Resultado de BRF, Smiles e mais 2 empresas e multas da CVM agitam a noite

Confira os principais destaques da noite desta terça-feira (28)

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de uma noite mais tranquila no noticiário corporativo, o after market desta terça-feira (28) segue com destaque na temporada de resultados do primeiro trimestre deste ano, com os balanços de BRF e Smiles, por exemplo. Confira abaixo os principais destaques da noite:

BRF
A empresa de alimentos BRF (BRFS3) divulgou, nesta terça-feira, 28, uma alta de 42,8% no lucro líquido, que passou de R$ 323 milhões no primeiro trimestre de 2014 para R$ 462 milhões de janeiro a março deste ano. Ante o quatro trimestre de 2014, houve queda de 53,4%.

Os resultados consideram somente as operações continuadas, sem a atividade de lácteos, cuja venda foi anunciada em dezembro do ano passado e ainda não foi finalizada. Já a receita líquida da companhia ficou em R$ 7,048 bilhões, alta de 5,1% na comparação com R$ 6,707 bilhões do primeiro trimestre de 2014 e recuo de 12,4% frente ao quarto trimestre.

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A geração de caixa medida pelo Ebitda subiu 11,2%, passando para R$ 951 milhões. Ante o quarto trimestre, o Ebitda diminuiu 46%. A margem Ebitda dos três primeiros meses de 2015 foi de 13,5% ante 12,8% do mesmo período do ano passado e 21,9% do quarto trimestre.

Smiles
A Smiles (SMLE3), rede de fidelidade da Gol, teve lucro líquido de R$ 69,6 milhões no primeiro trimestre, queda de 11% na comparação anual, disse a empresa nesta terça-feira em resultado que mostra aumentos de dois dígitos em custos com serviços prestados e despesas operacionais.

O recuo no lucro ocorreu apesar de um crescimento de 30,8% na receita líquida, a R$ 246 milhões. A empresa divulgou alta de 32,8% no custo com serviços prestados, a R$ 131,7 milhões, enquanto as despesas operacionais, incluindo comerciais e administrativas, subiram 44,8%, a R$ 27,9 milhões.

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Segundo a Smiles, o resultado no período teve impacto do efeito da nova estrutura de capital em abril do ano passado, em que foi realizada uma redução de capital de R$ 1 bilhão. O acúmulo de milhas entre janeiro e março cresceu 36% a ano, enquanto o resgate aumentou 13,4% na mesma base.

A companhia encerrou o trimestre com 10,5 milhões de participantes de seus programas de fidelidade, aumento de 6,3% sobre o mesmo período do ano passado. Apesar da queda no resultado líquido, a Smiles teve alta de cerca de 24% no lucro operacional do trimestre passado, para R$ 85 milhões.

BR Malls
A empresa de shoppings BR Malls (BRML3) registrou leve crescimento de 0,4% no volume consolidado de vendas no primeiro trimestre na comparação com o mesmo intervalo de 2014, para R$ 5,1 bilhões.

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Considerando a exclusão dos shoppings vendidos — Shopping Ilha Plaza, Iguatemi Belém, Metro Tatuapé, Big Shopping, Mueller e Fashion Mall —, o crescimento das vendas totais seria de 7,6%, devido à menor base de comparação.

O indicador de vendas mesmas lojas cresceu 5,9% no trimestre. No primeiro trimestre de 2014, a companhia havia registrado crescimento de 7,6%. A BR Malls encerrou o trimestre com taxa de ocupação de 97,2%, abaixo dos 97,6% do primeiro trimestre de 2014.

Indústrias Romi
A Indústrias Romi (ROMI3) teve prejuízo de R$ 1,773 milhão no primeiro trimestre. No mesmo intervalo do ano anterior, havia registrado lucro de R$ 2,951 milhões. A receita de venda de bens e serviços caiu 19,7% no período, para R$ 120,9 milhões. Essa queda é explicada pela redução da demanda da indústria no mercado brasileiro, segundo a companhia.

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O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi negativo em R$ 1,1 milhão, após um resultado positivo de R$ 12,6 milhões nos primeiros três meses de 2014.

