zelândia sendo favorecidas.

Em relatório, os analistas do Credit Suisse projetaram que este relaxamento no controle de natalidade pode resultar em um aumento de 3 a 6 milhões de bebês anualmente por um período de cinco anos se iniciando em 2017. Atualmente, a China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 bilhão de habitantes, e aproximadamente 16,5 milhões de nascimentos por ano.

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O relatório do banco estima um custo anual para se criar um filho em 40 mil yuans (cerca de US$ 6.330). Com isso, os nascimentos extras se traduziriam em um entre 120 e 240 bilhões de yuans (US$ 19 a US$ 38 bilhões), o que representa de 4% a 6% do total de vendas no varejo do país.

Empresas comemoram
Um dos maiores favorecidos nos mercados financeiros asiáticos foi a China Child Care Corp., que faz produtos de cuidados para o cabelo e pele de crianças. A companhia viu seus papéis saltarem incríveis 40% na bolsa de Hong Kong. Enquanto isso, a fabricante de vitaminas para bebês Beingmate Baby & Child Food disparou 10%.

As empresas japonesas também estavam entre as beneficiadas, com a fabricante de mamadeiras Pigeon Corp. subindo 10,7%, enquanto a Unicharm Corp e a Kao Corp., que fazem fraldas, subiram cerca de 4% cada uma em Tóquio. Na Nova Zelândia, o local do dólar saltou 1%, para US$ 0,6772. O país é um grande exportador de lácteos e de leite em pó para a China, o que acaba beneficiando seu negócio com a novidade.

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Algumas ações chinesas chegaram a disparar ainda antes do anúncio oficial. Ontem os papéis da fabricante de carrinhos, berços e cadeirinhas para carro dispararam 7,4%, acelerando os ganhos com alta de 2,3% nesta sexta-feira.

Algumas multinacionais europeias também tiveram efeitos, que analistas não souberam calcular exatamente por conta da falta de dados da importância do mercado chinês em seus negócios. Na França, as ações da Danone (que tem iogurtes entre os produtos de seu portfólio) se valorizavam em 1,52%, enquanto nos Estados Unidos, a Mead Johnson Nutrition, de nutrição infantil, tinha alta de 3,52%, e a Synutra International (de fórmulas infantis e outros itens) subia 8,17%.

Mas nem tudo foi alegria com a grande mudança na China. A fabricante japonesa de preservativos Okamoto Industries, umas das maiores fornecedoras do mercado asiático, desabaram 10% após o governo chinês liberar as famílias a terem dois filhos.

Impactos futuros
Segundo o relatório do Credit, algumas companhias terão fortes ganhos de vendas nos próximos anos com o aumento de crianças na China. As empresas de leite em pó Yili e Mengniu, por exemplo, devem registrar um ganho em vendas de 15% em 2017, o que representa uma melhora nos resultados destas empresas de 3,8% e 2,4%, respectivamente.

Já a fabricante de roupas infantis Anta também deve ter uma melhora de 15% em suas vendas daqui dois anos, o que representa um aumento nos lucros de 3,8%. Por fim, o banco cita a Hengan, que fabrica fraldas, com uma melhora de 1,8% em seu resultado e um avanço de 15% nas vendas de fraldas.

Para os analistas não há um cronograma preciso, mas dados históricos mostram que vai demorar pelo menos três meses para que as principais províncias chinesas apliquem esta nova política plenamente. Com isso, o impacto mais direto deve ocorrer apenas a partir de 2017.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.