Ibovespa recua com fala de Fischer e queda de bancos e blue chip ligada à commodities

Índice opera no negativo após rali recente em meio a piora dos dados da economia e puxado por queda de bancos e Vale

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – Ibovespa acelera perdas nesta sexta-feira (28), em um pregão negativo em que o setor financeiro tem queda depois do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro vir mais fraco no segundo trimestre de 2015. Retorno das expectativas de aumento dos juros do Federal Reserve este ano também ajuda a azedar o pregão. No radar político, a proposta de recriação da CPMF, com alíquota de 0,38%, enfrenta resistência de empresários e grupos políticos, mas pode trazer uma arrecadação de R$ 70 bilhões. Do lado internacional, as bolsas europeias e os índices Dow Jones e S&P 500 registram perdas em movimento de correção após rali recente. 

Às 15h47 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira operava em queda de 1,25% a 47.118 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial operava em leve alta de 0,87% a R$ 3,5838 na venda. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subia 17 pontos-base para 14,02% ao passo que o DI para janeiro de 2021 tinha alta de 10 pbs a 13,81%. 

O PIB brasileiro teve queda de 1,9% no segundo trimestre de 2015 na comparação com o primeiro trimestre de 2015, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na base de comparação anual, a queda foi de 2,6%. O PIB, no 1º semestre de 2015, apresentou queda de 2,1%, em relação a igual período de 2014, seguindo a variação negativa de 0,4% no semestre encerrado em dezembro de 2014. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Foi divulgado também o resultado primário consolidado do setor público, que também foi mais fraco do que o previsto. O setor público brasileiro teve déficit primário de R$ 10,019 bilhões em julho, informou o Banco Central nesta sexta, acumulando em 12 meses rombo primário equivalente a 0,89% do Produto Interno Bruto (PIB), o pior da série histórica do BC. Em pesquisa Reuters, analistas estimavam saldo negativo de R$ 7,2 bilhões para o mês passado.

Segundo o trader da H. Commcor, Ari Santos, o mercado hoje tem um movimento de realização depois das altas dos últimos três dias, que formaram a melhor sequência do Ibovespa desde dezembro de 2014. Os dados econômicos, para ele, por pior que tenham vindo já eram de certa forma esperados, de modo que a volatilidade do petróleo e a valorização do minério foram bastantes para que algumas blue chips virassem e reduzissem as perdas da Bolsa. 

No cenário político doméstico, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que se o ministro da Fazenda não tiver a competência para encontrar outros caminhos para resolver a questão econômica brasileira, a não ser o aumento dos impostos, é melhor ele “arrumar as malas e voltar para casa”. 

Continua depois da publicidade

Jackson Hole
Lá fora, durante o simpósio de Jackson Hole, no qual membros do Fed se reúnem para discutir sobre política monetária e inflação, o vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, disse que uma elevação dos juros em setembro ainda é possível. Na mesma linha, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, acenou para um aumento das taxas de juros nos Estados Unidos em setembro. “Eu quero usar o tempo entre agora e a reunião do Fomc [Federal Open Market Committee] de setembro para avaliar toda a informação econômica que está chegando, incluindo a recente volatilidade nos mercados e os motivos por trás dela”, disse Mester.

“Mas isso até agora não mudou a minha perspectiva básica de que a economia dos EUA está sólida e isso pode embasar um aumento de juros”, concluiu. O presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, também está em Jackson Hole. 

Destaques de ações
Em destaque, os bancos recuam depois de subir cerca de 3% na véspera, com o Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 27,52, -2,89%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 18,75, -2,50%) e Bradesco (BBDC3, R$ 26,35, -2,41%BBDC4, R$ 23,95, -2,92%) mostrando volatilidade. O setor financeiro é o mais pesado do Ibovespa, respondendo por 22% do índice se levarmos em conta só os bancos, sem as empresas de seguros e outras instituições financeiras. 

