Acionistas evitam “cilada” em small cap e ação segue valendo centavos

A possibilidade de venda também traz um efeito subsequente nos preços, que costumam cair em meio à maior liquidez. Desta forma, os grupamentos mostram-se mais prejudiciais do que benéficos à maioria dos acionistas

Marcos Mortari

Publicidade

* Ao contrário do que foi previamente informado por esta matéria, a Minupar não é a dona da marca Minuano, que pertence à Flora, controlada da J&F Investimentos.

SÃO PAULO – O mercado está repleto de exemplos de histórias negativas para os acionistas minoritários de empresas cujas ações valem centavos em que foi decidido realizar grupamento de papéis. Nesta sexta-feira (24), no entanto, parece que os pequenos investidores escaparam de novas diluições de capital com a frustrada tentativa da diretoria da Minupar (MNPR3) fazer um grupamento de 50 ações para 1. Ao contrário do que o mercado esperava com a convocação de assembleia geral extraordinária, a maioria dos sócios da companhia vetou a proposta.

Se o grupamento fosse aprovado, as ações MNPR3 abririam nesta sexta-feira valendo R$ 3,50. No entanto, os papéis iniciaram a sessão nos mesmos R$ 0,07 do fechamento do dia anterior – o que pode ser lido como uma conquista à categoria mais vulnerável de investidor. Conforme a larga maioria das experiências de grupamento mostram, operações envolvendo penny stocks (isto é, ação que valem centavos) com o objetivo de elevar o preço dos papéis normalmente expõem uma janela de oportunidade de venda que os ativos não tinham – devido ao número reduzido de negociações.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A possibilidade de venda também traz um efeito subsequente nos preços, que costumam cair em meio à maior liquidez. Desta forma, a operação mostra-se mais prejudicial do que benéfica à maioria dos acionistas, já que nem todos conseguem se desfazer do papel ou talvez – o que é menos provável – não estariam interessados em tal. A manutenção das ações valendo poucos centavos mitiga seu potencial de queda, já que não existe possibilidade de custar menos de R$ 0,01.

Para explicar isso melhor é só pensar em como funciona um grupamento. O preço da ação nestas situações não foi elevado porque mais pessoas decidiram comprar e ela se valorizou, mas sim porque o preço sofreu um ajuste para cima devido à diminuição de papéis existentes no capital social. Isso significa que o mercado pode olhar para os fundamentos daquela empresa como endividamento, fluxo de caixa, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), etc. e enxergá-la como “cara” no patamar pós-grupamento. Com isso, surge uma pressão vendedora, já que o investidor não vai querer ter em suas mãos um papel sobrevalorizado.

A consequência direta deste cenário é que os papéis que quase não tinham mais para onde cair quando a ação valia perto de 1 centavo, abriram um espaço enorme para desvalorização. Tivemos exemplos recentes que reforçam esse cenário: a JB Duarte (JBDU4), Metalgráfica Iguaçu (MTIG4) cumpriram a profecia e tiveram fortes quedas depois de agruparem seus papéis nas proporções de 100 para 1 e 50 para 1, respectivamente.

Continua depois da publicidade

A Minupar possui 710 milhões de ações, que têm registrado volume menor do que 100 negócios diários nos últimos meses. Entre os principais acionistas da companhia, destaque para Serra Do Roncador Participações, com 24,22% sobre seu capital social, Chao En Ming, com 9,65%, Chao En H V Oliveira, com 4,94% e Livia Toshie Suguita Chao, com 4,15%. Os dados são do site da BM&FBovespa.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.