Dólar mais alto bate em siderúrgicas e alavancagem sobe

"Estamos atentos ao nível de alavancagem. Estamos trabalhando para uma redução gradual e temos diversas frentes que estão em andamento", explicou o diretor executivo de RI da CSN, David Salama, a analistas durante teleconferência na semana passada

Estadão Conteúdo

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As siderúrgicas viram suas dívidas aumentarem por conta da desvalorização do real em relação ao dólar nos três primeiros meses do ano e, ao mesmo tempo, observaram um recuo da geração de caixa, diante de um cenário de baixa demanda de aço no mercado. O resultado foi um salto na alavancagem, indicador que mostra a capacidade das companhias em pagar suas dívidas. No caso da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a alavancagem, medida pela razão dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no primeiro trimestre do ano atingiu 4,76 vezes, ante um indicador de 4 vezes do último trimestre do ano passado e de 2,7 vezes dos três primeiros meses do ano.

“Estamos atentos ao nível de alavancagem. Estamos trabalhando para uma redução gradual e temos diversas frentes que estão em andamento”, explicou o diretor executivo de Relações Investidores da CSN (CSNA3), David Salama, a analistas durante teleconferência na semana passada. Gustavo Henrique Santos de Sousa, diretor executivo de Controladoria, disse, na mesma ocasião, que a CSN está conversando com bancos e investidores de dívida para “fazer um esforço de rolagem”. “Estamos confiantes que a dívida será adequadamente equilibrada”, disse.

Os níveis de alavancagem da CSN segue como um dos principais pontos de cautela, segundo relatório do BTG Pactual. “Enquanto o senso de urgência da administração para ‘corrigir’ o balanço é reconfortante, nós ainda relutamos e nos esforçamos para ver como essa tendência preocupante se reverterá no curto prazo”, segundo os analistas Leonardo Correa e Caio Ribeiro, que assinam o documento enviado ao mercado.

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Já a Gerdau (GGBR4) viu esse indicador subir para 3,2 vezes no primeiro trimestre do ano, ante um indicador de 2,5 vezes um ano antes. Ao fim de 2014 a alavancagem da companhia gaúcha estava em 2,4 vezes. Deveremos trabalhar com níveis mais próximos de 2,5 vezes. Temos esforços na área de capital de giro e entendemos que iremos conseguir reportar números melhores”, disse o vice-presidente de Relações com Investidores da Gerdau, Andre Pires, em teleconferência com analistas e investidores.

Segundo ele, a companhia continua olhando oportunidades de levantar caixa, como, por exemplo, com a venda de ativos. “Não há planos, mas estamos atentos às oportunidades”, destacou.

A alavancagem da Usiminas (USIM5) passou para 2,9 vezes no período analisado, ante um indicador em 2,1 vezes no último trimestre do ano passado e de 1,7 vez no mesmo período do ano anterior. “Não há qualquer sinal de que quebraremos os covenants de dívida líquida no próximo período de observação, que é junho”, disse o diretor vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da siderúrgica mineira, Ronald Seckelmann.

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Do lado operacional, as siderúrgicas trabalharam para ampliar a eficiência, com corte de despesas, por exemplo, e tentaram ganhar espaço dos produtos importados ou ampliar vendas no exterior.

A estratégia da Usiminas será compensar essa queda das vendas no mercado local com exportações, de modo que os volumes vendidos sigam estáveis em relação aos dois trimestres anteriores. “Estamos percebendo que a economia brasileira continua apresentando sinais de enfraquecimento”, destacou o diretor vice-presidente comercial da Usiminas, Sérgio Leite, também em teleconferência. No primeiro trimestre do ano as vendas de aço pela Usiminas, no comparativo anual, caíram 12,6%.

Já o diretor executivo da área comercial de siderurgia da CSN, Fernando Barbosa Martinez, disse ainda que a companhia vem conseguindo agregar mais valor às vendas de aço feitas a partir da unidade da CSN nos Estados Unidos. “Nós deslocamos volume aos Estados Unidos e atuamos como players no mercado local”, explicou.

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O presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, disse que alguma melhora na demanda de aço no Brasil deverá acontecer no segundo semestre do ano, mas “nada muito grande” já que o ano é de ajustes. “Estamos tendo juros altos, limitação de crédito o que leva a menos investimentos e isso passa pela construção civil, setor automobilístico, máquinas em geral. O cenário acompanha o PIB que tem projeções de queda entre 1% e 1,5%”, afirmou o executivo.