Amil
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou o ex-advogado das empresas do Grupo Amil Héquel Pampuri Osório a pagar multa de R$ 122,3 mil por uso de informação privilegiada na negociação de ações da companhia. A pena é correspondente ao triplo do lucro obtido com as operações.

O órgão regulador do mercado de capitais detectou uma elevação suspeita dos papéis da Amil na bolsa pouco antes da divulgação da associação entre a operadora de planos de saúde brasileira e a norte-americana UnitedHealth, em 8 de outubro de 2012.

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Os papéis da Amil tiveram valorização de 20,48% do dia 12 de setembro até 5 de outubro, primeiro dia útil anterior à divulgação do negócio com a parceira norte-americana. Diante dessa alta repentina surgiram as suspeitas de uso indevido de informação privilegiada.

Ao analisar as operações realizadas pouco antes da publicação do fato relevante sobre o negócio, a CVM identificou Maria Alice Pampuri Osorio, mãe do advogado, entre os investidores que adquiriram ações da companhia. Procurador de Maria Alice, Osorio foi responsabilizado por negociar ações em nome de sua mãe. No dia 5 de outubro ela comprou 8 mil ações AMIL3, única aquisição do papel nos 34 meses anteriores analisados. O advogado deixou a Amil em janeiro de 2013 após três anos no grupo.

A Amil negou em depoimento à CVM que Osorio tenha participado das negociações com a UnitedHealth. Já o advogado afirmou que o investimento foi baseado em relatórios de analistas de mercado e que pelas análises gráfica e fundamentalista a operação de compra do ativo era perfeitamente factível e promissora. Osório ainda poderá recorrer ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

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Telebras
O ex-diretor presidente e de Relações com Investidores da Telebras (TELB4), Jorge da Motta e Silva, foi multado em R$ 100 mil pela CVM. O executivo foi acusado por não ter questionado a União Federal, controladora da empresa, sobre notícias publicadas em novembro de 2007 acerca da reativação da Telebras para viabilizar o Programa de Inclusão Digital e Universalização da Banda Larga.

No mesmo processo o acionista Francisco Couto Alvarez foi condenado a pagar R$ 70 mil por deixar de comunicar ao mercado a aquisição de participação relevante – superior a 5% – na companhia entre novembro de 2007 e janeiro de 2008.

Em novembro de 2007 o então ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, e à Folha de São Paulo que uma das possibilidades para o PNBL seria ressuscitar a Telebras, privatizada em 1998. De acordo com as reportagens, o presidente da Telebras declarou que à época que a companhia estava pronta para a função e que essa seria uma forma de realizar uma reparação tardia à empresa.

A notícia gerou movimentação atípica dos papéis da companhia na Bovespa, que pediu esclarecimentos a Silva. A Instrução 358/2002 da CVM exige que o diretor de RI de companhia aberta “deverá inquirir as pessoas com acesso a atos ou fatos relevantes, com o objetivo de averiguar se estas têm conhecimento de informações que devam ser divulgadas ao mercado”.

Em 21 de dezembro de 2007 o governo anunciou a capitalização da Telebras para restabelecer seu equilíbrio econômico e realizar investimentos na operacionalização do Programa Nacional de Banda Larga.

A CVM entendeu que o executivo foi omisso em relação às declarações do ministro, já que ficou comprovado que havia um mudança em curso. Jorge Motta da Silva já havia sido advertido pela mesma infração em 2009.

Em meio às notícias de reativação da Telebras, Francisco Couto Alvarez fez uma série de aquisições de ações preferenciais da companhia. Ele atingiu uma participação superior a 5% na empresa entre novembro de 2007 e janeiro de 2008, quando vendeu parte de seus papéis e passou a ter 4,66%.

O acionista alegou que desconhecia ter atingido essa participação, que não conhecia essa exigência legal e que fez a compra dos papéis motivado pelas declarações do ministro. A CVM considerou que ninguém pode alegar o desconhecimento da lei e optou pela condenação.

Ambos ainda podem recorrer ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.