O dia chegou a ser de alta para a Vale (VALE3, R$ 17,36, 1,87%VALE5, R$ 13,58, -1,02%), mas as ações viraram para queda. Hoje, o preço do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, registrou ganhos de 3,91%, a US$ 56,04 a tonelada. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CPFE3 CPFL ENERGIA ON 15,86 -4,34 -11,48 18,42M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 43,47 -3,93 -7,28 19,53M
 KROT3 KROTON ON 8,81 -3,72 -42,51 61,50M
 CESP6 CESP PNB 15,87 -3,53 -25,84 7,13M
 NATU3 NATURA ON 23,06 -3,11 -23,44 12,10M

Das 66 ações do índice, apenas 11 operam fora de queda e entre elas estão as ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,21, +0,49%PETR4, R$ 8,89, 0,00%), que viravam para alta. Lá fora, o petróleo sobe 5,72% o barril do Brent a US$ 50,28.

Ainda no radar da estatal, o Ministério Público da Suíça relevou hoje que abriu novas investigações sobre caso de corrupção na companhia. Segundo o Valor, as autoridades suíças confirmaram que, com base nas constatações feitas até agora, suspeitam que companhias do grupo Odebrecht pagaram suborno por meio de contas naquele país para antigos diretores da estatal que também possuíam contas em bancos locais.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLE3 SMILES ON 49,01 +3,51 +10,52 24,45M
 ESTC3 ESTACIO PART ON 12,94 +1,57 -44,71 20,00M
 PETR3 PETROBRAS ON 10,29 +1,28 +7,30 254,37M
 RENT3 LOCALIZA ON 24,12 +0,88 -31,43 23,73M
 PETR4 PETROBRAS PN 8,93 +0,45 -10,88 539,34M
* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Entre as altas também estavam as ações da educacional Estácio (ESTC3, R$ 12,94, +1,57%). No noticiário das educacionais, o Ministério da Educação (MEC) está analisando a aplicação de um reajuste de 8,5% nas mensalidades pagas com Fies ­ o financiamento estudantil do governo ­ no próximo ano.

Esse foi o aumento autorizado às instituições de ensino que entraram com ações judiciais contra o reajuste de 6,41% estipulado pelo governo. “Ainda estamos estudando, mas o percentual de 8,5% é aceitável porque agora tem o desconto de 5% e não fica um aumento tão pesado”, disse ontem Luiz Cláudio Costa, secretário­executivo do MEC, durante seminário sobre educação. Segundo relatório da equipe de análise da XP Investimentos, a partir deste segundo semestre, as escolas são obrigadas a dar um abatimento de pelo menos 5% nas mensalidades subsidiadas pelo financiamento do governo.

Cenário externo
Os mercados asiáticos deram continuidade a um rali global que já dura dois dias nesta sexta-feira, com dados positivos sobre o crescimento econômico dos Estados Unidos acalmando os nervos depois da forte queda das ações da região no começo da semana.

“A sessão asiática encarou com bons olhos as notícias sobre os mercados de ações nos EUA e commodities”, disse o analista de mercados Angus Nicholson, da IG, em nota a clientes. “Ruídos positivos na economia norte-americana provavelmente vão ajudar os mercados no começo da semana que vem”.

Wall Street teve forte alta na sessão anterior graças aos dados revisados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nos EUA, que mostraram que a economia cresceu mais rapidamente do que se pensava antes no segundo trimestre — um sinal tranquilizador em meio a preocupações acerca dos problemas econômicos cada vez mais profundos na China.

Já nas bolsas europeias e no mercado futuro de Wall Street, o cenário é de maior cautela após o rali da véspera. As bolsas do continente operam entre leves perdas e ganhos. 

Entre os dados econômicos da Europa, o Índice de Confiança Econômica atingiu a marca de 104,2 em agosto, a mais alta desde junho de 2011. Este indicador monitora a confiança dos consumidores e dos principais setores econômicos. Do lado da oferta, o destaque foi a confiança dos empresários do setor de serviços, que atingiu o seu patamar mais alto dos últimos quatro anos. Junto aos consumidores, o seu indicador voltou a se recuperar na margem, após cinco meses de queda.